Saúde dos Pets: campanha alerta para síndrome de ansiedade de separação em cães
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Por Deyvison Longui, com edição de Andreza Lopes
Foto Divulgação
Uma campanha elaborada pela Prefeitura de Vitória quer chamar atenção para a situação dos cães que sentem a falta dos seus tutores, por serem deixados sozinhos por longo período de tempo, em casas ou apartamentos.
Com o tema "Ansiedade de Separação em Cães", a iniciativa, trabalhada nas redes sociais, faz parte do projeto de educação ambiental para a guarda responsável de animais domésticos, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam).
Atualmente, a síndrome de ansiedade de separação é um dos distúrbios comportamentais mais comuns em cães. Ela caracteriza-se pela exibição de comportamentos considerados "desagradáveis", quando afastados da figura de vínculo. O mais comum é que esses comportamentos se manifestem quando o cão fica sozinho em casa.
"A abordagem desse tema é extremamente importante por se tratar de uma das principais causas de abandono, pois gera problemas e incômodos para a família e vizinhos, levando à frustração e quebra do vínculo", destacou o secretário municipal de Meio Ambiente, Tarcísio Föeger.
Sintomas
Latidos, choros e uivos quando estão sozinhos, bem como comportamento destrutivo, principalmente perto de portas e janelas, ou objetos que lembrem o tutor, como sapatos, almofadas, óculos, estão entre os sintomas mais frequentes apresentados pelos cães que desenvolvem a síndrome.
Ainda fazem parte dos sintomas a automutilação, como lamber-se ou coçar-se excessivamente, chegando a perder pelos ou a se ferir; salivação excessiva, respiração ofegante; e urina e fezes fora do local adequado, principalmente perto da porta ou nos locais onde o tutor costuma ficar, como cama ou sofá.
"Alguns cães desenvolvem depressão quando ficam sozinhos, o que é bastante difícil de identificar, já que não incomodam pessoas. Os animais, ainda, costumam permanecer quietos por todo o tempo, sem comer, beber ou até urinar e defecar", apontou a subsecretária municipal de Qualidade Ambiental e Bem-Estar Animal, Cristiane Stem.
Segundo a médica veterinária da Semmam, Ana Ramos, cães com ansiedade de separação têm hiperapego ao seu tutor. "Eles procuram estar sempre perto, seguem-no por toda a casa e demonstram desconforto até se não podem acompanhá-lo ao banheiro", alerta. "Ao vê-lo se arrumar para sair, procuram atrair sua atenção latindo, pegando objetos e até manifestando agressividade. Alguns, simplesmente, recolhem-se, como se houvessem levado uma bronca", complementa.
Como tratar
O tratamento para a ansiedade de separação é longo, podendo levar até um ano e envolve a combinação de terapia comportamental, manejo ambiental e medicamentos. O mais importante é o comprometimento do tutor, que precisa entender que não se trata de manha ou birra. "O cão desenvolve verdadeiros ataques de pânico, e precisa de apoio para voltar ao equilíbrio", enfatiza a médica veterinária.
Ela enumera algumas ações que podem ajudar na mudança desse comportamento, como treinos de autocontrole, passeios para socialização e gasto de energia, mudanças na rotina de saída do tutor para evitar os "gatilhos", enriquecimento ambiental, com recursos que promovam atividade mental e física, e antidepressivos são comumente utilizados, tudo sob acompanhamento médico veterinário.
"Não há cura para a ansiedade de separação, mas há controle. Se houver mudanças na rotina os sinais podem voltar, e nova etapa de tratamento deve ser instituída", observa Ana Ramos.