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Mucane 25 Anos: mediações desconstroem Dia da Abolição da Escravatura

Publicada em 10/05/2018, às 17h00

Por Leo Vais, com edição de SEGOV/SUB-COM


Imagem divulgação
13 de maio
Dia da Abolição da Escravatura é celebrado em 13 de maio no Brasi: lei foi assinada por Princesa Isabel

Dentro da programação de 25 anos do Museu Capixaba do Negro (Mucane), acontece uma série de mediações que tratam do 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura. Intituladas "Desconstrução do 13 de Maio", as visitas guiadas têm o objetivo de devolver aos negros o protagonismo da sua história e reforçar que não aceitaram passivamente a escravidão.

"O dia 13 de maio foi construído sobre uma história oficial que não correspondia à realidade do País. Uma história que omitiu as inúmeras lutas dos povos negros e indígenas, unidos ou não aos grupos abolicionistas formados também por brancos", disse Ariane Meirelles, profissional da dança afrobrasileira e membra do Conselho Municipal do Negro (Conegro).

Novo olhar

Para Ariane, problematizar sobre a ausência de políticas públicas após a libertação dos escravos é uma forma de despertar na população um novo olhar sobre a data. "Os povos negros africanos foram raptados da África e passaram várias gerações, mais de três séculos, em trabalho escravizado. Quando o governo imperial decide promover a falaciosa abolição, não promoveu nenhuma política pública para a população 'liberta' nos campos da saúde, habitação, educação, trabalho, segurança. Nada para essa numerosa população. Apenas a rua e a fome".

Ela complementou: "Nesse processo de lançamento dos povos 'libertos', populações europeias foram estimuladas a ocupar o país com recebimento gratuito de terra, moradia e trabalho remunerado, ao passo que a população negra passou a inventar as favelas e outros espaços alternativos de moradia sem qualidade".

História

Meirelles acredita que esse processo que apresenta outro olhar sobre a história do povo negro no Brasil contribui para a formação de crianças e jovens negros. "É importante que as novas gerações se reconheçam como pessoas importantes, que se valorizem e valorizem seus pares negros. Que saibam que podem e devem ocupar todos os lugares, especialmente os lugares de poder".

"É fundamental que conheçam e reconheçam diversas e poderosas personalidades negras que necessitam ser conhecidas e homenageadas pelos seus grandes feitos não apenas nas bravas lutas de libertação, mas também pelos conhecimentos filosóficos e tecnológicos que trouxeram da África e aperfeiçoaram em terras brasileiras".

Exposição

Leonardo Silveira
Exposição UJUZI no MUCANE - Museu Capixaba do Negro
Exposição "UJUZI: Conhecimento é Poder" tem a proposta de aproximar o público das principais linguagens africanas

O público que for ao Mucane também pode conferir a exposição "UJUZI: Conhecimento é Poder", do Coletivo UHURU. O trabalho tem a proposta de aproximar o público das principais linguagens africanas, através do grafite, vídeo mapping, artes plásticas e simbologias africanas.

"Acreditamos que devemos utilizar de todos os meios possíveis que ampliem e facilitem a absorção de conhecimento da cultura africana. Com base nisso, o projeto propõe um olhar sensível a esse (re)conhecimento, valores e tradições, mostrando a relevância do resgate de comunicações ancestrais", explicou o coletivo.

O trabalho foi contemplado no Edital de Seleção de Projeto de Ocupação do Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas”- Mucane, ano 2017/2018, Categoria I - Exposição Artística, e realizado com recursos do Fundo Municipal de Cultura.

Serviço

Mucane 25 Anos: “Desconstrução do 13 de Maio”
Quando: 10 e 11 de maio (para escolas agendadas) e 12 de maio (aberto ao público), às 9 e 14 horas.

Exposição "UJUZI: Conhecimento é Poder" - do Coletivo Uhuru
Visitação: de 10 de maio a 14 de julho. Terça a sexta-feira, das 13 às 18 horas, e sábado, das 10 às 14 horas.

Onde: Museu Capixaba do Negro "Verônica Pas" – Mucane – Avenida República, 121, Centro
Aberto ao público

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