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Guardas de Vitória contam como equilibram o trabalho e a paixão pelo carnaval capixaba

Publicada em 21/02/2025, às 12h15

Por Glacieri Carraretto (gcpereiraeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes


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O guarda de Vitória Leonardo Rodrigues desfila na Jucutuquara
O guarda de Vitória Leonardo Rodrigues desfila na Jucutuquara (ampliar)
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A guarda de Vitória Luciana Silva e o marido sempre no Pavilhão de Santa Martha
A guarda de Vitória Luciana Silva e o marido sempre no Pavilhão de Santa Martha. (ampliar)

Como dividir a paixão pela folia e a responsabilidade de garantir a segurança pública e viária de uma cidade? Essa é uma pergunta que alguns profissionais da Guarda Civil Municipal de Vitória podem responder. Luciana, Josimar, Barbosa e Leonardo são alguns dos personagens que compartilham o amor pelo Carnaval de Vitória e o dever com a segurança na capital capixaba.

Para esses guardas, o Carnaval de Vitória não é só samba, brilho e festa na avenida. É a celebração é uma paixão que atravessa gerações e fortalece laços comunitários. Entre escalas de serviço e ensaios de bateria, eles vivem o Carnaval de um jeito único: ora garantindo a segurança da festa, ora desfilando e defendendo seus pavilhões.

DNA para o Carnaval

No dia a dia de guarda municipal, Leonardo Rodrigues, 49 anos, dá conta de inúmeras demandas técnicas da Central de Monitoramento (Ciom).  Carioca de nascimento, a relação com o carnaval está no sangue, mas só quando veio morar em Vitória é que Leonardo realmente se encantou. 

"Minha avó era costureira da Beija-Flor e minha mãe desfilou muitos anos no Rio de Janeiro. Mas foi só quando eu vim morar em Vitória que eu realmente me apaixonei pelo Carnaval", conta. 

Desde 2000, ele desfila pela Unidos de Jucutuquara. Com a pandemia da Covid-19, em 2020, ele se afastou da folia. Só que em 2024, integrantes da Escola o procuraram e fizeram uma proposta desafiadora: participar da comissão de frente da escola em 2025. Apaixonado como é, não havia outra resposta, a não ser "sim".

 "Dá um frio na barriga só de pensar, mas é um frio bom! Estamos muito ansiosos para esse desfile. É um preparo gigantesco, que o público nem imagina. Vamos dar o nosso melhor. Mal posso esperar", explicou Leonardo.

Nascida e crescida na Andaraí

Para alguns, o Carnaval de Vitória também é palco para construir grandes amizades, como conta a guarda Luciana Silva, de 57 anos. Ela cresceu na comunidade de Santa Martha e nunca se afastou do samba da Andaraí.   "A maioria dos meus amigos daquela época ainda participam da escola. O Carnaval é um elo que nos mantém juntos", contou.

Luciana já passou por diversas alas e até o posto de passista já assumiu. Ela não perde um desfile, por isso, faz de tudo para conciliar seus deveres como operadora na Central de Monitoramento da Guarda de Vitória com a avenida. 

"É o equilíbrio. Trabalhar bastante e curtir meu Carnaval nos tempos livres. E sempre lembrar de pegar férias na época do Carnaval. Esse ano mesmo, já estou de férias e só volto depois dos desfiles!", conta toda feliz. 

Puxador de samba

Guarda há mais de 15 anos, Josimar Correa, de 59 anos, nasceu no Morro da Piedade e não conhece a vida sem Carnaval. "Eu não sou Piedade. Eu nasci na Piedade", brinca, deixando clara sua conexão com a escola de samba Unidos da Piedade. 

Ele faz parte do Grupamento de Motociclistas da Guarda de Vitória, que tem como função principal desobstruir pontos de engarrafamento no horário de pico. "É desgastante, mas é prazeroso também ajudar nossa cidade", conta.  

No Carnaval, acompanha os ensaios desde pequeno, quando desfilava na Unidos da Piedade. Seu momento mais marcante? O título de 1986. Hoje, Josimar é puxador de samba também em outras escolas. "Por cantar, surgem algumas oportunidades, mas a escola de coração sempre será a Unidos da Piedade", completa. 

Este ano ele já garantiu seu lugar na Avenida. "Minha escala vai ser das 6h às 18h, no sábado. Então, voltou à noite com tranquilidade", conta. 

Sorriso escondido

No patrulhamento do Grupo de Apoio Operacional, o guarda Erickson Barbosa mantém a expressão séria. Principalmente, durante as abordagens e prisões rotineiras. 

O que muita gente não sabe é que atrás do uniforme, tem um coração pulsante da Boa Vista, onde ele esbanja sorrisos. Barbosa, como é chamado na Guarda de Vitória, nasceu e cresceu respirando o Carnaval de capixaba. 

"Meu tio é um dos fundadores da Independente de Boa Vista, e desde criança desfilo ao lado dos irmãos. Hoje, minha mãe sai na ala das baianas, meu irmão e meus primos tocam na bateria e a família toda participa. São 49 anos de muito amor pela escola!", conta.

Para ele, ver o tamanho que o Carnaval de Vitória tem hoje e sua importância para o Estado é sinônimo de orgulho. "Pegamos uma época em que ninguém dava nada pelos desfiles e hoje temos espetáculos luxuosos. Nossa cultura se fortaleceu muito", completa. 

A relação desses guardas com o Carnaval Capixaba é mais do que um hobby, é identidade e história. Mesmo quando estão exercendo a profissão e protegendo a capital, eles não esquecem a paixão que possuem. "Às vezes, só dá para acompanhar de pertinho, trabalhando. Aí, haja coração!", admite Barbosa, que neste ano não vai desfilar pois acredita que estará de escala na Guarda de Vitória. Quando o dever chama, sempre estão a postos para ajudar na segurança viária e ostensiva da cidade.  

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O guarda de Vitória, Josimar Correa (o segundo da direita para a esquerda), é puxador de samba
O guarda de Vitória, Josimar Correa (o segundo da direita para a esquerda), é puxador de samba. (ampliar)
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O guarda de Vitória Erickson Barbosa já tocou até na Bateria da Boa Vista
O guarda de Vitória Erickson Barbosa já tocou até na Bateria da Boa Vista. (ampliar)

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