Fredone Fone finaliza trabalho da Residência Artística da Casa Porto

---

Um poema de Paulo Leminski diz que andar e pensar são ações que caminham juntas. E foi andando pelas proximidades da Casa Porto que o artista Fredone Fone pensou e também recolheu o material usado para o trabalho "Impressão do Encontro", projeto selecionado pelo Edital de Residência Artística da Casa Porto, na modalidade gravura, e que, desde o dia 15 de abril, recebe o público no espaço para acompanhar o processo de criação de um trabalho artístico.

"Há algum tempo, os objetos que as pessoas jogam fora têm chamado minha atenção. Escolhi caminhar no entorno da Casa Porto, como uma forma de observar mais de perto o que as pessoas que vivem ali consomem e descartam. Saio buscando traços e formas naquela região e, a partir daí, utilizando uma técnica similar ao estêncil, vou criando novos encontros e aproximando outros objetos que foram encontrados em lugares distintos", explicou o artista.

A ideia do projeto também é dar continuidade à pesquisa do artista, com o spray, com a rua e, como ele mesmo afirma, com a vida na cidade. "Tenho feito pinturas com tinta spray sobre papel utilizando fita crepe como guias ou máscaras. Impressão do Encontro surgiu quando pensei em aproximar esse tipo de pintura utilizando a técnica do estêncil ao substituir a fita pelos objetos".

Além do grafite

Fredone Fone tem uma história conhecida no universo do grafite, mas ele também se aventura com o uso de outros materiais e técnicas no seu trabalho, o que acredita ser um exercício necessário para o seu trabalho. "Desde 2009, me aventuro inclusive nessa ideia de trabalhar com objetos que encontro na rua, além de utilizar linguagens como a fotografia, o áudio, o vídeo, a instalação, a colagem, a escultura e fazer outros experimentos com o meu trabalho".

Mesmo com todas as "interferências", ele acredita que sua raiz está presente nesse trabalho que dialoga com a gravura. "Em Impressão do Encontro, acredito continuar carregando algo das minhas raízes: pensei em fazer um trabalho que não me obrigasse a abandonar a rua e que utilizasse o spray. O grafite me apresentou outras formas de arte".

Etapas

O processo de criação e execução do projeto passou por três etapas: caminhar, encontrar, gravar. Para Fredone, o processo de criação só tem início de fora para dentro. "Na prática, o projeto começa de fato quando dou meu primeiro passo em busca de encontro. Todas as caminhadas foram registradas em um mapa e as pessoas podem ver onde cada encontro aconteceu".

Residência

A Residência Artística da Casa Porto das Artes Plásticas tem o objetivo de estimular o processo artístico no campo das artes plásticas e visuais, além de aproximar a comunidade da criação e execução de um trabalho de arte.

Essa é a segunda vez que Fredone participa de uma experiência em um processo de residência artística. O primeiro aconteceu em 2013, na Venezuela. "Foi algo novo para mim, e que me fez pensar nessas outras possibilidades para que eu possa desenvolver minhas ideias. Esse período de residência na Casa Porto tem aguçado ainda mais a minha vontade de criar coisas novas".

Mostra

E o público vai poder conferir o resultado de uma dessas ideias a partir do dia 5 de maio, na abertura da II Mostra Internacional de Gravura, na Casa Porto. "Acho que vai haver um estranhamento interessante: por parte de quem vem do grafite e por parte de quem vem da gravura tradicional. E isso é maravilhoso", finaliza.

Serviço

Residência Artística da Casa Porto - Com Romilda Patez e Fredone Fone

Quando: até esta quinta (30), das 9 às 17 horas

Onde: Casa Porto das Artes Plásticas - praça Manoel Silvino Monjardim, 66, Centro