Vitória foi uma das 10 capitais brasileiras selecionadas para participar do projeto Relatório Nacional sobre a demência no SUS: Prevenir, Reconhecer e Cuidar (ReNaDe 2), do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde. A pesquisa, que é realizada pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, pretende relatar de forma ampla e geral como a demência está presente no Brasil, considerando a epidemiologia, estigmas associados à doença e projeções futuras.
A capital capixaba será um dos municípios em que a intervenção START (STrAtegies for RelaTives) conhecida no Brasil como EStratégias para CuidAdores em DemênciA (ESCADA) será adaptada culturalmente e sua viabilidade testada.
A estratégia é baseada em uma intervenção desenvolvida no Reino Unido para cuidadores familiares de pessoas vivendo com demência, é individualizada, documentada no formato de um manual e requer a participação ativa do cuidador, no domicílio da pessoa com demência. A metodologia foi projetada para apoiar cuidadores familiares de pessoas com demência.
"Durante oito sessões, ao longo de 8 a14 semanas, o protocolo START/ESCADA será testado em um ensaio de viabilidade controlado, tendo o agente comunitário de saúde como o administrador dessas estratégias. Dessa forma, a equipe pretende verificar se essa intervenção pode ser viável para aplicação no SUS, a partir dos agentes comunitários de saúde", explicou a referência em Saúde do Idoso de Vitória, Sandra Bissoli.
Expectativa de vida
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2023, a população brasileira acima de 65 anos cresceu 57% entre 2010 e 2022. O aumento da demência, que afeta 1,85 milhão de brasileiros e pode triplicar até 2050, exige planejamento e investimento, conforme o Global Burden of Disease Study (GBD) 2019.
No Brasil, no ano de 2023, dados do Ministério da Saúde (MS) mostraram que a taxa de subdiagnóstico é alta, com estimativas de 80%. O diagnóstico em tempo oportuno é decisivo para o tratamento, retardar internações e permitir o planejamento futuro. Como exemplo, países como Inglaterra reduziram as taxas de subdiagnóstico por meio de intervenções comunitárias e clínicas especializadas em demência.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que o custo global da demência foi de mais de US$ 1 trilhão em 2019, e pode chegar a US$ 3 trilhões até 2030. No Brasil, dois terços dos custos são relacionados ao cuidado informal, principalmente de familiares, em sua maioria mulheres que enfrentam sobrecarga emocional.