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Carnaval 2023: Chegou o Que Faltava encerra desfiles do Grupo Especial
Publicada em 12/02/2023, às 07h40
Por Brunella França, com edição de Pedro Vargas
Com a presença arrebatadora de Evelyn Bastos, rainha de bateria da Estação Primeira de Mangueira, como musa da escola, a Chegou o Que Faltava encerrou os desfiles do Grupo Especial do Carnaval de Vitória 2023. Mais do que permanecer na elite do carnaval capixaba, a agremiação da região da Grande Goiabeiras sonhou com seu tesouro: o título de campeã.
"A expectativa é a melhor possível, fechando com sol esse desfile da elite no Sambão do Povo. A responsabilidade é mostrar a essência do trabalho bem feito. Essa conexão do sambista com a avenida, isso é amor", afirmou a musa.
Para buscar o tão sonhado título de campeã, os carnavalescos Jorge Mayko e Vanderson Cesar levaram para a avenida o enredo "O tesouro que faltava", desfilando os tesouros do Espírito Santo no Sambão do Povo, valorizando também a própria agremiação e a comunidade que fez e faz a história da escola.
A escola fez um desfile alegre, leve e com a comunidade cantando forte o samba enredo. "O carnaval é uma das coisas mais importantes da minha vida, é onde eu me encontro, onde eu consigo me encontrar e reverenciar a cultura do nosso Estado e do nosso povo negro, é por isso que eu estou aqui", destacou a primeira porta-bandeira da escola, Amanda Ribeiro.
Mestre de cerimônia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Elton Braz ressaltou a importância da festa. "O Carnaval de Vitória é uma competição saudável entre as agremiações. A gente se prepara o ano inteiro, é um trabalho que não para e que envolve muitas pessoas, para brilhar no dia do desfile".
Léguas no imenso mar
Quem nunca ouviu falar sobre os mapas do tesouro e as tantas histórias envolvendo grandes riquezas perdidas no mar, em ilhas distantes, com um caminho cheio de aventuras? Foi assim que a Chegou o que Faltava escolheu começar contando seu enredo. A comissão de frente, trabalho do coreógrafo Jorge Mayko, trazia justamente as lendas e grandes batalhas piratas em alto-mar, com seres marinhos e mitológicos, em busca do baú de tesouros.
E quem levou para a avenida o X do mapa para encontrar o tal tesouro foi o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Kleyson Faria e Amanda Ribeiro. A fantasia dos dois misturava o visual de mapas antigos, com elementos ligados ao universo da pirataria. Dos mares e mistérios, surge a luminescência, transbordando beleza e encantando os desavisados. Quem ficou até o final dos desfiles pôde ver ao vivo uma das majestades do carnaval pela primeira vez desfilando em Vitória e já deixando a gente com vontade de ver de novo. Evelyn Bastos deu show de samba e simpatia à frente do abre-alas da escola.
Batizado de "Enigma das profundezas" criou uma atmosfera aquática para representar toda vivacidade do fundo do mar, com a cenografia trazendo elementos da fauna marinha, seres míticos que no imaginário coletivo guardam tesouros, e elementos que remetem aos tesouros naufragados.
Homens ao mar! O fascínio pela pirataria seguiu forte no primeiro setor, representando os saques de corsários ingleses a Vitória, a ilha de Trindade, que seria guardiã de tesouros perdidos, e os ataques de piratas holandeses.
Cobiça e tentação
O imaginário coletivo é cheio de histórias, lendas e relatos de fortunas e riquezas perdidas, que despertam a cobiça e tentam as pessoas.
Vestida como diamante rosa, a rainha de bateria Jamila Alvarenga, representava o verdadeiro tesouro dos ritmistas comandados pelos mestres Fernando Marins e Douglas Jacaré, os caçadores de tesouros. A Ritmo Nervoso empolgou com sua cadência e a apresentação na passarela do samba em busca da nota 10 com os julgadores. Destaque para o grupo de canto da escola, que levou para a avenida uma intérprete de Libras, traduzindo o samba de enredo na passarela do samba.
Para os passistas, tesouros do samba, muito dourado para marcar a exuberância de seus componentes. Eles personificavam uma lenda de Santa Teresa, onde a tribo Cintilante usaria o ouro retirado de uma mina na região para enfeitar seus corpos em noite de núpcias.
Outra lenda capixaba, a Pedra da Caveira, em Atílio Vivácqua, também virou carnaval com a Chegou o Que Faltava. O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Couti e Mariana Calazans encarnaram a lendária serra das esmeraldas, história contada na região do vale do rio Cricaré.
A igreja dos Reis Magos, na Serra, e os Cinco Pontões, em Laranja da Terra, também são territórios capixabas onde haveria tesouros escondidos a serem descobertos.
Matriarcas da agremiação, as baianas representaram os causos em torno de um lendário tesouro relacionado à igreja de Nossa Senhora das Neves, em Presidente Kennedy. O "tesouro" da ala, aos 74 anos, é Dona Antônia Rosa, a baiana com mais experiência a rodopiar no Sambão do Povo pela escola.
Jesuítas e o tesouro da fé também integraram o cortejo chegando à segunda alegoria da escola, "O tesouro perdido dos jesuítas". O carro alegórico se apresentava como o próprio tesouro, um amontoado de riquezas e peças sacras, ouro e pedras preciosas. Destaque para a presença de um grupo cênico representando os 12 apóstolos, coreografados por Davidson Oliveira.
Nossas riquezas, o verdadeiro valor da terra!
Uma ode ao Espírito Santo, o terceiro setor da escola apresentava o que considerou os verdadeiros tesouros capixabas: o petróleo, o aço, o café, a biodiversidade.
A ala coreografada por Giovani Carlos homenageou o biólogo Augusto Ruschi, com fantasias de orquídea e beija-flor. A cultura popular e as manifestações culturais do nosso Estado, como o congo e o ticumbi também foram lembrados pela Chegou o que Faltava.
E numa escola de samba da grande Goiabeiras, o símbolo maior da gastronomia e das raízes indígenas do Espírito Santo não poderia ficar de fora. A ala das baianinhas representava as panelas de barro, riqueza secular e patrimônio imaterial da nossa cidade.
E entre os tesouros da nossa terra, não poderia faltar a própria agremiação! Conduzida por dona Terezinha Rodrigues, com seus 78 anos, a velha guarda passou orgulhosa de sua escola.
O terceiro carro, "Chegou o que Faltava", entrou como uma carruagem carnavalesca em referência à primeira construção alegórica feita para um desfile da agremiação, com elementos comumente ligados ao universo do carnaval e abusando das cores azul, rosa e branco, que são as cores da escola
Completavam a cena convidados importantes para a história da comunidade e da Chegou: Nizete Marques, a Nega; Anny Cometti; Paulo César; Camila Valadão; Jordânio Henrique; Tobias Mesquita; Vitor Hugo; Rafael Angelo; Jackson Henrique; Gledson Souza; Elzinha; Zuza e Robinho.