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Carnaval: Jucutuquara destaca força dos negros para quebrar jejum de títulos

Publicada em 16/02/2020, às 00h44 | Atualizada em 16/02/2020, às 00h44

Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi


  • Trabalho decente e crescimento econômico

Carlos Antolini
Carnaval 2020 - Jucutuquara
Carlos Antolini
Carnaval 2020 - Jucutuquara

Uma das escolas de samba mais tradicionais do Carnaval de Vitória, a Unidos de Jucutuquara foi a segunda agremiação a desfilar no Grupo Especial e veio com tudo na luta para quebrar o jejum de 11 anos sem títulos.  A escola, que completou recentemente 48 anos de fundação, levou para a passarela do samba o enredo "Griot", mostrando e valorizando a arte, a força e a história dos negros, como dizia o refrão do samba-enredo:

"Era uma vez” um baú de memórias
Preservando a essência em mais uma história
Ensinamentos, trajetória revelou
Griot guiou, guiou..."

Orgulho

"Desfilo na escola desde 1999. É sempre uma emoção estar na avenida. Me sinto muito orgulhoso em vir como destaque no primeiro carro. Eu amo a Jucutuquara", comentou Welligton Pereira.

"É um momento maravilhoso desfilar. Desfilo há mais de 28 anos na mesma escola e, quando dá sinal verde, eu entro em outro mundo. Ainda mais que eu torço pela Jucutuquara; Me sinto ainda melhor por isso", disse a destaque de um dos carros da Jucutuquara Bety Ruska. 

"Desfilo desde os meus 12 anos. É um orgulho para mim. Para mim estar desfilando é maravilhoso. Representa vida", afirmou Matilde Ribeiro Rosário, 84 anos.

Apesar de ter contagiado o público com seu samba, o último carro da escola apresentou problemas e acabou prejudicando a evolução no fim do desfile. 

Desfile

Em busca de seu oitavo título, a Unidos de Jucutuquara desenvolveu um enredo sobe os Griots, sábios africanos responsáveis por guardar e transmitir conhecimentos tradicionais. Eles tinham o compromisso de preservar e transmitir histórias, fatos históricos e os conhecimentos e as canções de seu povo.

Algumas figuras permeadas em todos os setores estavam diretamente ligadas à questão da representatividade africana. A ideia foi mostrar o negro como protagonista, contando sua própria história.

O desfile foi marcado por homenagens a personagens como Mercedes Baptista, que mistura a dança do Orixá com ballet clássico, e ao Ile Aiyê, bloco que resgata toda ancestralidade negra.

Outros "Griots" lembrados na avenida foram Machado de Assis, Elisa Lucinda, Abdias do Nascimento e Pantera Negra (super-herói negro dos quadrinhos que vive em Wakanda), entre vários outros nomes. Um dos setores ainda trouxe a produção artística da juventude negra nas favelas, o movimento hip-hop, samba e grafite.

A escola veio com várias novidades para embalar a noite dos foliões, como Celso Júnior, novo intérprete oficial, e os carnavalescos Jorge Mayko e Vanderson Cesar, em seu primeiro ano como responsáveis pelo desenvolvimento do desfile da "Coruja". A dupla caiu nas graças do público nos últimos quatro carnavais devido ao bom gosto e à facilidade de transformar o pouco em muito.

"Estou estreando este ano na Jucutuquara e estou achando tudo incível. Este ano pensamos em trazer a estética africana bem diferente e acredito que conseguimos essa proposta. A escola vem muito colorida e extrovertida", afirmou o carnavalesco Vanderson Cesar.

"A escola fala da ancestralidade africana e dos negros que produzem história e conteúdo. O negro como protagonista daquelo que ele produz", acrescentou Jorge Mayko.

A Jucutuquara veio com 18 alas, 4 carros alegóricos, 2 casais de mestre-sala e porta-bandeira e 1.500 componentes.

Carlos Antolini
Carnaval 2020 - Jucutuquara
Carlos Antolini
Carnaval 2020 - Jucutuquara

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