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Literatura e ludicidade dos povos originários e afro-brasileiros na escola
Publicada em
Por Brunella França, com edição de Andreza Lopes


O desafio era aliar a alfabetização dos estudantes do 1º ao 3º ano do ensino fundamental aos conhecimentos para as relações étnico-raciais. Por isso, os profissionais da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Adão Benezath, em Antonio Honório, desenvolveram o projeto "Literatura e Ludicidade dos Povos Originários e Afro-brasileiros".
O diretor da unidade de ensino, José Honor, explicou que o projeto institucional da escola para o ano de 2023 possui três eixos que conversam entre si: Práticas antirracistas; Meio Ambiente, novas ecologias e povos originários e, por fim, Práticas restaurativas e Círculos de Paz. "Neste contexto, tivemos a culminância da primeira fase do projeto iniciado em fevereiro, pois trabalhamos com práticas cotidianas e não com datas comemorativas. Após o recesso, teremos mais lindos trabalhos a desenvolver", comentou.
Com leitura deleite, jogos e brincadeiras, e sequências didáticas, as atividades trabalhadas nas salas de aula se transformaram em uma mostra cultural, com a presença das famílias na unidade de ensino.
"Gratidão pela oportunidade de nos sentirmos minimamente representados dentro do sistema de ensino, mesmo com todo tradicionalismo institucional. Axé!", celebrou
Fernanda Henrique Meneghelli Cassilhas, mãe do estudante Aram Cassilhas Souza, e indígena da etnia Puri.
"Eu achei muito legal, aprendemos muitas coisas sobre os indígenas", avaliou a estudante Nicolly Mariah Schlletz Gomes, do 3º ano A. "O que eu mais gostei de aprender sobre os povos originários foram as brincadeiras. Muita brincadeira que a gente nem sabia que eram indígenas", observou o estudante Miguel Baroni Ribeiro, do 2º ano A.
Envolvimento dos profissionais
Integrantes da Comissão de Estudos Afro-brasileiros (Ceafro) e da Comissão de Educação das Relações Étnico-Raciais (Cerer), Noelia Miranda e Valeska Mathias acompanharam de perto o desenvolvimento do projeto na unidade de ensino.
"O projeto antirracista tomou força nessa escola, trazendo as famílias para compreender a importância dos conhecimentos a que seus filhos e filhas têm direito no que se refere às questões raciais. A Ceafro-Cerer está há três anos acompanhando e assessorando de perto esse movimento que nos orgulha e nos enche de esperança. É a justiça cognitiva e social acontecendo, percebemos os estudantes interessados e felizes", disseram.
Trabalhar com os conteúdos para as relações étnico-raciais durante o processo de alfabetização, para a professora Giselle Soares, foi um facilitador desse processo com a turma do 1º ano B. "Percebemos uma grande contribuição para a alfabetização através da leitura deleite, contação de histórias, tornando os estudantes protagonistas da aprendizagem", destacou a professora Fabíola Dias, do 1º ano A.
O projeto também fez com que os educadores revissem práticas e conhecimentos. "Precisei desconstruir muitos conceitos, foi um aprendizado muito grande", contou a professora Fabiana Araújo, do 2º ano B.
"Foi muito satisfatório unir a alfabetização com um projeto tão potente, o conhecimento da cultura dos povos originários, que são tão próximos à realidade dos nossos estudantes", ressaltou a pedagoga Damila Carvalho.
"É um projeto de considerável importância, pois proporcionou às crianças novas experiências corporais nas aulas de Educação Física, o conhecimento e o desenvolvimento do respeito à cultura que tanto contribuiu para nossa", disse o professor de Educação Física e Projeto de Vida Aron de Oliveira Pereira Vilete.
Para Nívea Borges, professora do 3° ano A, foi possível perceber o envolvimento dos estudantes durante as atividades. Margarete Franzagua, professora do 2° ano A, considerou muito interessante o conteúdo trabalhado com a turma. E a professora de Arte Marjorie Vagner Santos entendeu que o projeto levou um diferencial às aulas.

