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Pacientes do Caps AD realizam aulas de dança no Centro Cultural Fafi
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Por Giovana Rebuli Santos (girsantoseira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Com a colaboração de Thyago Oliveira


Toda sexta-feira à tarde, o Centro Cultural da Fafi, que fica na Praça Ubaldo Ramalhete, no Centro de Vitória, ganha ritmo e alegria com o projeto "Nosso Corpo Também Dança". A atividade é voltada aos pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e tem como objetivo promover a conexão com o próprio corpo por meio da dança. A iniciativa foi realizada pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD).
A proposta foi idealizada pela musicoterapeuta do Caps AD, Djaldea Felix Fernandes, que enxerga esse projeto como uma forma de trabalhar o corpo e principalmente a saúde mental através dos movimentos de dança.
"As pessoas com quem trabalhamos enfrentam muitas dificuldades, e a dança surge como uma forma de reconectar corpo, mente e espírito. A música e o movimento ajudam a resgatar a beleza da vida, de estar consigo mesmo e com o outro. Esse projeto é sobre ajudar cada um a tomar posse do próprio corpo e reencontrar sentido e presença na vida", ressalta a musicoterapeuta, Djaldea Fernandes.
Ritmos
Por meio de diferentes ritmos brasileiros, como o forró e o maculelê, os participantes são convidados a se exercitar, mas ao mesmo tempo se divertir e conhecer o próprio corpo.
Atualmente, 15 pacientes participam das aulas. A ação está em sua primeira edição e faz parte do primeiro ciclo do projeto. Ao todo, serão cinco encontros por trimestre, com a previsão de que novos ciclos sejam realizados de forma contínua ao longo do ano.
Nesta sexta-feira (10), foi realizada a terceira aula do primeiro ciclo, conduzida pelo Professor Ruan Sodré, Mestre em Educação Física formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
"É uma forma de exercício para a mente, para as emoções e para mostrar que a dança é algo para além do corpo. A dança abre novas possibilidades, ela ajuda os pacientes a redescobrirem movimentos, se relacionarem uns com os outros e pensarem em novas formas de viver. Quero que se vejam como artistas, capazes de criar, sentir e se expressar", destacou o Professor Ruan Sodré.
Entre sorrisos, erros e acertos, os alunos puderam aprender e compreender a diferenciar ritmos lentos e rápidos, explorando estilos como samba e MPB, percebendo que, a cada mudança de música, o ritmo e o corpo também se acompanham.
Sônia Maria Moreira Abreu, 61 anos, é comerciária e uma das pacientes atendidas pelo Caps. Ela destaca o seu amor pela dança e a importância de se movimentar. "Sempre gostei de dançar, sou da época da discoteca e mesmo nessa idade, gosto de me expor a novas experiências, e a dança é uma delas. Participar deste projeto tem sido muito bom, uma experiência nova que quero levar para a vida."
Felipe Chagas De Mar, de 35 anos, é escritor e também um dos pacientes atendidos pelo Caps. Ele contou um pouco da experiência dele com a arte, mas principalmente com a música e a dança. "Eu gosto muito de arte, então qualquer forma artística me chama atenção. Gosto de ouvir música, ler e escrever. Quando era mais jovem, dançava melhor, hoje o ritmo e o ânimo são outros, mas ainda assim é divertido. Estar aqui para dançar é maravilhoso! Tudo isso é arte, e como artista, me sinto em casa."
Tanto no começo, quanto no final da aula foi realizado alongamentos com os participantes. Foi feito também uma breve roda de conversa sobre a importância da música e do poder que a dança tem de espantar todo sentimento ruim.
Os alunos também compartilharam o nome de artistas que costumam ouvir e dançar como, por exemplo, Zeca Pagodinho, Amado Batista, Raça Negra e Pabllo Vittar.
A diretora do Caps AD, Elaine Freitas, afirma que o projeto traz a oportunidade de novas experiências para os pacientes atendidos pelo Centro. "Esse projeto foi pensado para oportunizar novas experiências às pessoas com agravos em saúde mental, não apenas relacionadas ao uso de álcool e outras drogas, mas também a transtornos mentais em geral. É um projeto piloto, que está em sua primeira edição, e tem como objetivo, por meio da música e da dança, abrir caminhos para que essas pessoas participem de espaços de convivência coletiva, com arte, cultura e integração."

