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O Carnaval do Brasil começa em Vitória

Publicada em 03/01/2024, às 12h40 | Atualizada em 04/01/2024, às 11h21

Por Eduarda Miranda (eosmjesuseira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes

Com a colaboração de Isadora Lima, Jocelino Júnior, Julia Galter, Tunico da Vila, e Vinicius Lima


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Unidos da Piedade
A Unidos da Piedade foi a primeira agremiação de Vitória. (ampliar)

Que o Carnaval do Brasil começa em Vitória já é fato! Mas sabe como a capital conquistou o título de pioneira na festa mais tradicional do País? Para entender, é preciso saber que, antes de se tornar um patrimônio cultural brasileiro, o samba teve uma longa trajetória. No princípio, foi criminalizado, depois elitizado, até que, enfim, conquistou a população de massa e o coração dos brasileiros.

A primeira escola de samba surgiu em 1928, a "Deixa Falar", no Rio de Janeiro. A partir deste ponto, o samba passa a ser conhecido como ícone nacional e começa a quebrar as barreiras que o criminalizavam. Antes da criação das escolas de samba, o carnaval pela fase dos grandes bailes de máscaras, corsos e desfiles luxuosos,  nos quais o município sempre foi referência.

No Espírito Santo, o samba nasceu nos morros do Centro, coração da cidade. A Unidos da Piedade foi a primeira agremiação de Vitória e faz questão de valorizar àqueles que participaram de sua criação. "Brilha no olhar a esperança, punho cerrado, comunidade. Quem tem fé a vitória alcança, de corpo e alma sou quilombo piedade", é parte do enredo que exalta o morro, as raízes do samba e o povo trabalhador do Centro de Vitória. 

Jocelino Junior, pesquisador, professor da rede municipal, coordenador do Mucane e, por coincidência, presidente  Unidos da Piedade, relata como se enxerga sendo negro e sambista. "O samba na minha vida começou com meu pai, um apaixonado pelo carnaval, que me levou para o mesmo caminho. O samba tem o poder de atravessar gerações. Hoje meus filhos participam de tudo comigo ali na comunidade, e eu vejo que com outras famílias também é assim. É um elemento de integração muito forte, que, apesar de se desenvolver no contexto de pobreza, é a diversão de muitos, o momento de dar um sorriso verdadeiro, de festejar. E eu sigo nessa missão, de literalmente não deixar o samba morrer, de lutar pelo meu povo".

"O samba sem o povo não é samba, tem que ter comunidade, amor, raízes, afeto e felicidade. O samba precisa continuar sendo um ato de transformação social, uma forma de garantir direitos ao nosso povo. A nossa cidade é melhor quando tem samba, nosso povo é mais feliz", completa. 

Jocelino Junior
Jocelino Junior, presidente da Unidos da Piedade, contou que o samba tem o poder de "atravessar" ger
Jocelino Junior, presidente da Unidos da Piedade, contou que o samba tem o poder de "atravessar" gerações. (ampliar)
Primeiros desfiles e escolas de samba de Vitória

O carnaval ocorria desde antes mesmo de 1880, começando no Centro de Vitória, mas era uma festa completamente diferente da conhecida hoje. O trajeto inicial não era conhecido como desfile, mas sim passeio. Os foliões já utilizavam fantasias e atravessavam as ruas mais importantes do Centro. 

Neste momento, quando o povo não estava nas ruas brincando de carnaval, estavam nos clubes mais requisitados de Vitória, como o Saldanha de Gama, Victoria Club e o Clube Álvares Cabral. Ele era o evento do ano e, a vinda em massa de visitantes mobilizava a economia local, lotando hotéis, vendendo ornamentos e bebidas das mais diversas.

Já no final do século XIX, em 1910, o Parque Moscoso se tornou o palco principal da cidade, mas os desfiles começaram a tomar a forma que hoje são conhecidos apenas a partir da popularização dos automóveis. Nos bairros Santo Antônio, Vila Rubim, Cruzamento e Praia de Santa Lúcia, o carnaval já tomava mais corpo e lá foram produzidas as primeiras carrocerias de caminhões alegóricos, que hoje dão espaço para os carros. Por fim, foi estipulado que as festas realizadas no Clube Álvares Cabral terminassem nas ruas, na praça Costa Pereira.

As escolas de samba nasceram das batucadas, dos morros de Vitória. Os grupos Chapéu de Lado e Mocidade da Fonte Grande foram pioneiros nesse quesito. No coração da cidade, ecoava a marchinha que remete aos antigos carnavais. Ao som de "a estrela dalva no céu desponta e a lua anda tonta, com tamanho esplendor", a escola Piedade levava para as ruas a paz que reinava no morro.

Com a construção do Sambão do Povo, foram fundados os Grêmios Recreativos Escolas de Samba Mocidade Unida da Glória, Unidos da Piedade, Mocidade da Praia, Imperatriz do Forte, Pega no Samba, Novo Império, Independentes de Boa Vista, União Jovem de Itacibá, Independentes de São Torquato, Chegou o Que Faltava, Vai quem Quer, Unidos da Penha, Mocidade Serrana, Andaraí, Nossa Presença, Amigos de Gurigica, Originais do Contorno, Unidos de Barreiros e Santa Lúcia. Junto às escolas, havia os blocos Unidos Jesus Nazaré, Chega Mais, Banda Arco-Íris, Pulo do Gato, Unidos de Jucutuquara e Independentes de Eucalipto. 

Nos anos 80, o carnaval capixaba chegou a ser conhecido como o segundo melhor do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. O Sambão do Povo foi de grande peso para a boa classificação da folia de Vitória. 

Carnaval 2024

Os ensaios para a grande folia já acontecem desde 2023. Em agosto do ano passado, algumas escolas como a Andaraí, Novo Império, Independente de Boa Vista e Mocidade Unida da Glória deram uma prévia do espetáculo que está por vir este ano. As escolas Pega no Samba, Chegou o que Faltava, Piedade e Jucutuquara também deixaram o público com um gostinho de "quero mais" para as novidades de 2024.

Neste ano, a folia está prevista para acontecer no primeiro final de semana de fevereiro e promete ser um final de semana repleto de emoção, belos desfiles e enredos de grande importância histórica e cultural. 


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