Gravuras refletem cotidiano em exposição no Museu do Pescador
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Por Leo Vais, com edição de Matheus Thebaldi
Divulgação Semc
Artista André Magnano desenvolveu gravuras para tratar do cotidiano da Ilha das Caieiras
Com trabalhos que dialogam com os moradores e frequentadores da Ilha das Caieiras, o artista André Magnano foi um dos contemplados pelo Edital de Ocupação de Espaços da Secretaria Municipal de Cultura (Semc). O resultado dessa conquista está na exposição "Essência/Vitalidade", que tem início nesta quinta-feira (16), no Museu Histórico da Ilha das Caieiras, o tradicional Museu do Pescador.
O trabalho reflete o sentimento de pertencimento que o artista tem sobre a região. "Eu sinto certo pertencimento por ter frequentado a Ilha das Caieiras com o meu pai, que negociava peixes e mariscos com alguns moradores nas redondezas de onde hoje fica o Museu do Pescador. Eu nasci e me criei no bairro Santo Antônio, morava muito próximo à maré. Pescava e brincava na rua, como fazem as crianças na Ilha das Caieiras hoje".
Quando se recorda da infância na Ilha das Caieiras, ele se lembra da situação atual de alguns dos seus colegas daquela época que hoje estão envolvidos com o crime. André acredita que a arte pode mudar essa realidade. "Sei que é tolice pensar que uma exposição de três meses de duração pode, sozinha, resolver um panorama social tão complexo, mas 'Essência/Vitalidade', primordialmente, disponibiliza o assunto arte, algo que pode alimentar a alma e abrir caminhos melhores".
Exposição
Divulgação Semc
Mostra "Essência/Vitalidade" reúne 11 gravuras em linóleo e duas litografias
A mostra reúne 11 gravuras em linóleo e duas litografias, as quais ele define como obras de parede. "Selecionei trabalhos que, a meu ver, possam dialogar com o lugar, com seus moradores e frequentadores. A exposição enfatiza a evolução da poética desses trabalhos, que, inicialmente, referiam-se a temáticas marinhas e que, agora, relatam cenas de interiores de residências e indivíduos, interagindo com coisas de seus universos, mantendo a essência inicial", explicou o artista.
A aproximação dele com a gravura aconteceu no primeiro semestre de 2006, quando cursava Artes Plásticas e começou a frequentar a disciplina de gravura, que, até então, ele desconhecia. "Com o tempo, fui descobrindo um legado de incríveis experiências em gravura que foram importantíssimas para a arte brasileira – experiências contemporâneas, modernas e anteriores ao modernismo", conta André, que gostou tanto da técnica que se tornou monitor das disciplinas de impressão.
André, que antes de ser artista plástico foi vendedor, entregador, estoquista e beneficiador de pescados - negócio com que seus pais ganham a vida até os dias de hoje -, acredita que sua profissão anterior exerce grande influência sobre o atual trabalho. "Uma profissão influencia na execução da outra. Para além de preparar bem minhas ferramentas de gravura porque já sabia amolar facas, pude passar a me expressar por meio das minhas capacidades psicomotoras".
Exposição
Para André, o essencial é o intuito, o impulso e a força de vontade. Já o essencial é o desejo de liberdade. "Penso que existem limites invisíveis que nos separam de uma circunstância desejada; em casos extremos, ficamos inibidos ao ponto de nem podermos imaginar outras circunstâncias. Mas é possível transitar entre diferentes circunstâncias, criando caminhos e deixando rastros, e é nesse sentido que vejo relevância no meu trabalho".
Serviço
Exposição "Essência/ Vitalidade"
Abertura: quinta-feira (16), às 19h. A mostra segue até o dia 11 de janeiro de 2015, de terça a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 12h às 16h
Local: Museu Histórico da Ilha das Caieiras "Manoel Passos Lyrio" (Museu do Pescador) - rua Felicidade Correia dos Santos, 1095, Ilha das Caieiras