Com teatro, música e poesia, o projeto de contos e narrativas levou arte e culturaao público infantil, nesta terça-feira (5), no Centro Municipal de Educação Infantil Ernestina Pessoa, no bairro Moscoso, em Vitória. A atividade contou com duas sessões, no período da manhã e à tarde.
A iniciativa foi contemplada no edital 004/2024, vinculado à Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), que apoia atividades e apresentações artístico-culturais em todo o país. O trabalho é realizado com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura (Semc), por meio do Fundo Municipal de Cultura (FunCultura).
As apresentações combinaram múltiplas linguagens artísticas, música, performance, artes visuais e literatura, criando uma experiência imersiva e sensorial para o público infantil. Por meio da contação de histórias, o espetáculo apresenta mitos, lendas e saberes das culturas afro-brasileira e indígena, em uma proposta que valoriza a diversidade, a oralidade e a transmissão de conhecimentos ancestrais.
Durante as sessões, o público pôde conhecer personagens e narrativas que remetem às tradições e cosmovisões dessas culturas, embaladas por instrumentos musicais tradicionais, como berimbau, tambor e pandeiro. Figurinos, maquiagens e elementos cênicos inspirados nas estéticas afro e indígena completam o ambiente encantador, que estimula a imaginação e convida à participação ativa das crianças.
A condução do projeto é da artista Ione Reis, graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Artivista, pesquisadora e capoeirista, Ione baseia sua trajetória artística na experiência afroindígena, integrando arte, educação e ancestralidade. Ela tem ampla experiência em contação de histórias, oficinas e festivais de arte-educação voltados à valorização das identidades culturais brasileiras.
Segundo Ione, o projeto surgiu da necessidade de promover representatividade e valorização das culturas afro-brasileira e indígena entre as crianças. "Ao longo da história, a literatura infantil e as narrativas predominantes no Brasil foram construídas a partir de perspectivas eurocêntricas. Isso gerou um vazio representativo que impacta diretamente na formação da identidade das crianças, perpetuando estereótipos e baixa autoestima", explica.
Ela destaca ainda o papel da arte como ferramenta de transformação: "A arte de contar histórias é uma prática ancestral que prioriza a oralidade como instrumento de transmissão de saberes às novas gerações. Ao mesmo tempo, estimula a reflexão sobre identidade e pertencimento, fortalecendo os laços entre memória, cultura e comunidade."
A atividade foi gratuita e aberta ao público, com foco principal nas crianças, mas também voltada a educadores, famílias, pesquisadores e demais interessados em arte-educação. Cada sessão teve duração média de 70 minutos e estrutura acessível, com intérprete de Libras e espaços físicos adaptados para garantir a inclusão de todos os participantes.