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PMV inicia plano de mudança climática com orientação do cientista Carlos Nobre
Publicada em 29/03/2023, às 13h20 | Atualizada em 29/03/2023, às 13h28
Por Deyvison Longui, com edição de Andreza Lopes
Um dos mais renomados climatologistas do país e um dos cientistas brasileiros mais conhecidos mundialmente, o professor doutor Carlos Nobre, apresentou o trabalho que será realizado em Vitória para a elaboração do Plano de Adaptação a Eventos Climáticos Extremos. Ele esteve na capital, na tarde desta terça-feira (28), para encontro com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e também para palestrar sobre "Mudanças Climáticas e a cidade de Vitória. Agendas globais e agendas locais".
O evento ocorreu no auditório Zemar Moreira Lima, na sede da Prefeitura de Vitória, em Bento Ferreira, e contou com a presença de professores, alunos, profissionais da área ambiental e de diversas autoridades. O cientista brasileiro também tem destaque na área de estudos sobre o aquecimento global.
Vitória como líder na buscas por políticas públicas
"É muito importante que todos nós estejamos cientes dos riscos que as mudanças climáticas globais trazem para a humanidade, para a natureza e para o futuro. Temos um enorme desafio que é reduzir esse risco. As mudanças climáticas já estão fazendo com que os fenômenos extremos do clima já se tornem quase que comuns, acontecendo sempre", apontou o cientista. Ainda de acordo com Nobre o desafio principal é tornar a sociedade mais resilientes quanto a essas mudanças.
"A Prefeitura de Vitória tem uma enorme responsabilidade de comandar, de liderar a busca dessas políticas e, ao mesmo tempo, também combater o aquecimento global, que é induzir a redução das emissões. Vitória é uma cidade que não tem um perfil muito alto de emissões, mas tem também a responsabilidade de zerar suas emissões nas próximas décadas. É totalmente factível. E a proposta dos estudos, desse projeto, que começaremos a executar é criar condições para que a ciência e a tecnologia vão dar todas as condições para o município implementar efetivamente políticas de redução das emissões e também, mais importante ainda, tornar centenas de milhares de habitantes, que aqui moram e trabalham por aqui, resilientes às mudanças climáticas", destacou.
Pauta ambiental presente
O prefeito da capital, Lorenzo Pazolini, enfatizou em sua fala a importância de discutir um assunto que é tão importante atualmente. "Essa é uma tarde muito especial para discutirmos um assunto tão proeminente e importante para a cidade de Vitória, para o Brasil e para o mundo. Essa é um pauta que estamos inserido não só no contexto local, mas também no contexto estadual e nacional por meio de diversas políticas públicas eficazes, eficientes, resolutivas. A pauta ambiental é muito presente em nossa gestão. Nosso compromisso intergeracional, primeiro com a educação, de formar jovens conscientes dos seus direitos e obrigações, e ter fato o compromisso em manter a qualidade de vida. E é isso que vamos perseguir".
Ele ainda completou: "E essa construção coletiva que estamos fazendo hoje, junto como professor Carlos Nobre e professor Neyval, vai nos permitir dar um salto de qualidade. O que já era bom vai chegar ao nível de excelência e o que estava nessa nível vai permanecer proeminente e forte. Esse é o nosso papel hoje que é construir políticas públicas que sejam eficazes, eficientes que nós possibilitemos a coexistência do ecossistema natural quanto do ecossistema artificial e do ecossistema produtivo. Esse é grande desafio do mundo moderno. Nosso compromisso é esse: trazer conhecimento, trazer a ciência, trazer para dentro da gestão público conceitos modernos que nos permita, de fato, conciliar o ecossistema produtivo, que gera emprego, renda, desenvolvimento, oportunidade, com o ecossistema natural e artificial, que o homem constrói. Juntando tudo isso vamos seguir sendo referência", enfatizou.
Agenda de futuro
"Essa é uma agenda de futuro importante e que começamos a estudar as possibilidades para uma Vitória que queremos para os próximos anos. Ou seja, dentro das limitações que o ambiente tem dado para nós, como os volumes de chuvas que vêm aumentando, os aquecimentos, as secas. Isso tudo a cidade tem que se organizar, para poder se adaptar a esse conjunto de mudanças que a gente já sente nos dias atuais. E a parceria com o cientista Carlos Nobre faz com que Vitória seja pioneira nessa importante relação. É o futuro da cidade sendo encarado já agora na gestão do prefeito Lorenzo Pazolini", ressaltou o secretário municipal de Meio Ambiente. Tarcísio Föeger.
O secretário ainda enfatizou: "essa parceria estratégica demonstra que a gestão municipal está alinhada com os compromissos do Acordo de Paris, com as pautas contemporâneas que colocam em relevo as questões climáticas, com metas para definições das ações prioritárias que visam mitigar os efeitos dos impactos antrópicos no clima sobre a cidade, numa perspectiva do presente com vistas ao futuro".
Cidades Emergentes e Sustentáveis
Na década passada, em razão do seu crescimento econômico e demográfico acima da média do país, a cidade de Vitória foi convidada a participar do Programa Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis (ICES) do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aplicada no Brasil em parceria com a Caixa Econômica Federal.
O Programa ICES visa atender às necessidades e aos desafios de cidades emergentes, como Vitória, e foca em três dimensões da sustentabilidade: ambiental e mudança climática; desenvolvimento urbano sustentável; e fiscal e governança. A participação possibilita o suporte às cidades a manejar sua vulnerabilidade às mudanças climáticas, respondendo às necessidades de adaptação e mitigação dos efeitos que ela produz.
A elaboração do plano faz parte do Programa de Requalificação Urbana e Segurança Cidadã de Vitória, que tem no componente "Desenvolvimento Urbano e Gestão Ambiental Sustentável" o objetivo da "Sustentabilidade Ambiental Urbana e a Redução dos Riscos Naturais", conforme pactuado quando do aporte de investimentos angariados junto ao BID.
Carlos Nobre
Carlos Nobre tem graduação em Engenharia Eletrônica pelo ITA (Instituto de Tecnologia da Aeronáutica), em 1974, e doutor em Meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT/EUA). Foi pesquisador do INPA e INPE. Foi Conselheiro Científico do Panel on Global Sustainability da ONU. É membro da Academia Brasileira de Ciências, Academia Global de Ciências e membro estrangeiro da Academia de Ciências dos EUA e Royal Society da Grã-Bretanha.
Ele participou de vários relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), inclusive do Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz (2007). Recebeu vários Prêmios nacionais e internacionais.
É atualmente pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) e o Copresidente do Painel Científico para a Amazônia, que produziu a mais rigorosa avaliação científica para a Amazônia e apontou caminhos para um futuro sustentável.
É também o proponente do Projeto Amazônia 4.0, que busca demonstrar a viabilidade de uma nova bioeconomia de floresta em pé e rios fluindo para a Amazônia, incorporando conhecimento científico e inovações tecnológicas com conhecimentos de povos indígenas e comunidades locais.