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Uma tarde no Museu: crianças visitam a exposição Linguagens
Publicada em 06/05/2022, às 12h00
Por Brunella França, com edição de Andreza Lopes
A imersão nos espaços expositivos, nos aparelhos culturais da cidade de Vitória, possibilitam uma importante conexão entre a unidade de ensino e a aprendizagem das criança, uma vez que o contato com esses espaços e lugares de arte proporcionam experiências significativas para a aprendizagem, não somente no contexto da Arte, mas também no campo da preservação dos bens culturais da cidade, de preservar a memória e os sujeitos que fazem parte desse processo e seus artistas, através das marcas e presenças étnicas e culturais.
As crianças do grupo 6 do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Anísio Spínola Teixeira, em Resistência, viveram a experiência de uma tarde no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes), em visita à exposição "LINGUAGENS: Dionísio | Samú", com obras de Dionísio Del Santo, artista que dá nome ao Museu, e Raphael Samú.
A proposta da atividade foi da professora dinamizadora de Arte Danuza Bricio, pela necessidade de proporcionar às crianças uma experiência lúdica e ao mesmo tempo inusitada da percepção de si mesmas diante da Arte, da fotografia, bem como outras possibilidades de criarem cartografias de memória e de autoimagem de si próprias, compreendendo novas narrativas de si e até do outro, através da compreensão do olhar do artista e da materialidade proposta na exposição, além de outras linguagens e códigos que não somente o do desenho ou da pintura.
"A atividade foi pensada como uma alternativa que proporcionasse às criança uma olhar mais sensível e sensibilizado dos retratos na Arte e como os artistas pensam nessa construção da imagem. As crianças do grupo 6 já denotam um amadurecimento simbólico de compreensão das imagens ofertadas, mas as tratam e percebem algo que pode ser sempre transformado ou modificado no ambiente que as cerca, trazendo suas experiências pessoais e culturais para o chão da sala de aula", destacou Danuza Bricio.
Atividade conquistou as crianças
A visita ao Maes encantou as crianças não apenas pelo acervo ou as atividades realizadas lá, no espaço, mas também pelo caminho percorrido desde a unidade de ensino
"Eu ameio o passeio e vi a praia de dentro do ônibus. É muito bom passear", afirmou a pequena Heloísa Manuelly Rodrigues Gomes.
Já Pedro Henrique Alves Siqueira contou que ficou encantado com as obras da exposição, com quadros coloridos e cheios de formas geométricas. Quem também aprovou a saída pedagógica foi o Victor Emanuel Araújo Gregório: "Gostei muito de tudo. Eu vi de dentro do ônibus uma igreja grande", observou. A igreja é a Basílica de Santo Antônio.
Durante a visita à exposição a pequena Alice Costa Bahia recebeu um pedaço de tecido do pintor capixaba Rafael Segatto para fazer um desenho. "Desenhei uma princesa", revelou ela.
Arte em sala de aula
No Cmei Anísio Spínola, a professora dinamizadora trabalha com as crianças dos grupos 6 do turno vespertino atividades sobre as linguagens artísticas. Este ano, foram apresentadas novas imagens de autorretrato nas aulas de Arte e as crianças puderam observar como alguns artistas tratavam a imagem de si em suas obras.
"As crianças sempre se mostram curiosas e engajadas ao terem contato com as reproduções das obras escolhidas, manifestando e construindo hipóteses lúdicas sobre essas imagens", disse a profissional.
Experimentar a cidade
Para a diretora da unidade de ensino, Karine da Cruz, oportunizar às crianças momentos como visitas ao museu, praças, parques e monumentos é de grande importância para o crescimento e para o conhecimento cultural e histórico de cada uma.
"Saídas e passeios pedagógicos são de extrema importância para o desenvolvimento e interação das crianças, além de oportunizar novos conhecimentos e momentos de aprendizado fora da sala de aula e muros da escola. Isso leva a criança a conhecer e desfrutar de descobertas. Vivenciando esses outros espaços, a criança se torna mais criativa e inventiva", ressaltou.
A pedagoga Vera Lucia Miranda Guimarães destacou a importância dos museus na formação dos pequenos. "Os museus nos processos pedagógicos exercem papel fundamental, pois possibilitam aos interessados, em especial às crianças, a pesquisa a partir da história e da conservação de objetos, documentos e obras", disse.
LINGUAGENS: Dionísio | Samú
Dionísio Del Santo é o artista que dá nome ao Museu de Arte do Espírito Santo, situando o Museu no cenário da arte moderna e contemporânea pela associação à sua obra. Essencialmente modernista, a produção de Dionísio sublinha a relevância do movimento no cenário artístico capixaba em âmbito nacional, como um dos principais de sua geração a ser reconhecido. Esta história pode também ser representada pela trajetória de outro artista, Raphael Samú, que concentrou sua atenção às questões modernas entre arte e arquitetura.
Segundo informações do Maes, a exposição caminha por um aspecto importante e representativo ao corpo de trabalho dos dois artistas: a linguagem, que é expressa através de técnicas variadas como nanquim, serigrafia, xilogravura, pintura e mosaico. Tradicionais das práticas artísticas, a mostra se concentra em perceber como Dionísio e Samú esmiúçam as técnicas para além - um paralelismo que também está manifestado na expografia.
A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e ainda aos sábados, sábados, das 10h às 16h, na sala permanente de exibição do acervo.