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Crianças vivem tarde de aprendizado sobre comunicação não violenta
Publicada em 22/09/2023, às 17h00 | Atualizada em 22/09/2023, às 17h03
Por Juliana Rodrigues (jalrmagnagoeira$4h064+pref.seme.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
As crianças dos grupos 5B e 5C do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Rubens José Vervloet Gomes vivenciaram, nesta quinta-feira (21), experiências que abordam a importância da comunicação não violenta, que, em resumo, pode ser definida como uma forma empática de se relacionar consigo mesmo e com o outro.
O Projeto Comunicação Não Violenta na Educação Infantil teve início em março e tem se desenvolvido no decorrer deste ano. Surgiu a partir de uma solicitação dos pais das crianças após a realização de duas rodas de conversa em 2022, em ambos os turnos, sobre essa temática, e após o diagnóstico sobre as relações intra e interpessoais no Cmei.
A tarde no acompanhamento era um dos momentos mais esperados pelas crianças. Para tanto, a quadra de esportes do Cmei foi transformada numa floresta, com direito a fogueira, lago para pescaria, uma cabana, espaços para picnic, brincadeiras e uma minicozinha, onde as crianças se encantaram brincando com a imaginação e a fantasia.
Atentas à envolvente história do livro "Por um mundo mais bacana", de Lúcia Reis, as crianças respondiam sem vacilar às perguntas da contadora de história. "O que a gente faz quando briga?", perguntou. E as respostas vieram: "Pede desculpas", "Conversa", "Ama". Sim, isso é aprendizado, garante a técnica de referência da Comissão de Educação em Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Educação de Vitória, Débora Souza.
"Na educação infantil, as crianças têm a possibilidade de expressar sentimentos, emoções, e quando a gente oportuniza à criança falar de forma lúdica daquele conteúdo interno que ela tem e que muitas vezes ela nem sabe que nome dar, daquele mal estar que ela está sentindo, daquele sentimento desconfortável, e aí a gente possibilita pela via da brincadeira, da história, da fantasia que esse conteúdo seja expresso, isso é muito importante porque a gente oferta uma escuta atenta para a criança e uma escuta que possibilita ressignificar com essa criança esse conteúdo interno", explicou a referência técnica.
As professoras Juliana Pimentel Santos, do grupo 5B, e Cleidineuza Alves Lacerda, do grupo 5C, acreditam que a infância é a fase ideal para aprender sobre comunicação não violenta.
"Eles são muito comunicativos nesta faixa etária. Por isso eu acredito que nessa idade é essencial abordar essa temática. É por um mundo com mais diálogo", analisou Cleidineuza.
Segundo a coordenadora da Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de Vitória, Fernanda Vilela Miguel, o objetivo da educação infantil é o desenvolvimento integral da criança. Assim, de forma lúdica, possibilitar inúmeras vivências que permitam experienciar temáticas essenciais à vida é possibilitar que a aprendizagem aconteça. "Brincando, imaginando, contando e ouvindo histórias, dialogando com outras crianças e adultos, elas irão materializar a aprendizagem em outros ambientes sociais", comentou.
Visita da girafa
No espaço organizado para as crianças vivenciarem o acampamento na floresta, elas receberam a visita da girafa, que é o principal símbolo da comunicação não violenta. Ela representa uma forma de se comunicar mais empática e afetuosa, desprovida de juízo de valor, por ser o mamífero terrestre com o maior coração.
Foram momentos significativos em um bom bate-papo com a girafa, interpretada pela técnica referência da Comissão de Educação em Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Educação de Vitória, Débora Souza.
A professora Juliana Pimentel produziu um cordão com coração para cada criança, com a possibilidade de elas atribuírem um sentido, a partir da imaginação delas, ao apropriarem-se do "poder da girafa", entendendo o que estão sentindo e podendo falar sobre os sentimentos, que por vezes não sabem nomear. A professora defende que essa é uma ótima idade para ensinar sobre as emoções, de modo que as crianças crescerão potentes em sua comunicação.
Perguntado sobre o que o coração representava para ele, o pequeno Lucas Dutra Oliveira, do 5C, disse: "Para eu não fazer mais bobeira". Mas você faz bobeira?, perguntei. "Eu fazia, só que agora eu parei", disse o pequeno, já entendendo que é importante ter comportamentos com empatia, afetividade, amizade e respeito.
Projeto
Trata-se de um projeto piloto desenvolvido com as três turmas do grupo 5 do Cmei, conforme explica a diretora da unidade de ensino, Terezinha Pinheiro de Souza. O grupo 5 foi escolhido por ter um maior número de crianças público da educação especial por turma. Em um dos grupos 5, por exemplo, das 26 crianças matriculadas, quatro são atendidas pela educação especial, daí a necessidade de trabalhar com as crianças o olhar empático com relação às diferenças.
O foco deste ano são as turmas do grupo 5, mas outras turmas da escola sentiram-se motivadas a desenvolverem atividades de comunicação não violenta na própria sala a partir da contação de histórias e das oficinas.