Notícias

Fecham-se as cortinas: Festival de Teatro termina com aplausos

Publicada em 24/10/2011, às 14h05

Por Brunella França, com edição de Deyvison Longui


André Sobral
Peça Teatral, A Megera Domada
Além de ocupar os palcos de teatros tradicionais de Vitória, o Festival levou espetáculos também a espaços alternativos, como praças e a Estação Porto

Um enorme espelho ocupa o, até então, pequeno cenário. O primeiro reflexo é do espectro de um ator que, com olhar de estranhamento para a plateia, aguarda o terceiro sinal reverberar para o início da primeira inquietação, das tantas que surgem durante a apresentação de “Antes da Coisa Toda Começar”, da Armazém Companhia de Teatro, peça que fechou a programação do VII Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória, realizado de 13 a 23 de outubro.

Além de ocupar os palcos de teatros tradicionais de Vitória, o Festival levou espetáculos também a espaços alternativos, como praças de bairros e a Estação Porto. Essa diversidade de palcos reforça o compromisso da Secretaria Municipal de Cultura em manter uma constante discussão acerca do espaço cênico, promovendo o intercâmbio artístico.

A secretária municipal de Cultura em exercício, Elizabeth Caser, avalia ainda que o Festival cumpriu com o propósito de valorizar a diversidade cultural e divulgar o trabalho de grupos e companhias, além das mais diferentes experiências cênicas realizadas no País.

“É gratificante ao nosso trabalho e dos artistas receber não só os aplausos do público, mas também perceber que as pessoas ali apreenderam o que estava em cena”, observa a secretária. A programação com espetáculos nacionais e uma peça francesa mesclada com a participação de 12 montagens do Espírito Santo ofereceu ao público um panorama da diversidade cultural e das tendências que as companhias de teatro estão trabalhando, do clássico ao contemporâneo.

As atividades formativas, que incluíram 13 palestras, duas mesas de debate e oito oficinas, por sua vez, oportunizaram aos cidadãos uma aproximação com a linguagem teatral bem como os espaços e tempos dedicados à formação continuada de artistas e técnicos cênicos de Vitória e do Espírito Santo.

Antes da coisa toda começar

Uma montagem da qual nos “libertamos” facilmente. Você já achou que poderia tudo o que quisesse? Já passou pela dor? Pela inveja? Pela frustração de não ter o que você mais quer? A peça “Antes da Coisa Toda Começar” é sobre tudo isso. Inspirada em reflexões sobre o ofício dos artistas, transforma a narrativa fragmentada em um jogo de personagens densos que se encaixa aos olhos do público.

O espetáculo começa com o espectro do ator e seu companheiro de palco: um crânio com nariz de palhaço, que remete a um Hamlet entre o ser e o nada. “Ruínas, cacos, pedaços, poeira, estilhaços. Tudo que restou de tantas histórias empilhadas. Quem disse que a vida segue uma vida reta, que os fatos se encaixam uns nos outros como peças de um quebra-cabeça, que os astros conspiram para nos conduzir a um bom porto no final da jornada?”, questiona-nos o espectro.

Adriano Horta
Peça teatro, Antes da Coisa Começar
A peça “Antes da Coisa Toda Começar” encerrou o Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória

A angústia da criação do espectro se completa com a presença de outros três personagens principais: Zoé, Téo e Léa. Entre impasses da vida e da morte, cada qual com sua particularidade, mas todos tomados pela complexa ideia da existência. Ora querem desistir, ora aproveitam excitantes momentos como se fossem últimos antes que a coisa toda termine.

“Como é que a gente consegue sentir tanta coisa ao mesmo tempo? Eu tinha que ser pelo menos duas para suportar”, Zoé. Os próprios atores executam a trilha sonora. No cenário que se desloca, amplia, revela, esconde e sufoca, surgem acordeom, bateria, baixo, violão e teclado que, em alguns momentos, formam uma banda de rock que faz sua performance em uma plataforma a dois metros do chão.

Ao fim de tantos descaminhos que se encontram, plateia de pé e aplausos que ultrapassam, ininterruptos, o tempo de um minuto. Antes de fecharem-se as cortinas, o agradecimento dos atores, da organizam do evento. E o público deixa o teatro após o apagar das luzes já ansioso pela oitava edição do Festival, em 2012.


Voltar ao topo da página