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Alunos surdos aprovam sarau literário em Libras e se encantam com histórias

Publicada em 01/06/2016, às 17h59

Por Carmem Tristão, com edição de Matheus Thebaldi

Com a colaboração de Maxuel Rodrigues


Carlos Antolini
Sarau literário em Libras Emef Maria José Costa Moraes
Sarau literário para alunos surdos acontecem no auditório da Emef Maria José Costa Moraes, em São José
Carlos Antolini
Sarau literário em Libras Emef Maria José Costa Moraes
Alunos do curso de Letras-Libras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) apresentaram histórias e poesias em Libras

"Como se fosse dinheiro", de Ruth Rocha, "Nas garras do primeiro amor", de Fernando Sabino, e "Cidadezinha cheia de graça", de Mario Quintana, foram alguns dos poemas, versos e contos de importantes autores brasileiros e também de capixabas apresentados a alunos surdos na tarde desta quarta-feira (1º), na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria José Costa Moraes, em São José.

Durante o sarau literário, alunos do curso de Letras-Libras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) apresentaram histórias e poesias em Libras para 20 alunos surdos da rede municipal de ensino e 13 profissionais que os atendem. Foi um momento para a soma de conhecimentos, descobertas e aproximações com produções culturais em Língua de Sinais.

"Ver as histórias em Libras é tão bom quanto ler os livros. O livro tem fotos e ajuda na hora de interpretar. O sarau é bom porque posso assistir a histórias em Libras e posso encontrar os amigos, além de fazer mais amizades. Eu gosto de estudar na minha escola, os professores são ótimos, já aprendi a escrever e agora vêm as outras matérias, mas gosto muito de aprender coisas novas", contou Helena Vitória Oliveira Costa, de 7 anos, aluna da Emef Suzete Cuendet.

Carlos Antolini
Sarau literário em Libras Emef Maria José Costa Moraes
Alunos da rede municipal tiveram a oportunidade de se aproximar das produções culturais em Libras
Carlos Antolini
Sarau literário em Libras Emef Maria José Costa Moraes
Helena e Davi aprovaram o sarau e disseram que o evento foi importante também para rever os amigos

"Eu achei as histórias muito interessantes, são bem contadas e, em Libras, é mais fácil para entender. Eu consigo entender os livros, mas fica complicado sem ter uma interpretação. Eu gosto dos encontros para poder rever os meus amigos. É muito bom ter esse contato", disse Davi Schimidt, de 13 anos, que é surdo e estuda na Emef Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Professores surdos aprovam

"A Literatura é complicada e as histórias precisam de adaptação. É impossível, por exemplo, contar a história da Rapunzel ou os Três porquinhos sem uma adaptação. Cada surdo vai percebendo a história de uma forma diferente, pois cada um tem um jeito próprio de ver o personagem. O visual é muito importante para a compreensão porque o surdo tem o seu jeito de enxergar as coisas. É o visual que os faz entender melhor, tanto é que não desgrudaram o olho de quem contava as histórias em Libras", explicou o professor de Libras da Emef Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo Fábio Pitol, que também é surdo.

"A Literatura é muito importante, mas um livro que provoca emoções no ouvinte, não vai ter o mesmo efeito com o surdo. Para sentir o mesmo que o ouvinte, o surdo precisa de uma adaptação e depois buscar algo visual, tipo um desenho ou alguma imagem para uma melhor compreensão. Só a leitura não passa para o surdo uma emoção, e isso deixa a história sem graça, por isso é fundamental a literatura mostrada em Libras", contou o professor de Libras da Emef Aristóbulo Barbosa Leão Roni Antônio Carvalho, que também é surdo.

Carlos Antolini
Sarau literário em Libras Emef Maria José Costa Moraes
Carlos Antolini
Sarau literário em Libras Emef Maria José Costa Moraes

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