Notícias
Educação: diretores participam de programa de formação em educação étnico-racial
Publicada em 05/05/2025, às 00h00 | Atualizada em 05/05/2025, às 14h55
Por José Carlos Schaeffer (jcschaeffereira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Diretores das 104 unidades de ensino da Rede Municipal de Vitória participaram do lançamento do programa de formação de agentes pedagógicos em Educação para as Relações Étnico-Raciais (Erer). O encontro foi realizado no auditório da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Álvaro de Castro Mattos, em Jardim da Penha.
O objetivo da formação, realizada na última terça-feira (29), é fortalecer o debate e a incorporação de maneira efetiva da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela legislação federal - Lei nº 10.639/2003 e pela Lei nº 11.645/2008. A membro integrante da Comissão de Estudos Afro-Brasileiros (Ceafro) e da Comissão de Educação das Relações Étnico-Raciais (CERER) e responsável pela formação, Noélia Miranda, falou sobre a iniciativa.
"O lançamento do programa é importante para que as atividades escolares que contemplem a temática étnico-racial não apareçam somente no mês de novembro, e sim que seja dissolvido no ano inteiro nos formatos e conteúdos lecionados para os nossos estudantes. Tanto o conhecimento que valoriza o povo africano e afro-brasileiro, como também dos povos indígenas. Quando falamos de valorização, é fugir dos estereótipos e não tratar a história negra como a história que começa na escravização, e sim como a que começou muito antes desse período, com os reinos e a origem africana, na ciência, matemática, geometria e outros saberes", destacou.
A formação será realizada entre os meses de maio e outubro com profissionais de educação de toda a rede, representantes das 104 unidades de ensino, entre Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs).
Entre os temas e conteúdos a serem trabalhados está o histórico do Racismo/Antirracismo no Brasil, os povos indígenas do e no Espírito Santo, a Literatura como potência antirracista, e vivências em locais ricos em história e cultura afro-brasileira, como o Centro, as Paneleiras de Goiabeiras, a Barra do Jucu e Roda D'Água.
Palestra
Durante o primeiro encontro do programa de formação, os diretores das escolas e demais servidores da Secretaria Municipal de Educação participaram de uma palestra ministrada pelo professor Natanael dos Santos. Ele é membro fundador e coordenador de pesquisas do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Campinas.
Com a participação do grupo musical Quinteto Griô, Natanael enriqueceu o debate em torno de temáticas como diversidade, relações étnico-raciais, direitos humanos, africanidade, preconceito, intolerância, dentre outros.
A diretora da EMEF Rita de Cássia, Elaine Vieira, compartilhou a experiência do encontro realizado com os gestores da rede. "A formação foi incrivelmente enriquecedora nos levando a refletir sobre nossos próprios preconceitos enraizados e naturalizados. O professor Natanael tocou nossos corações com suas palavras, fazendo-nos perceber a importância de maior consciência e sensibilidade às questões raciais e étnicas em nossas escolas", disse.
Comissões permanentes
A Secretaria de Educação tem em sua estrutura as comissões permanentes de Estudos Afro-brasileiros (Ceafro) e a de Educação das Relações Étnico-racial (Cerer). Elas têm como uma das suas atribuições ofertar cursos de formação para a educação das relações étnico-raciais, pensando na aplicabilidade da lei 10.639/03 e da lei 11.645/08, que alteram o artigo 26A da LDBEN 9394/96, trazendo a obrigatoriedade das histórias e culturas africanas, afro-brasileira e indígenas no currículo das escolas públicas e privadas em todo país.
As leis são marcos históricos na luta antirracista no Brasil, pois introduzem a possibilidade de implementação de um currículo inclusivo, antirracista com conteúdos das histórias e culturas negras e indígenas.