Prefeitura de Vitória

Qual seria sua resposta se fosse questionada sobre o que esperar de uma pessoa em situação de rua e, que tem como agravante, problemas de saúde mental e/ou  deficiência? Antes de pensar na resposta, acompanhe os resultados registrados pela equipe de trabalhadores do Abrigo Institucional para pessoa em situação de rua, mais conhecido como Abrigo 3.

Com a oferta de atividades internas e externas, bem como em parceria com a rede socioassistencial do território Praia do Canto, somados aos atendimentos sociais individualizados desenvolvidos com as 15 mulheres acolhidas no espaço, o Abrigo 3 registrou o ingresso de uma munícipe na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e outra conquistou a autonomia para ir e vir sozinha para a academia popular instalada no bairro.

A psicóloga do Abrigo, Ursula Campanaro, fez questão de dizer: "pode parecer pouco, mas para estas mulheres com historio de situação de rua, vulnerabilidade social extrema, vínculos familiares rompidos há anos e diagnóstico de transtornos mental e/ou deficiências isso é uma grande vitória".

Úrsula contou que, mensalmente, são realizadas atividades externas de socialização visando explorar pontos turísticos e de lazer em toda a Grande Vitória. "Trabalhamos para a promoção da inclusão, buscando aproximação com a comunidade, redução do estigma e preconceito histórico contra as pessoas com transtorno mental e intelectual. Desta forma, mostramos que é possível. Mostrando a sociedade e as próprias usuárias que é possível viver e interagir socialmente apesar do diagnóstico, quebrando a ideia de que a pessoa com transtorno mental/intelectual deve viver enclausurado em manicômios", disse a psicóloga.

O Abrigo 3 também oferta oficinas socioeducativas, de autocuidado para o exercício da independência para as atividades diárias (higienização, alimentação saudável e, consequentemente, a qualidade de vida e autonomia). "Essas oficinas tem por objetivo o desenvolvimento da autonomia, construção de identidade, autoaceitação, visão crítica e vivência coletiva. As atividades são planejadas por nossas equipes como mais uma ação para que estas munícipes vivam de fato como protagonistas de suas próprias vidas", destacou a psicóloga.

Aprendizado

O resultado das oficinas e da atuação das acolhidas pode ser visto na produção de pirulitos de chocolates que estão sendo feitos ao longo desta semana. É que com o apoio da oficineira voluntária Géssica Muhd, as 15 mulheres do espaço foram orientadas para que pudessem confeccionar a guloseimas.

"O objetivo da oficina é, através de receitas fáceis e práticas seja promovido o desenvolvimento sensorial, motor e cognitivo, além de influenciar na autoestima e memória, o que reflete diretamente na qualidade de vida e saúde mental de nossas acolhidas", falou Úrsula . Toda a equipe, incluindo psicóloga, assistente social, educador social de nível médio, nutricionista, técnico operacional, cuidadoras e coordenadora, participam da oficina de chocolate para contribuir no processo de integração.

A secretária de Assistência Social de Vitória, Soraya Manato, disse que todas as ações desenvolvidas pelos trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social (Suas) e de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) podem ser ainda mais potencializadas com a união de outras políticas públicas. "A situação é complexa, mas se as oportunidades forem apresentadas o caminho para que estas mulheres alcance autonomia e tenha acesso a direitos será menos sinuoso", disse ela.