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Origem de Vitória está ligada às lutas dos portugueses com indígenas

Publicada em 04/09/2013, às 10h00

Por Janete Carvalho, com edição de Matheus Thebaldi


Arquivo Público do Espírito Santo
Imagem antiga de Vitória
Imagem mostra a entrada da baía de Vitória e a pedra do Penedo no ano de 1860

Lugar de belas paisagens, cercado pelo mar e onde o sol brilha em boa parte do ano. Simples definição para Vitória, uma cidade que está prestes a completar 462 anos de história. A capital do Espírito Santo faz aniversário neste domingo (8) vivendo um dos momentos mais promissores desde a sua fundação, em 1551.

Atualmente com 348.265 habitantes (conforme dados divulgados no dia 30 de agosto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), esse arquipélago, composto por dezenas de ilhas e uma porção continental, integra uma área geográfica de grande nível de urbanização. Trata-se da Região Metropolitana, compreendida pelos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari e Fundão.

Capitanias hereditárias

Intimamente ligados à colonização do Brasil, os fatos históricos de Vitória estão vinculados à divisão das terras brasileiras em capitanias hereditárias pelo então rei de Portugal dom João III. São muitos os personagens que fazem parte dos fatos notáveis ocorridos na ocupação dos 105 km² da ilha, como também são inúmeras as artimanhas do destino que tiveram de enfrentar para conquistar esse lugar.

O rei tinha a intenção de dividir o Brasil em amplas faixas de terra e entregá-las a nobres do reino, os capitães donatários, para povoá-las, explorá-las com recursos próprios e governá-las em nome da Coroa. A partir de 1530, dom João III estabeleceu 15 capitanias hereditárias. Com larguras diversas, elas se estenderam do litoral para o interior e constituíram a primeira estrutura de governo colonial, implantada pela metrópole para funcionar em todo território nacional.

Coube ao capitão Vasco Fernandes Coutinho a capitania do Espírito Santo, nome escolhido pela coincidência da chegada da caravela no dia em que se comemorava o fim da festa religiosa do Divino Espírito Santo (23 de maio). A caravela Glória, que veio de Portugal com uma tripulação de 60 pessoas, chegou em 1535. Os primeiros marujos desembarcaram na praia de Piratininga, perto do Morro do Moreno, onde surgiu um povoado com o nome de Vila de Nossa Senhora da Vitória.

Em troca do compromisso com o povoamento, a defesa, o bom aproveitamento das riquezas naturais e a propagação da fé católica, o rei atribuiu aos donatários inúmeros direitos e isenções. Coube a eles a distribuição de sesmarias, terras incultas ou abandonadas, aos colonos que trabalhavam nos engenhos de açúcar. A produção e exportação desse produto se transformaram na principal atividade econômica da capitania.

Apesar do donatário não perder tempo na ocupação das terras, não foi Vasco Coutinho o fundador de Vitória, e sim um dos companheiros dele, Duarte de Lemos. Ele recebeu a ilha de Santo Antônio como recompensa pelas bravuras na navegação portuguesa para descoberta de novas rotas marítimas e áreas de exploração mercantil que culminariam no comércio com as Índias.

Vitor Nogueira
Clube Saldanha da Gama
Pedra do Penedo é um dos cartões-postais da capital do Estado

Índios

A vida nos engenhos e povoados, porém, não era fácil. Sofria com a presença constante de corsários franceses e com a hostilidade dos índios goitacazes e aimorés. Para resistir melhor aos ataques, a sede da capitania foi abandonada e uma nova sede construída na ilha de Santo Antônio com o nome de Vila Nova, em contraste com Vila Velha. Nos dois lugares, havia muita tensão naquela época, provocada pela invasão dos portugueses às terras ocupadas pelos índios, que se juntaram para enfrentar os exploradores portugueses. Numa dessas batalhas, surgiu o nome de Vitória.

No dia 8 de setembro de 1551, os índios invadiram o povoado e, decididos, iniciaram uma marcha violenta rumo ao centro colonizado. Mulheres, crianças e enfermos foram levados para a parte mais alta da ilha, a mais protegida. Os colonos enfrentaram os índios hostis, que foram derrotados. Os exploradores portugueses comemoraram com uma grande festa. A partir dessa data, a ilha passou a se chamar Vila da Vitória. Elevada A categoria de cidade pela lei de 17 de março de 1823, a província passou a ser chamada apenas de Vitória.

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