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Profissional de Limpeza Urbana: uma história de cidadania e cuidado que começou no século XlX
Publicada em 14/05/2025, às 00h00 | Atualizada em 14/05/2025, às 15h15
Por Alan Rodrigues Costa (akrcostaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
O Dia Nacional do Profissional de Limpeza Urbana, celebrado em 16 de maio, é mais do que uma data simbólica. É um convite à valorização de uma profissão essencial para a vida em sociedade e que carrega consigo uma história de transformação urbana, saúde pública e cidadania.
Em Vitória, os homens e mulheres que integram as equipes de limpeza são responsáveis diretos por manter Vitória entre as cidades mais limpas, organizadas e acolhedoras do país. O trabalho desses profissionais, que teve início há quase dois séculos, é parte fundamental da organização das cidades e da promoção da qualidade de vida.
No Brasil, a origem do serviço público de limpeza urbana remonta ao século 19, período em que o país, especialmente as grandes cidades, como o Rio de Janeiro, enfrentavam graves problemas sanitários, chegando a ocorrer surtos de doenças como febre amarela, cólera e varíola.
Surge uma política pública
A preocupação com a higiene urbana passou a ser uma pauta estratégica de saúde pública e, em 1830, o império brasileiro, cuja sede era na capital carioca, decretou pela primeira vez a obrigatoriedade do descarte correto de resíduos e dejetos sólidos --- uma iniciativa que se desenvolveu e foi sendo aprimorada a partir das gestões sanitaristas implementadas no país no início do século 20.
Foi nesse contexto do Brasil imperial, já na segunda metade do século 19, que surgiu a figura do Profissional de Limpeza Urbana, popularmente conhecido como Gari.
Por que Gari?
O nome tem origem direta no cidadão francês Pedro Aleixo Gary, um prestador de serviços contratado pelo Império, no ano de 1876, para realizar, pela primeira vez, as ações de limpeza e coleta de resíduos da cidade do Rio de Janeiro.
Ele introduziu o uso de uniformes, carrinhos e horários definidos de coleta, o que causou grande impacto na paisagem urbana e na sensação de bem-estar da população. O modelo e a metodologia mais tarde se replicaram por todo o país.
A associação entre o nome de Aleixo Gary e os trabalhadores da limpeza foi tão forte que a população passou a se referir aos profissionais como "Garis", nome que se popularizou até hoje, em todo o território nacional (por conta das regras ortográficas da língua portuguesa, a letra "y" passou a ser substituída pela letra "i").
Valorizar é preciso
Ao longo do tempo, a profissão evoluiu, incorporando equipamentos, tecnologias e políticas públicas voltadas à sustentabilidade e ao planejamento urbano. Hoje, os profissionais da limpeza urbana atuam em diversas frentes: da coleta domiciliar e seletiva à varrição de ruas, limpeza de praças, praias e espaços públicos, manutenção da rede de drenagem e ações preventivas contra alagamentos.
São milhares de trabalhadores, homens e mulheres, que, com dedicação diária, fazem parte da engrenagem que mantém as cidades funcionais, organizadas e mais humanas.
A celebração do Dia do Gari também é um momento de reflexão e reconhecimento. Ainda que indispensáveis, esses profissionais historicamente enfrentam invisibilidade, precarização e estigmas sociais.
No entanto, seu papel é inquestionável: não há saúde pública, dignidade urbana ou sustentabilidade ambiental sem o trabalho desses homens e mulheres.
Vitória mais bonita
Cidades como Vitória, capital do Espírito Santo, são exemplos de como o serviço público de limpeza urbana pode ser estruturado de maneira eficiente, com valorização dos profissionais e investimentos contínuos em logística, fiscalização e educação ambiental.
A Central de Serviços da Prefeitura coordena ações que vão muito além da coleta de resíduos: ela atua diretamente na prevenção de riscos, na promoção da saúde coletiva e na preservação dos espaços de convivência e lazer.
Neste mês de maio, ao celebrarmos o Dia do Gari, celebramos também o compromisso coletivo com cidades mais limpas, conscientes e justas, onde todos os trabalhadores, especialmente os que estão nas ruas cuidando do nosso bem-estar, sejam reconhecidos com o respeito e dignidade que merecem.