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Assistidos mostram superação no Dia de Luta da População em Situação de Rua
Publicada em 19/08/2019, às 15h21 | Atualizada em 19/08/2019, às 15h32
Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi
"Agradeço a todos que conseguem nos ver como pessoas em situação de rua. Nem todos que estão aqui hoje querem isso. Nós queremos ser pessoas diferentes e ter oportunidades. Temos força de vontade de querer as nossas coisas". Essa foi a declaração de Taís Rodrigues, de 22 anos, durante ação do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, na praça Costa Pereira, no Centro, nesta segunda-feira (19).
A ação contou com a participação de equipes da abordagem social, dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), do Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua (Centro-Pop), da Escola da Vida e do Consultório na Rua, com o objetivo de garantir o direito de reinserção social e comunitária dos assistidos, tornando-os capazes de serem protagonistas de suas vidas e sujeitos de direitos.
A atividade contou com apresentação de teatro e rap, além de abordagens e conscientização. Taís e o seu namorado, Alexandre Felipe André Costa, de 30 anos, querem mudar de vida. "Temos nosso desejo de crescer e vencer. Queremos ter nosso lar e construir a nossa família", disse Taís.
"O importante é querer vencer. Aos poucos vou conquistando a confiança dos meus familiares todos os dias", declarou a assistida Camila de Cassia, 30.
Histórias
Os assistidos tiveram a chance de participar da oficina "O livro das histórias invisíveis", oferecida pelo Creas.
Reflexão
"Hoje é um dia de reflexão. Vamos olhar o ser humano na sua totalidade e dar aos assistidos o protagonismo que merecem", comentou o coordenador estadual do Movimento Nacional da População em Situação de Rua, Bruno Donato dos Santos.
Sonho
"Na Escola da Vida, trabalhamos com sonhos e apostas porque entendemos que só é possível viver se a gente confia e faz apostas positivas em todas as pessoas que temos contato. Este é o lema do nosso trabalho: acreditar sempre no ser humano", ressaltou a psicóloga da Escola da Vida, Carla Campos.
Dignidade
"As pessoas em situação de rua merecem todo nosso olhar e zelo na execução dessas políticas públicas. É importante que as relações humanas sejam vistas em primeiro lugar. Vamos enxergar o outro com um olhar mais fraterno e, assim, vamos construir um futuro mais digno para todos, de forma que os assistidos tenham e conquistem a cidadania e dignidade", afirmou o coordenador do Centro-Pop, Mauro Motta.
Mobilização
"O dia 19 de agosto marca o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua. Foi um evento triste que ocorreu na praça da Sé, em São Paulo, em que 15 assistidos foram mortos. A partir desse fato, houve grande mobilização em garantir os direitos às pessoas em situação de rua. Com as políticas públicas, elas podem se tornar sujeitos de direto se quiserem", explicou a coordenadora da abordagem de rua, Luciana Gatti.
Rede Escola da Vida
A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) desenvolve uma série de ações para reinserir pessoas em situação de rua na sociedade.
Entre as iniciativas, está a rede Escola da Vida, que contempla uma série de serviços dedicados para a população em situação de rua, como abordagem, Centro Pop, Albergue para Migrantes, Hospedagem Noturna, Casas Lares, Abrigo, Casa República, Consultório na Rua e Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
Serviços
Serviço de Abordagem Social (Seas)
O Seas monitora diariamente as ruas de Vitória, identificando e abordando adultos, crianças e adolescentes em situação de rua. O serviço encaminha essas pessoas para os espaços de acolhida e outros serviços da rede de assistência social da Prefeitura, onde recebem atendimento psicossocial e alimentação e participam de palestras socioeducativas e oficinas. O serviço pode ser acionado pelo Fala Vitória 156.
Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua (Centro-Pop)
Pessoas em situação de rua são acolhidas, recebem kit de higiene pessoal, podem tomar banho e se alimentar no Centro-Pop. Os usuários também têm atendimento psicossocial e participam de atividades socioeducativas. Com capacidade para atender 100 pessoas por dia, funciona de segunda a domingo, das 7 às 18 horas, na avenida Dário Lourenço de Souza, s/nº, Mário Cypreste. Telefone: (27) 3132-7053.
Hospedagem para Adultos em Situação de Rua
É um espaço de acolhida noturna, onde a população adulta em situação de rua recebe alimentação, higiene, atendimento psicossocial e abrigo provisório. Os encaminhamentos para o espaço são feitos por meio do Centro-Pop. Horário de funcionamento: de segunda a domingo, das 17 às 7 horas.
Abrigo para Pessoas em Situação de Rua
Os usuários recebem atendimento psicossocial, participam de oficinas de alfabetização e artísticas e de palestras educativas e são encaminhados para emissão de documentos e tratamentos de saúde. O espaço tem capacidade para atender 40 pessoas. Encaminhamentos pelo Seas ou pelo Centro-Pop.
Casa Lar para Pessoas em Situação de Rua com Transtorno Mental
Espaço de acolhida para pessoas em situação de rua com transtorno mental e poucas possibilidades de reinserção familiar e social. Funciona em regime de residência com atenção integral aos usuários, incluindo alimentação, higiene, atividades socioeducativas, medicação e encaminhamento para a rede de serviços. Vitória possui duas unidades, com capacidade de acolher 15 pessoas cada. O encaminhamento é feito pelo Serviço de Abordagem Social, pelo Centro-Pop ou pelo Abrigo.
Albergue para Migrantes
Oferece atendimento social a pessoas a partir de 18 anos de idade e que estejam de passagem por Vitória. O migrante fica no espaço até que seja possibilitada sua inserção no mercado de trabalho ou a viabilização de passagem para seu retorno ao local de origem. Tem capacidade para acolher até 40 migrantes. Crianças e adolescentes são atendidas somente com documentos e acompanhadas dos responsáveis. Funciona na avenida Dário Lourenço de Souza, s/n, Mário Cypreste, 24 horas por dia.
Consultório na Rua
Realiza atendimento específico com os cuidados básicos de saúde para pessoas em situação de rua, muitas delas usuárias de crack e outras drogas. O atendimento é feito em seus locais de permanência pelas equipes itinerantes, formadas por enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, motoristas e auxiliares de enfermagem. O trabalho é voltado para a criação de vínculos de confiança com essas pessoas e persistência na oferta dos serviços até o início de um tratamento efetivo. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8 horas à meia-noite, e aos sábados, domingos e feriados, das 8 às 20 horas.
Escola da Vida
Espaço onde os moradores de rua que já aceitaram alguns serviços da rede de proteção social desenvolvem diversas atividades coletivas e individuais, visando fortalecer a capacidade de expressão, autoconhecimento e autoconfiança, a partir de palestras sobre empreendedorismo, oficinas de projetos de vida, de criatividade, de liderança e de outras atividades, como rodas de conversas, exposições, cursos. A Escola da Vida funciona na rodovia Serafim Derenzi, 4452, no bairro São José.