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Piedade surpreende com o delírio e a sedução da maquiagem
Publicada em 19/02/2017, às 02h56
Por Vinícius Yungtay, com edição de SEGOV/SUB-COM


Penúltima escola a desfilar no Sambão do Povo, a Piedade trouxe para a passarela toda a beleza e magia da maquiagem, tema do samba enredo da agremiação. “No Mundo e na vida de Cara Pintada, com a Piedade na Avenida”.
A escola, que é mais antiga do Estado, homenageou a prática milenar da pintura facial em diversas alas e carros alegóricos. A comissão de frente abriu o desfile com uma homenagem aos egípcios, que desde a antiguidade já utilizavam tintas especiais na área dos olhos.
O primeiro carro alegórico a entrar na passarela também mostrou toda a riqueza cultural da índia, que é conhecida por ter difundido o uso da henna como pintura corporal. A escola também mostrou o uso da maquiagem pela nobreza européia, que tinha como hábito o uso de pós brancos para empalidecer o rosto, mesmo efeito retratado na beleza contida das gueixas, que foram retradas na ala das baianas.
A Piedade desfilou com 21 alas, quatro carros alegóricos e um tripé. Ao todo, foram 1.880 componentes que cairam no samba, fizeram bonito, e ajudaram a escola a embelezar a passarela. Os usos e costumes da maquiagem foram retratados em diferentes períodos históricos, passando pelas máscaras teatrais de outrora até a contemporaneidade, com o movimento político dos caras-pintadas no Brasil.
O carnavalesco responsável pelo espetáculo de cores e representações é o coreógrafo Paulo Balbino, que em 2014 levou a escola à 3º colocação. Vale lembrar que em 2016 a Piedade ficou em 4º. A escola possuí 14 títulos, mas desde 1986 não consegue o primeiro lugar. Com 62 anos de idade é considerada pelos seus componentes como a “mais querida” do Carnaval de Vitória.
A Maquiagem na história
Não se sabe ao certo quando a humanidade passou a utilizar elementos da natureza para pintar o rosto, mas a prática foi utilizada por muitos povos ao longo da história para rituais religiosos e para o embelezamento.
No Brasil os índios utilizam a semente do urucum, utilizada como colorífico até hoje na indústria alimentícia, para pintarem os rostos de vermelho e celebrarem a fartura de alimentos.
Há três mil anos atrás o Egito também já conhecia a maquiagem e homens e mulheres preenchiam as pálpebras com uma mistura chamada kohl, uma pasta obtida do mineral malaquita misturado com carvão e cinzas. O objetivo era a proteção contra espíritos malignos.
Já o blush atual remonta à França do século 18, quando Alexander Bourjoism, dono de uma empresa de cosméticos, criou um pó à base de frutas e beterraba. Batizou-o de rouge - vermelho, em francês.
Contudo, foi somente na década de 20 do século passado que a maquiagem se popularizou, ganhando expressão por meio das grandes atrizes do cinema mudo. Décadas de evolução e consumo trouxeram toda a sorte de produtos, cores e texturas imagináveis para o deleite daqueles que apreciam a arte de modificar a face, seja para seduzir, para a expressão da fé ou como protesto.

