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Idosos com limitações recebem atendimento domiciliar em Vitória

Publicada em 04/08/2022, às 12h20

Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes


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Foto Divulgação
Equipe do Sead atende idosos em situação de vulnerabilidade
Equipe Sead subindo para a casa da dona Elvira: Renan Mozer Grassi, Gabriela Queiroz Vieira Neves e Viviane Maria Pessoa. (ampliar)
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Senhor José Murilo com a equipe do Sead que atende idosos em situação de vulnerabilidade
Senhor José Murilo com a equipe do Sead que atende idosos em situação de vulnerabilidade. (ampliar)

A pessoa idosa, que está em situação de violação de direitos e que tem dificuldades de locomoção, por vezes, tem dificuldade de acesso aos serviços públicos.  Nesses casos, como buscar auxílio na Política de Assistência Social? 

Em Vitória, os Centros Especializados de Referência de Assistência Social de Vitória (Creas) entram em cena por meio das equipes do Serviço Especializado de Atendimento Domiciliar ao Idoso e Pessoas com deficiência (Sead), da Secretaria de Assistência Social do Município (Semas). São essas equipes, compostas por assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, que vão até a casa das pessoa idosa e/ou portadoras de alguma deficiência, e realizam o acompanhamento em domicílio.

Famílias como a da aposentada Elvira, de 92 anos, que tem dificuldades de locomoção, em virtude de problemas osteomusculares e de circulação sanguínea nos membros inferiores, o que dificulta se manter na postura de pé. A idosa mora com os filhos José Murilo, de 74 anos, portador de deficiência física e visual, e Marcus, de 61 anos, que tem problemas relacionados ao consumo excessivo de álcool e outras drogas.

Elvira mora no bairro Resistência, mais precisamente num recanto no final de uma escadaria à beira da região de manguezal. Até a sua casa são mais de 150 degraus, em desnível e sem corrimão. Não tem Código de Endereçamento Postal (CEP) nem número e, só dá para ver a casa indo até lá.

Um local considerado invisível e impossível de ser localizado pela maioria das pessoas, mas que a equipe do Sead do Creas Maruípe já conhece e atende com maestria. Formada pela assistente social Viviane Maria Pessoa, a terapeuta ocupacional Gabriela Queiroz Vieira Neves e o estagiário de Terapia Ocupacional Renan Mozer Grassi, a equipe leva a até a família de dona Elvira muito mais que simples atendimentos, fazendo chegar até eles acolhimento e dignidade.

Quinzenalmente, a equipe realiza visitas domiciliares para acompanhamento especializado, monitoramento e para dar retorno às demandas da família. Foi o que aconteceu, por exemplo, na última semana, quando a equipe Sead foi à casa da dona Elvira informar sobre a solicitação feita pelo José Murilo. O filho havia pedido que encontrassem um espaço em que fossem ofertados proteção e cuidados. E o pedido foi atendido. José Murilo já foi acolhido em um dos abrigos vinculados à Semas

"O papel do serviço é de facilitar o acesso das famílias que encontram- se com seus direitos violados. Muitas vezes chegamos primeiro do que qualquer outro serviço público, a partir  de denúncias anônimas feitas ao Disque 100. Nessas situações, nenhum outro órgão teve contato com a família, ou seja, as pessoas desconhecem essas famílias e, nós, somos o primeiro contato de acesso aos direitos", destacou a terapeuta ocupacional Gabriela.a

A terapeuta fez questão de ressaltar que a atuação Sead é feita em parceria com toda rede intersetorial. "Muitos casos são encaminhados também pelas equipes de saúde e Ministério Público", completou. 

Encaminhamento 

A família da dona Elvira é uma das encaminhadas pela unidade de saúde que relatou indicação de negligência e abandono familiar. "Quando chegamos a casa vimos que a situação era mais complexa. Entendemos que o trabalho em domicílio possibilita aproximação com o cotidiano dos usuários, o que amplia o leque de intervenções e necessidades dessa família, como sujeitos de direitos. Temos o foco de potencializar essa família e auxiliar na criação e manutenção de redes de suporte a eles", comentou Gabriela.

Falante, José Murilo disse que o contato com o mundo externo à sua casa se dá por meio de um rádio de pilha e da equipe do Sead. "Me sinto muito bem, se não fossem elas não sei como estaríamos hoje. Fico ansioso esperando a chegada deles. São os únicos que nos dão atenção. O trabalho deles faz toda a diferença na vida da gente. Me sinto protegido. Eles nos escutam e atendem nas coisas que a gente precisa. Com o atendimento deles, as coisas começaram a melhorar, ajustar, caminhar", afirmou o idoso.

José Murilo contou que sua maior alegria é a chegada da equipe do Sead. "Ouço de longe a voz da equipe. Minha mãe tem problema na audição, então eu ouço e já digo: pode entrar. A porta nunca fica fechada para que possam entrar sempre", contou.

O idoso fez questão de relatar um dos momentos em que a presença da equipe foi fundamental para fazer valer o seu direito à proteção no sentido mais amplo da palavra. "Uma vez meu irmão estava me agredindo fisicamente. A chegada da equipe fez cessar as agressões. Quando elas aparecem sinto alívio, sinto que tem alguém cuidando de nós, acolhendo", declarou José Murilo.

A assistente social Viviane, disse que ao saber do caso o primeiro passo foi localizar e conversar com os demais membros do núcleo familiar (outros três filhos e netos). "Pelo Estatuto da Pessoa Idosa é responsabilidade primordial dos filhos cuidar dos pais. Por isso, chamamos a família para atendimento. Contudo, eles não compareceram. Desta forma, buscamos articular com a rede de suporte informal" informou.

Nesse contexto, a equipe do Sead buscou o fortalecimento dos vínculos comunitário e, entrou em cena a vizinha Mariza e o filho Luciano. São eles que pagam as contas da casa, fazem as compras de alimentos, socorrem e acionam os serviços públicos em caso de urgência. " Foi meu filho que carregou José Murilo nas costas, até o carro do Sead, para ir à consulta e para pegar a cadeira de rodas", contou dona Mariza.

Familia

A assistente social disse que o papel do Sead é trabalhar com foco na família. "A própria política do Suas (Sistema Único da Assistência Social) vem com a ênfase na centralidade da família. Atuamos para fortalecer os vínculos familiares e comunitários. Não chegamos para apontar erros, acusar ou investigar situações de violências nos lares. Realizamos uma escuta acolhedora e propomos encaminhamentos que visem o suporte às famílias e à superação das violências", explicou ela. 

Gabriela comentou, ainda, que muitas famílias têm dificuldades de compreensão, de expressão e de acessar seus direitos no território. Nesses casos, a equipe realizar o acompanhamento territorial, de ir junto com a família em busca da garantia do acesso aos seus direitos. 

"Literalmente, pegamos na mão e levamos o indivíduo, as famílias ao enfrentamento de suas vulnerabilidades, visando fortalecer os diferentes sujeitos sociais no desenvolvimento da autonomia para uma vida mais integra", complementou a terapeuta ocupacional Gabriela Queiroz Vieira Neves.

A gerente de Proteção Social Especial de Média Complexidade, Fabíola Calazans' destacou a relevância do Sead no movimento do encontro. "Nesta intervenção, as equipes vão ao encontro do idoso e da pessoa com deficiência e, realizam um acompanhamento, não em qualquer lugar, mas no lar. A casa é simbólica para nós como sujeitos, mas também para a assistência social. Aqui, está o diferencial desta equipe: a escuta qualificada, as proposições pautadas no resgate do sentido da vida, na autonomia das pessoas, no fortalecimento do cuidador, nas constantes articulações com as demais políticas públicas, no intenso movimento contra o isolamento social e prevenção ao acolhimento institucional", destacou Calazans. 

Em 2021, o Sead acompanhou 366 idosos e Pessoas com Deficiência (PcD) e seus cuidadores. Ao todo, foram realizados 3.651 acompanhamentos domiciliares. Só no primeiro semestre desse ano, o serviço já acompanhou 273 pessoas idosas, PcD e seus familiares., totalizando 1.626 acompanhamentos domiciliares.  As equipes são formadas por assistentes sociais e terapeutas ocupacionais. Cada Creas possui duas equipes, atuando matutina e vespertinamente.

Para a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, o Sead representa um serviço muito importante para a política de Assistência Social e principalmente para as famílias por ela atendidas. "Trabalhar os vínculos familiares e comunitários e a autonomia das pessoas, bem como a garantia de direitos é ter a certeza de nossa importância enquanto política pública com reflexos na vida das famílias", destacou Cintya. 

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Dona Elvira com a equipe do Sead que atende idosos em situação de vulnerabilidade
Dona Elvira recebe atendimento feito pela equipe do Sead. (ampliar)
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Dona Mariza com equipe do Sead que atende idosos em situação de vulnerabilidade
Dona Mariza, junto a equipe do Sead, é vizinha da família de dona Elvira e faz parte da equipe de apoio externo. (ampliar)

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