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Uma carta para o futuro: estudantes recebem correspondência escrita em 2019
Publicada em 13/12/2021, às 16h10 | Atualizada em 13/12/2021, às 16h18
Por Brunella França, com edição de Andreza Lopes
O que você diria para o seu eu do futuro? Vitória, 13 de dezembro de 2021. Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Neusa Nunes, Gonçalves, em Nova Palestina. Na manhã desta segunda-feira, os estudantes do 8º ano receberam uma correspondência muito especial: uma carta escrita por eles mesmos, há quase três anos, quando iniciavam o 6º ano.
“O projeto Cápsula do Tempo teve início ainda no início de 2019, quando os estudantes ingressaram no 6º ano. A atividade foi permeada pelo objetivo de desenvolver as emoções, trabalhando seus anseios, sonhos e perspectivas para o futuro. Ainda, um objetivo específico da atividade foi desenvolver a escrita dos estudantes, possibilitando a apreciação de seus traços em uma temporalidade de dois anos de diferença”, contou a professora de Língua Portuguesa Rosemere Resende de Oliveira, idealizadora do projeto.
Além dela, também contribuíram com as atividades a bibliotecária Merigdriani Piffer Deptulski e os professores Stéfano Praxedes Corrêa (Matemática); Letícia Eduarda Nalin Lemos (Artes), Raizza Izabel Marcucci Santana (Ciências); Brenda Soares Bernardes (História) e Elizalda Vieira da Silva (Língua Portuguesa).
E teve surpresa para as turmas que deixam a unidade de ensino após a conclusão do 8º ano. Artista da cena do rap, César MC esteve com os estudantes e contou a eles sobre o início dos próprios sonhos. O compositor e cantor é filho da professora Rosemere.
“A minha história começou em 2014, na Praça o Sesc, quando eu vi uma batalha de rap pela primeira vez. Eu escrevia umas poesias, mas nunca mostrava para ninguém, guardava tudo na gaveta. Ali, tudo fez sentido pra mim. Depois disso, eu ganhei minha primeira batalha, perdi a segunda. Na batalha de MC, quando a gente ganha, a gente recebe uma folhinha, dizendo ‘Você ganhou’. Só isso, uma folhinha; E as pessoas não entendiam o quanto aquela folhinha significava para mim. Quem estava de fora, não entendia. Por isso, a gente tem que olhar com grandeza para as nossas vitórias. Às vezes, só você está vendo com grandeza o que você está fazendo. De folhinha em folhinha, eu fui vou construindo o meu sonho”, destacou o rapper.
O projeto
O projeto “Cápsula do Tempo” percorreu algumas etapas até o encerramento, nesta segunda. Iniciou com a apresentação da proposta para os estudantes. Em seguida, houve uma conversa sobre o tempo, sobre o futuro e os sonhos de vida, de profissão, de cada estudante e ser humano, atravessado por experiências e por vivências múltiplas.
Já na terceira etapa, a professora iniciou com as turmas o processo de escrita e reescrita do texto a ser inserido dentro da “Cápsula”, possibilitando a criatividade, em conformidade com a norma culta da língua portuguesa. A correspondência entregue hoje será utilizada para comparar o desenvolvimento de escrita ao longo de quase três anos pelos estudantes.
“Acreditamos que projetos da natureza do ‘Cápsula do Tempo’ despertam o que há de melhor nos estudantes como seres pensantes, críticos, sensíveis e humanos. A ‘Cápsula’ lida com a temporalidade, com passado recente, com os sonhos e as perspectivas de futuro. Nós, como professoras, precisamos despertar e incentivar os sonhos, independentemente da disciplina de sala de aula, é preciso manter a chama dos sonhos e do futuro bem acesa”, afirmou a professora Rosemere.
Desafio literário
Além da “Cápsula do Tempo”, os estudantes do 8º ano da Emef Neusa Nunes também participaram do projeto “Desafio Literário”, idealizado pela necessidade de desenvolver a leitura, escrita e reescrita de textos.
A criatividade, a imaginação e o protagonismo dos estudantes frente à Língua Portuguesa deram o tom das atividades. Os objetivos eram que os estudantes pudessem desenvolver e adquirir habilidades de compreensão e interpretação de leituras múltiplas; desenvolver integralmente a capacidade crítica de percepção da realidade; enriquecer a aprendizagem no estudo da Língua Portuguesa; desenvolver o senso artístico, criativo e social.
“Apesar de todas as especificidades do momento pandêmico que nos atravessa, o encontro com a literatura foi o ‘descanso na loucura’, como disse Guimarães Rosa. Pudemos perceber o interesse pela literatura de mangás, pelas histórias em quadrinhos, pelos super-heróis, mas também pelos contos e poesias”, contou a professora Rosemere.
A estudante Anna Julia Ferreira Rangel, 14 anos, por exemplo, demonstrou-se tão empolgada nos momentos de declamação que convidou várias professoras de outras disciplinas para participarem.
O “Desafio Literário” promoveu um encontro prazeroso com a Língua Portuguesa. De acordo com a professora idealizadora, é preciso destacar que a disciplina está além da crase e do sujeito, apesar da importância fundamental desses dois aspectos.
“A língua é o processo de estar no mundo, de pertencer a um país, a uma comunidade. Quanto melhor dominarmos os seus aspectos, mais preparados estaremos para lidar com as vicissitudes de nossa trajetória na sociedade”, destacou.
O projeto contou com o suporte da bibliotecária Merigdriani Piffer Deptulski, a Meg. “Ela esteve incansável na preparação e produção dos materiais para a sala de aula, além da separação de livros, considerando todos os aspectos higiênicos da pandemia”, disse a professora.
A diretora interina da unidade de ensino, Lívia Araújo Tonoli, falou, emocionada, sobre as atividades.
“Eu tenho muito orgulho do que foi produzido ao longo dos anos nessa comunidade de Nova Palestina, isso é fomentar os sonhos. É o que a gente deseja, que os nossos meninos tenham sonhos”, afirmou.