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Mês da Mulher: conheça a história de superação de Danielle Solano
Publicada em 08/03/2024, às 15h15 | Atualizada em 08/03/2024, às 19h00
Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Potência. Um substantivo feminino definido como característica do que é potente; poder, bem como capacidade de mover (algo); força. Características vivas na trajetória pessoal e profissional da coordenadora do Centro de Referência para Pessoa em Situação de Rua (Centro Pop), Danielle Solano.
Moradora de comunidade, oriunda de uma família de dois filhos, só aos 36 anos, casada há 29 anos com Francisco (44) e mãe de dois filhos -Lucas de 22 anos e Matheus de 16 anos-, Danielle conseguiu entrar no curso de graduação de Serviço Social. Mas um ano depois uma fatalidade familiar quase interrompeu o sonho de conquistar um diploma.
Foi aí que a segunda definição da palavra potência - força; capacidade de mover (algo) - tornou-se uma companheira ainda mais inseparável de Dani. "Um tiro acidental sofrido pelo meu filho, enquanto curtia um bloquinho de carnaval foi um divisor de águas, mas não me paralisou", disse ela.
Para manter a família unida e seguir no processo de reabilitação do filho, Danielle organizou bazares, abriu uma loja on-line e, com o lucro das vendas, se matriculou num curso de unha em gel. "O dinheiro que ganhei consegui manter por um mês toda a família em Brasília para acompanhar o tratamento do meu filho no Hospital Sara Kubitscheck - hospital de referência em reabilitação", contou ela.
Danielle lembra que, ainda na UTI, o filho fez a mãe prometer que não interromperia nenhum sonho por causa dele. Foi assim que suas potencialidades foram evidenciadas, primeiro como voluntária em uma clínica terapêutica, depois foi trilhando na área com a elaboração de projetos. Em 2022, chegou ao Centro Pop para atuar na área administrativa até ser convidada para assumir o posto de coordenadora do espaço.
Nos últimos dez anos, a coordenação do Centro Pop foi exercida predominantemente por homens, mas, em 2022, Danielle chegou para quebrar essa tradição. No espaço, comanda um time de 43 trabalhadores entre técnicos, educadores sociais, manipuladores de alimentos, nutricionistas, assessores jurídicos, oficineiros, auxiliares de serviços gerais e seguranças.
É ela quem dá as coordenadas no processo de acolhida diária de aproximadamente 100 pessoas em situação de rua. Ao ser questionada como é ser chefe num ambiente 90% masculino, tanto na equipe quanto de usuários, Dani diz: "Sendo profissional. Estudando bastante. Não colocando barreiras. Demonstrando que somos iguais independente das diferenças físicas e de gênero. Demonstro que estou do lado deles. Almoço junto com eles", disse ela.
Com uma história familiar de luta, saber o que a motiva trabalhar numa área tão desafiadora, Danielle é direta: "O que me dá força é o desejo de querer participar do processo de mudança de vida deles e atuar na viabilização das garantias de direitos".
Visivelmente emocionada, a coordenadora complementou que afirmando "penso no nosso público, em tirá-los da condição de vulnerabilidades. Penso na prevenção para que episódios iguais ao ocorrido com o meu filho não aconteçam mais. Penso na possibilidade de transformar vidas, porque uma pessoa em situação de rua tem uma história de vida e muitas situações a levaram-na a essa realidade".
A secretaria de Assistência Social, CintyaSchulz, disse que além de conhecer o trabalho e as superações da Danielle, o que lhe chama a atenção é o fato de ela estar sempre com um sorriso no rosto, animada e disposta. "Dani assim como várias outras mulheres da Semas trabalha todos os dias para melhorar a vida das pessoas", destacou.