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Realidade aumentada ressignifica equipamento Sistema Solar na Praça da Ciência
Publicada em 07/10/2022, às 12h50 | Atualizada em 07/10/2022, às 12h55
Por Brunella França, com edição de Andreza Lopes
O equipamento "Sistema Solar", que integra o acervo da Praça da Ciência, foi projetado pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins, localizado no Rio de Janeiro, na década de 1980 do século XX, e está instalado desde sua inauguração, em 12 de outubro de 1999. Representando a nossa casa cósmica em escala, o equipamento apresentava baixa procura pelo público geral e escolar.
Como forma de estabelecer novas interações com os estudantes e o público geral, foi proposta a implantação da realidade aumentada no equipamento, projeto do hoje físico Alerf Dornel, que à época era estagiário da Praça da Ciência, como recurso tecnológico inovador para a comunicação entre o acervo e o usuário.
Ele explicou que o projeto exigiu aspectos tecnológicos e pedagógicos. A ideia inicial foi a melhoria dos fenômenos abstratos nos conteúdos de Física abordados na mediação do equipamento "Sistema Solar", especificamente assuntos de astronomia.
"Resumidamente, no momento da visita, o mediador utiliza o aplicativo de Realidade Aumentada durante sua mediação. O roteiro escolhido foi o de Astronomia. Ao realizar sua explicação sobre o sistema solar e os planetas, é possível visualizar as projeções 3D no tablet, facilitando a abstração e visualização dos astros", explicou Alerf Dornel.
O passo a passo é simples:
- Abrir o aplicativo
- Apontar para o totem
- Visualizar as realidades aumentadas
Realidade aumentada na educação
Desenvolvedor do projeto, o físico explicou que a realidade aumentada facilita a mediação se pensada corretamente e se seu uso for coerente, melhorando o aprendizado e intensificando o compartilhamento entre o acervo científico e o público.
"Ao posicionar os meios tecnológicos como elemento importante na mediação, entende-se que o sucesso da eficiência informacional perpassa pelo uso destes recursos por parte do público. O público da Praça passa a ser visto também como usuário e manipulador da informação/conhecimento com possibilidades de explorar os acervos de maneira mais livre e dinâmica. Assim, permitindo novas possibilidades para o oferecimento de informações, o público ganha protagonismo e acaba por se envolver", destacou Dornel.
Os recursos tecnológicos utilizados em museus e Centros de Ciência e Tecnologia são o que, muitas vezes, encanta o público. De acordo com o criador da realidade aumentada na Praça da Ciência, o uso coerente de recursos tecnológicos possibilita ampliar as possibilidades informacionais aos acervos, o que pode potencializar a missão daquele espaço. Além disso, a realidade aumentada tem ainda o potencial de desenvolver materiais didáticos inclusivos.
Entre os benefícios da realidade aumentada em processos de aprendizagem estão o aumento da motivação, uma vez que os usuários se mostram interessados e envolvidos com a nova tecnologia experimentada, mostrando-se proativos e manifestando a intenção na continuidade do uso dessa tecnologia. E ainda aumento da atenção e concentração, já que a participação física no manuseio induz uma concentração mais profunda. Além de maior satisfação, pois os usuários vivenciam o processo de aprendizagem, e também melhoria da visualização dos fenômenos físicos e astronômicos.
Conhecimento compartilhado
"Desde a aplicação do novo sistema pelos mediadores da Praça da Ciência, o equipamento 'Sistema Solar' passou a ser o queridinho dos visitantes e professores. A nova abordagem trouxe estímulo aos estudantes para o conhecimento da Astronomia. Com o recurso, é possível visualizar os astros e compreender, de forma mais dinâmica, os detalhes de cada planeta e da nossa estrela Sol", destacou a coordenadora da Praça da Ciência, Juvenilda Ribeiro.
O projeto foi desenvolvido em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) Campus Cariacica, que atuou na abordagem e no desenvolvimento do aplicativo. Os bons resultados do recurso de realidade aumentada registados pela Praça da Ciência, ao longo de 10 meses, estimularam a equipe a compartilhar a experiência com outros museus e centros de ciência.
Alerf Dornel, Juvenilda Ribeiro e Robson Leone Evangelista, que é professor do Ifes, escreveram o trabalho "A realidade aumentada como recurso para mediação de Acervos de Ciência e Tecnologia, que será apresentado nesta sexta-feira (07), no V Seminário Internacional de Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia.
Seminário internacional
O V Seminário Internacional Cultura Material e Patrimônio de Ciência e Tecnologia é uma realização do Museu de Astronomia e Ciências Afins, instituto de pesquisas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O evento é aberto a todos aqueles interessados na preservação, documentação e uso do patrimônio cultural de ciência e tecnologia entendido em amplo espectro. Incluindo o conhecimento científico e tecnológico produzido, além de todos aqueles objetos (inclusive documentos em suporte papel, coleções arqueológicas, etnográficas e espécimes das coleções biológicas) que são testemunhos dos processos científicos e do desenvolvimento tecnológico, além das construções arquitetônicas produzidas com a funcionalidade de atender às necessidades desses processos e desenvolvimentos.