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Unidos de Barreiros cantou uma África mística e exaltou a negritude no Sambão

Publicada em 11/02/2023, às 06h35 | Atualizada em 11/02/2023, às 06h45

Por Brunella França, com edição de Matheus Thebaldi


Prefeitura de Vitória
Escola Unidos de Barreiros na avenida do Sambão do Povo
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Escola Unidos de Barreiros na avenida do Sambão do Povo

Levar a ancestralidade para o Sambão do Povo. Essa foi a missão da Unidos de Barreiros em seu desfile no Carnaval de Vitória 2023, encerrando as escolas do Grupo de Acesso A, já na manhã de sábado. Com o enredo "Sou Negro, Sou Raça, Sou Brasil! Eis A História de Nossos Ancestrais, os Filhos de Afra", do carnavalesco Nelson Costa, a vermelho e branco de São Cristóvão passou alegre e cantando seu samba.

Uma África mística, descendente de Afra, passou na passarela do samba com suas histórias e mitologias carnavalizadas no enredo da Barreiros. A escola escolheu mostrar um contexto diferente das histórias africanas contadas desde o início dos desfiles carnavalescos, em tantos enredos de várias escolas de samba. Para ajudar nessa tarefa, a inspiração veio das religiões afro-brasileiras: o candomblé e a umbanda.

Com a missão de fazer o samba acontecer, o intérprete Yury de Freitas retornou à escola este ano. "Nasci na comunidade, comecei na bateria, toquei cavaquinho, já fui intérprete, deixei a escola um tempo e estou voltando esse ano. É sempre uma honra representar nossa comunidade, buscamos fazer o melhor", afirmou o músico.

Estreando na agremiação, a musa Fabiana Vergulino encarnou Cleópatra, a rainha do Egito, na avenida. "Eu sou serrana, mas vim a convite da escola. É a minha primeira vez com a comunidade, que me recebeu muito bem. A nossa expectativa é estar entre as melhores", disse.

Início de tudo

A história de Afra foi contada com foco na ancestralidade. A comissão de frente, "O senhor da razão e da história", buscou retratar essa odisseia afro com muitos movimentos de dança. O trabalho é do coreógrafo Ricardo Carvalho.

Uma das mais antigas civilizações do continente, o Egito antigo, inspirou a fantasia do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Carlos Caetano e Bárbara Verçosa, que bailaram defendendo o pavilhão da escola como rei e rainha do Egito.

O povo que construiu as grandes pirâmides que ainda hoje intrigam a humanidade foi retratado no abre-alas da escola, "Sementes da eternidade do ritual fúnebre do Antigo Egito, a luz a brilhar no paraíso da eternidade".

Mercadores árabes, a noite grande e os ventos gélidos passaram pela avenida em alas muito animadas.

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Escola Unidos de Barreiros na avenida do Sambão do Povo
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Escola Unidos de Barreiros na avenida do Sambão do Povo

Nascimento de um novo tempo

Até a chegada de uma nova cultura, os filhos de Afra, imperiais africanos, seguiram sua dança e cortejo pelo Sambão. As baianas representavam o berço da africanidade. Figuras como anjos caídos, Dadá Ajaká, irmão de Xangô, e peças de Guiné foram acrescentando elementos ao enredo da escola.

O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcio Valério e Claudia Tavares marcaram o início do novo ciclo.

Religiosidades

No último setor da escola, a Unidos de Barreiros levou quase um cortejo afro para a passarela do samba, com Ifá, Yaôs, e Maracatu. O casal real à frente da bateria, formado por Taty Anna Neves e o japonês Yoji Leão, representava a rainha e o rei do afoxé. Os ritmistas de mestre Igor Nonato passaram com uma batida forte e pulsante, com direito a bossas de inspiração afro e misturas de sons que ajudaram a compor o enredo.

Os passistas se destacaram como búzios esquentando o desfile e entregando muito samba no pé. Encerrando o desfile, a segunda alegoria "A religiosidade, fé em Afra", representou elementos diversos das religiões de matrizes afro-brasileiras.

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Escola Unidos de Barreiros na avenida do Sambão do Povo
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