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Documentário feito por estudantes da capital estará no Festival de Cinema do Rio
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Por José Carlos Schaeffer (jcschaeffereira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes

O documentário "Manguezal Vivo", produzido por estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alberto de Almeida, que fica no bairro Santo Antônio, foi selecionado para o Festival de Cinema do Rio, o maior da América Latina.
A obra é resultado de um projeto interdisciplinar desenvolvido na escola, que integrou as disciplinas de Ciências e História, em uma proposta de investigação, sensibilização ambiental e protagonismo estudantil, supervisionado pelos professores Daiana Rosário e Iago Menezes de Souza.
Nesta quarta-feira (8), os estudantes Antônio Marcos de Jesus Ribeiro Junior (9º ano), Matheus Vieira dos Santos (6º ano), Isadora Oliveira de Souza (6º ano), Esther Gueitte Soares (8º ano) e Ágatha Monteiro Erlacher da Trindade (8º ano), embarcam no Aeroporto de Vitória, acompanhados pelos professores Daiana Rosário, Iago Menezes de Souza e Flávia Maria Volkers, para acompanhar a estreia do documentário no Festival.
Para muitos desses alunos, será a primeira viagem de avião e a primeira vez fora do Espírito Santo, o que torna a experiência ainda mais significativa.
Oportunidade
O professor de História Iago Menezes de Souza falou sobre a oportunidade que os estudantes recebem por meio do trabalho produzido. "Muitos nunca tinham nem pisado num aeroporto, e agora estão indo pro Rio ver um filme que eles mesmos fizeram. Isso muda tudo. Mostra que o que a gente faz na escola tem peso, tem verdade, tem potência. É sobre ver o mundo e perceber que ele também pode ver a gente de volta. Esse tipo de experiência ensina o que livro nenhum sozinho dá conta: ensina a sonhar com o pé no chão e a cabeça no futuro", contou.
Assista ao documentário disponível aqui.
Manguezal Vivo
A iniciativa teve como ponto de partida o diagnóstico do território: professores e alunos mapearam os principais desafios enfrentados pela Estação Ecológica Ilha do Lameirão, como poluição, desmatamento e ocupações irregulares. A partir de pesquisas bibliográficas, rodas de conversa e entrevistas com moradores e pescadores, o grupo construiu uma compreensão profunda sobre a importância do manguezal para o equilíbrio ambiental e para a vida das comunidades locais.

Uma das supervisoras da atividade, a professora Daiana Rosário falou sobre o aprendizado e desenvolvimento dos estudantes. "Quando o aluno se reconhece como parte do espaço que estuda, a aprendizagem ganha outro significado. O Projeto Manguezal permitiu que eles compreendessem a relevância ambiental e social do lugar onde vivem, conectando ciência, cultura e identidade", disse.
Baseado na metodologia da aprendizagem baseada em projetos (ABP) e na investigação científica, o trabalho estimulou os estudantes a assumirem papéis ativos no trabalho. Cada turma ficou responsável por um eixo temático: o 6º ano trabalhou memória e imagem afetiva do manguezal; o 7º ano, lixo e coleta seletiva; o 8º ano, conservação da biodiversidade; e o 9º ano, produção audiovisual e comunicação ambiental.
As atividades combinaram momentos teóricos e práticos, com palestras, oficinas temáticas e saídas de campo para observação direta e coleta de depoimentos. Todo o processo foi documentado pelos próprios estudantes em fotos, vídeos e relatos escritos, que deram origem ao documentário.
A parte técnica da produção ficou a cargo dos integrantes do projeto "A Voz do Alberto", coordenado pelo professor de História da escola. Eles participaram de oficinas de audiovisual, abordando câmera, captação de som, roteiro e edição, e assumiram funções como direção, câmera e montagem. O resultado é uma narrativa coletiva, de aproximadamente dez minutos, que expressa o olhar dos jovens sobre o território em que vivem.
No Dia Mundial do Meio Ambiente, a Emef Alberto de Almeida realizou uma exibição especial do documentário, reunindo estudantes, professores, famílias e moradores para um debate sobre a preservação do manguezal e da vida comunitária.
O diretor da Emef Alberto de Almeida, Melquisedeque Silveira, falou sobre o resultado do trabalho realizado para o futuro dos estudantes. "Ver nossos meninos e meninas embarcando num avião para representar a escola num festival de cinema nacional é uma emoção enorme. Eles estão levando o nome da Emef Alberto de Almeida e da rede municipal de Vitória, mas, acima de tudo, estão levando suas histórias, suas vozes e seus sonhos. Isso é educação transformadora", destacou.
Destaque
Além da seleção para o Festival do Rio, o projeto também foi destaque em outros espaços: os estudantes foram escolhidos para o Festival de Invenção e Criatividade do Espírito Santo (FIC ES 2025), promovido pela Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa (RBAC) e pela Ufes, com o tema "Educação, Inovação e Criatividade para um Mundo em Transformação."
A escola também foi uma das cinco do país selecionadas para o programa Câmara Mirim 2025, da Câmara dos Deputados, em Brasília, que promove formação cidadã e protagonismo juvenil por meio da vivência do processo legislativo.