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Personalidades da cultura local recebem Comenda Maurício de Oliveira

Publicada em 24/09/2014, às 18h06 | Atualizada em 25/09/2014, às 13h53

Por Leo Vais, com edição de Matheus Thebaldi


Foto Divulgação
Maurício de Oliveira
Violonista Maurício de Oliveira dá nome a comenda que é entregue a personalidades da cultura local

Um dos maiores violonistas do país e grande ícone cultural do Espírito Santo completaria 89 anos em 2014. Em reconhecimento à importância de sua obra, a Secretaria Municipal de Cultura (Semc) realiza a cerimônia de concessão da 3ª "Comenda Maurício de Oliveira", nesta sexta-feira (26), no Museu Capixaba do Negro (Mucane), a partir das 18h30.

O evento é aberto ao público. Após a solenidade, acontecerá a apresentação do Grupo de Música da Fafi, que interpretará músicas de Maurício de Oliveira.

Instituída em 2010, por meio do decreto 14.817, a condecoração foi criada como forma de reconhecimento e gratidão ao trabalho do maestro e para homenagear os cidadãos engajados no movimento cultural e que tenham contribuído de forma significativa para o crescimento da cultura local.

"A Comenda Maurício de Oliveira homenageia não apenas o trabalho de um dos nossos maiores artistas, como também a obra em curso de nomes importantes da cultura capixaba e a memória de um escritor, um músico e um ator que deixaram imensa contribuição ao Espírito Santo", disse a secretária municipal de Cultura, Ana Laura Nahas.

Homenageados

Elizabeth Nader
Homem de cabelos, barba e bigode brancos segurando um livro em maio a estantes da biblioteca
Artista plástico Gilbert Chaudanne é um dos homenageados que receberão a comenda

Os homenageados foram escolhidos por uma comissão paritária, composta por seis membros: três representantes do poder público municipal e três representantes da sociedade civil.

Este ano, 12 personalidades receberão o maior título honorífico de Vitória:

Lenira Borges (Dança)

Pioneira do ensino da dança clássica em Vitória, ela veio para a cidade em 1961, quando deixou Porto Alegre e fundou a atual Academia Lenira Borges - Ballet Studio. Com mais de 50 anos de trabalho, formou gerações de dança que são destaques no cenário nacional e internacional.

Attilio Colnago (Artes Plásticas)

Um dos mais importantes e influentes artistas plásticos do Espírito Santo. O pintor, desenhista, professor de Artes Plásticas, pesquisador e restaurador já atuou também como ilustrador de livros e cenógrafo e figurinista de teatro. Tem no currículo mais de 50 exposições, entre coletivas e individuais. Atualmente, é coordenador do Núcleo de Conservação e Restauração do Centro de Artes da Ufes.

Neusa Mendes (Artes Plásticas)

Nascida e criada na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), entrou para o curso de Artes Plásticas na década de 70 e se tornou referência nas galerias "Espaço Universitário" e "Arte e Pesquisa" da Ufes como curadora até ser nomeada secretária de Cultura do Estado. Atualmente, é responsável pela coordenação da Superintendência de Cultura e Comunicação da Ufes.

Gilbert Chaudanne (Artes Plásticas)

Gilbert Chaudanne nasceu na cidade de Besançon, na França, e mora em Vitória desde 1985. Formado em Biologia, com mestrado em Geologia, seu tema principal na pintura são as "Madonas" (Nossa Senhora), além de flores, nu feminino e chaleiras azuis. Chaudanne destaca-se ainda como palestrante sobre diversos temas como arte, literatura e filosofia.

Afonso Abreu (Música)

Iniciou sua carreira nos anos 1960 tocando rock. Em 1968, integrou o lendário grupo pré-tropicalista "Os Mamíferos", com Aprígio Lyrio (vocal), Mário Ruy(guitarra) e Marco Antônio Grijó (bateria) e os compositores Rogério Coimbra, Arlindo Castro e Sérgio Reis. Do rock, nos anos 70, Afonso Abreu passa para o jazz, criando o Afonso Abreu Trio. No repertório, releituras do jazz, MPB e composições próprias.

Ailton Borges/ Ailton do Bandolim (Música)

O bandolinista teve contato com o instrumento e o chorinho desde criança, ouvindo sua mãe tocar bandolim. Ganhou o instrumento dela, mas só se dedicou ao instrumento quando se aposentou. Em 2004, passa a tocar profissionalmente, fundando o grupo Chorando Baixinho.

Paulo de Paula (Teatro)

Sua primeira participação no teatro foi aos 4 anos de idade, na formatura de pastor de seu pai. Daí em diante, não parou mais. Ganhou bolsa de estudos nos Estados Unidos e lá foi professor de inglês e espanhol, onde também chegou a concluir dois mestrados na área do teatro. Foi secretário da Confederação Nacional de Teatro e da Federação Capixaba de Teatro (Fecata), criou o Teatro da Barra (na Barra do Jucu), atuou e dirigiu inúmeras peças para o teatro e cinema, entre as quais, “O arquiteto e o imperador da Assíria”, “Diga trinta e três”, “Ubu rei”.

Ioannis Zavoudakis (Escultura)

O escultor grego radicado no Espírito Santo é autor de várias obras, entre as quais, a escultura Cruz Reverente, instalada na Praça do Papa, na Enseada do Suá. O monumento é constituído por uma cruz de aço, com forma curvilínea, assentada sob base de concreto armado. Traz no alto uma pomba branca, simbolizando o Espírito Santo, componente da Santíssima Trindade, segundo a religião católica. É um marco comemorativo à visita do pontífice João Paulo II ao Espírito Santo, em 1991. Também é de sua autoria o monumento memorial do centenário da Abolição "Quebra dos Grilhões", em frente à rodoviária de Vitória.

Branca Santos Neves (teatro)

Atriz de teatro, cinema e televisão, foi também bailarina e crítica de cinema do jornal O Diário. Integrou o Grupo de Teatro da Barra a partir de 1974. Entre seus trabalhos no teatro, destacam-se “Anchieta Depoimento” (2004), de Paulo de Paula, e “Esperando Godot” (1981), de Jean Jenet. “Yara a rainha dos raios”, com direção de Lúcia Calmon, foi sua última peça. Um de seus trabalhos no cinema foi “Passo a passo com as estrelas” (1995), dirigido por Marcel Cordeiro. Na televisão, “Trilhos de sangue”, pela TVE. Na dança, integrou várias coreografias de Denise Marques.

Miguel Marvilla (1959- 2009) (Literatura)

Poeta, contista e ensaísta, Miguel Marvilla era membro da Academia Espírito-Santense de Letras, editor da Flor & Cultura, além de um dos maiores agitadores culturais da cena capixaba. Dono de títulos como “Dédalo” e "Os Mortos Estão no Living", ele fez parte da “Geração 80”, ao lado de nomes como Bernadeth Lyra, um grupo de escritores que tentou inserir a produção literária do Estado na cena nacional.

Jaceguay Monteiro Lins (1947-2004) (Música)

Foi maestro, músico, arranjador e escritor. Com estilo único e vanguardista, ele deixou músicas como Cantata Lírica, Lacrimabilis e Ave, Palavra, além de várias obras para o cinema e produções híbridas ressignificando elementos da música folclórica brasileira, em especial o congo capixaba. Foi professor da Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, e regente da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo na década de 80. Morreu de câncer, sendo sepultado no cemitério São Domingos, no município da Serra, ao som dos tambores do congo.

Ednardo Pinheiro (1933-2014) (Teatro)

Iniciou sua carreira na Alemanha, quando criança, acompanhando a mãe adotiva, atriz, em apresentações durante a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1950, veio para o Brasil e fez carreira no teatro em São Paulo, trabalhando também no cinema e na televisão. No início da década de 1990, mudou-se para Vitória, encenando aqui mais de 10 espetáculos, entre os quais, “Os Coveiros”, em parceria com o ator José Augusto Loureiro, que permaneceu em cartaz durante oito anos, além de ter sido professor na Escola de Teatro, Dança e Música Fafi.

Comissão

A comissão de 2014 foi composta por Janaína Frechiani Leite, Sebastião Ribeiro Filho e Wilson Coelho Pinto, como representantes do poder público municipal, e pelo artista plástico Fabrício Coradello, pelo cineasta Gui Castor e pela atriz Colette Dantas, representantes da sociedade civil.


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