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Poesias, histórias de vida e discursos feitos em Libras marcam formatura no CRPD
Publicada em 01/11/2019, às 17h56 | Atualizada em 05/11/2019, às 19h10
Por Edlamara Conti (econtieira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Matheus Thebaldi
O Centro de Referência da Pessoa com Deficiência (CRPD) de Vitória ficou lotado, na tarde desta sexta-feira (1º), na solenidade de formatura do curso de Libras.
Além dos 105 formandos, das turmas de nível básico e intermediário, familiares e representantes de organizações sociais participaram da cerimônia integralmente bilíngue, interpretada pelos próprios alunos.
O evento contou com várias apresentações. Com dificuldades para falar desde criança, o aluno João Leno Fernandes Peres contou a história de isolamento social e preconceito que viveu até conhecer Libras e poder se comunicar e expressar sentimentos com as mãos.
Por meio de sinais, deixou clara a importância da língua de sinais para sua vida: como todas as pessoas, os surdos precisam viver, trabalhar, criar e se comunicar com o mundo, o que fazem com as mãos.
Apresentação
A atriz e radialista Masé Pimentel, acostumada a falar para o grande público, sentiu-se desafiada ao se apresentar em Libras pela primeira vez. Ela fez o curso básico e já quer partir para o intermediário, para poder atuar como intérprete.
"Descobri que falar com as mãos é difícil, é muita responsabilidade, mas é muito bonito. Aprender Libras me possibilitou conhecer um mundo completamente diferente de tudo o que eu estava acostumada", disse.
Filme
A cerimônia ainda contou com dois alunos interpretando uma cena do filme Frozen e, como toda formatura, teve a vez dos discursos das oradores das turmas e todas se emocionaram em suas falas, devidamente interpretadas pelos colegas.
"Desejo que todos tenham o desejo de aprender Libras, a segunda língua no Brasil. Que todos nós sejamos instrumentos para essa inclusão", resumiu Verusca Monteiro, uma das oradoras.
Crescimento
Antes da entrega dos certificados, a professora Luce Matilde Wandermurem Nogueira, que é surda, falou do crescimento das turmas ao longo do curso. "Nas primeiras aulas, vocês estranham os sinais, questionam e sugerem mudanças. Com o tempo, vão percebendo que a língua é muito bem estruturada e que expressa da forma como o surdo entende", contou.
E concluiu: "Precisamos de mais pessoas conhecendo Libras, atendendo os surdos nos consultórios médicos, nos shoppings, nas igrejas, nos táxis e no aeroporto".