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Temporada de baleias jubarte em 2020 confirma recuperação da espécie no Brasil
Publicada em 09/12/2020, às 15h16
Por Lívia Albernaz, com edição de Matheus Thebaldi
Foi uma temporada atípica em função dos desafios da pandemia. Mas tomando os cuidados necessários, o projeto Baleia Jubarte conseguiu finalizar mais uma temporada de pesquisa com as baleias, a 33ª desde 1988, quando iniciou suas atividades, e ainda confirmou a recuperação da espécie no Brasil.
Por conta do coronavírus, foi necessário reduzir o número de pesquisadores a bordo, usar os equipamentos de proteção e manter o distanciamento social. Apesar das dificuldades, o trabalho de campo foi concluído com bons resultados.
Na temporada de 2020, além do trabalho regular nas bases de Praia do Forte e Caravelas (BA) e em Vitória, foi realizada uma expedição nessas regiões para avaliar como está a ocupação do litoral baiano e capixaba pelas baleias.
Números
O projeto Baleia Jubarte registrou 424 grupos da espécie, num total de 1.040 indivíduos, dos quais 279 eram filhotes nascidos na Bahia e no Espírito Santo.Para isso, as equipes de pesquisa navegaram mais de 4.254 km, o equivalente a mais da metade da costa do Brasil.
Agora, as baleias jubarte já estão retornando à Antártica para se alimentar, e é hora de as equipes de pesquisa analisarem todos os dados coletados e se prepararem para o próximo inverno, quando elas estarão de volta.
"Acabamos de enviar 209 amostras de pele de baleia para análise genética no Laboratório de Biologia Genômica e Molecular da PUC-RS e estamos aguardando uma licença para exportar 58 amostras de gordura para a Universidade Griffith, na Austrália", informou Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do projeto Baleia Jubarte.
Com as análises genéticas, é possível identificar os indivíduos, saber o grau de parentesco entre as baleias e determinar se há migração entre as diferentes populações. Já as amostras de gordura ajudam a entender o quanto as mudanças climáticas estão afetando a Antártica e, indiretamente, as baleias. A jubarte está sendo usada, assim, como uma sentinela da condição climática de toda a região.
Mais filhotes em 2020
A temporada 2020 se caracterizou por um aumento no nascimento de filhotes. "Em 2019, tivemos 11,4% de filhotes do total de animais registrados, mas este ano encontramos 17,6%. Isso quer dizer que muitas baleias que vieram acasalar em 2019 tiveram seus filhotes neste ano. No final da temporada, quase todo grupo que avistávamos tinha um filhote junto à sua mãe", afirmou Eduardo Camargo, coordenador do projeto Baleia Jubarte.
Os pesquisadores acham que a diminuição do número de embarcações no mar pode ter sido positiva para as baleias. A redução no transporte de carga e nas atividades pesqueiras deve ter diminuído o risco de atropelamento de baleias por navios e emalhe em equipamentos de pesca. Também com menos navios, os machos de jubarte puderam cantar mais livremente para atrair as fêmeas, sem ter que competir com o ruído das embarcações.
"Hoje, temos são de 20 mil jubartes no Brasil. Parte dessa população morre de causas naturais, como doenças e velhice, e parte morre por influência de atividades humanas, como é o caso do encalhamento em redes de pesca e atropelamentos por grandes navios. É nesta segunda parte que precisamos tentar atuar cada vez mais, para prevenir esse tipo de acidentes", destacou Milton.
Sobre o projeto
O projeto Baleia Jubarte é administrado pelo Instituto Baleia Jubarte a partir de suas sedes na Praia do Forte e em Caravelas, na Bahia, e Vitória, no Espírito Santo. Mais informações sobre as atividades podem ser obtidas em www.facebook.com/baleiajubarte e em www.baleiajubarte.org.br/projetoBaleiaJubarte/.