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Crianças e Adolescentes participam de ação de combate ao trabalho infantil
Publicada em 13/06/2025, às 00h00 | Atualizada em 13/06/2025, às 13h24
Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Em alusão ao Dia de Combate ao Trabalho Infantil, crianças e adolescentes dos Centros de Convivência de Andorinhas e Bonfim participaram de um emocionante ato de sensibilização, promovendo a conscientização sobre a importância do direito de brincar e estudar. Durante o evento, os participantes caminharam e brincaram com cataventos coloridos nas mãos, simbolizando a liberdade e a alegria que merecem viver.
Com sorrisos e expressões de alegria no rosto, as crianças aproveitaram a oportunidade também para brincar em grupo. Uma delas, Yasmim de Oliveira Fernandes, de 12 anos, fez questão de dizer: "estou feliz, alegre, porque aqui tenho contato com outras crianças. Não sou obrigada a trabalhar. Nunca fui. Não conheço uma criança que trabalhe, mas já vi várias trabalhando", comentou ela.
Quando questionada sobre o que pensa do trabalho infantil, Yasmim respondeu: "me sinto muito triste, porque criança tem que brincar. No Cajun (atualmente tipificado como Centro de Convivência) eu convivo com outras crianças, interajo, passeio e me sinto bem". Ryan Miguel, 8, também comentou que nunca foi obrigado a trabalhar, e poder estar ali (no Horto de Maruípe) é muito legal.
A referência técnica do Centro de Convivência Andorinhas, Ane de Souza Castro Beloti, disse que a temática foi abordada em diversas oficinas com as crianças e adolescentes que participam de atividades nos 21 centros de convivência que compõem a rede socioassistencial de Vitória. "Nas oficinas foi possível falar sobre o por que da data; explicar sobre as cores e a escolha do catavento como símbolo desta luta; e, principalmente, sobre o direito da criança ser criança, brincar e estudar e dos impactos negativos do trabalho infantil", falou Ane.
De acordo com os dados do Observatório do Trabalho Infantil de Vitória, houve uma redução de 48,5% no intervalo (ano a ano) nos últimos três anos. O ano de 2022 foi o que teve maior número de registros (241,75 casos/trimestre). Em 2023, começou a ser registrada uma queda, chegando a aproximadamente 21% (190,25 casos/primeiro trimestre do ano) em relação a 2022. Em 2024, a queda chegou a 23% (146,25 casos/trimestre) em relação ao ano anterior e, no primeiro trimestre de 2025 (121 casos/trimestre), os dados continuam apontando para uma redução.
Durante o primeiro trimestre deste ano, foram identificados 121 casos de trabalho infantil no município. Deste total, 81,8% (99 casos) de crianças e adolescentes do sexo masculino e 18,2% (22 casos), feminino. De acordo com o levantamento, a faixa etária dominante é de 14 a 17 anos, o que corresponde a 59,5% (72 casos); seguido de crianças e adolescentes com idades de 7 a 13 anos (33,1%, ou seja, 40 casos); e de 0 a 6 anos, 7,4%, ou seja, nove casos identificados.
Os bairros com maior incidência de casos estão na região da Grande São Pedro (Ilha das Caieiras, São Pedro, São José, Santo André e Santos Reis). Seguido daos bairros Itararé, Engenharia, São Benedito, Barro Vermelho, Praia do Canto, Santa Luiza e Santa Lúcia, totalizando 27,3% (33 casos). A região de Santo Antônio e Centro contabilizam 22,3%, ou seja, 27 (Ariovaldo Favalessa, Caratoira, Alagoano, Santo Antônio e Mário Cypreste).
O Observatório Vix apontou ainda que dos 121 casos, os tipos de trabalho infantil mais frequentes incluem: frete nas feiras (43); vendas (22); mendicância (17); atividades ilícitas (16); e os demais tipos como: ajudante de obras, eletricista, oficina, serralheria, trabalho infantil doméstico, lanchonete, churrascaria, abuso/exploração sexual e cuidador de Cães números pontuais.
A secretária de Assistência Social de Vitória, Soraya Manato, disse que apesar da redução dos números a secretaria trabalha incansavelmente para erradicação do trabalho infantil no município. "Esta é uma pauta cara para a Assistência Social. Nossas trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) são incansáveis nesta luta, porque sabemos que uma criança exposta ao trabalho infantil também está exposta a outros tantos tipos de violência, e a pior delas, ao abuso e exploração sexual", enfatizou a secretária.
Os resultados destas intervenções são alcançados por meio da parceria com o Projeto Feira Livre de Trabalho Infantil, por meio do qual adolescentes estão sendo inseridos nos programas de aprendizagem. Em 2023, 43 adolescentes foram inseridos em programas com apoio de empresas como EDP, Farmácia Santa Lúcia, Cesan, Metalvix. Em 2024, o número saltou para 72, com a parceria como Alef Bet, Banco do Brasil, EBSERH. Em 2025, já são 39 adolescentes inseridos em programas de aprendizagem nas redes de supermercados Carone e Extrabom, no Banestes, Rede Gazeta, entre outras instituições.