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Paneleiras de Goiabeiras recebem certificado de melhores práticas da ONU

Publicada em 18/05/2011, às 17h49

Por Brunella França, com edição de Deyvison Longui


Tadeu Bianconi
panela de barrro
A associação ajuda as paneleiras na realização do seu ofício: fazer panelas de barro à mão, ao ar livre e coloridas com tanino

As paneleiras de Goiabeiras ganham reconhecimento internacional. Elas acabam de receber o certificado 2010 Melhores Práticas - Prêmio Internacional de Dubai para Melhores Práticas para Melhoria das Condições de Vida, distribuído pela cidade de Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos, e a Organização das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat).

O trabalho realizado pela Associação de Paneleiras de Goiabeiras (APG) foi classificado nas categorias Engajamento Cívico e Vitalidade Cultural, Respeito à Diversidade Cultural, Redução da Pobreza, Geração de Trabalho e Renda, Geração de emprego, Igualdade de Gênero e Inclusão Social, Poderes de decisão para as Mulheres.

Melhores práticas

As iniciativas que satisfaçam os critérios para uma melhor prática são incluídas num banco de dados internacional e acessíveis à pesquisa. As lições aprendidas com as melhores práticas selecionadas são analisadas em estudos de casos e de guias e transferidos para outros países, cidades ou comunidades.

As implicações políticas e lições de melhores práticas são, ainda, incluídas no guia Estado das Cidades no Mundo - Relatório Cidades e no Relatório Global sobre Assentamentos Humanos.

As paneleiras

A APG foi criada, em 1987, no bairro de Goiabeiras, que é um dos mais densamente povoados de Vitória. Seus principais objetivos são afirmar o ofício de oleiro, refletindo uma tradição indígena que se estende por quatro séculos entre os Tupi-Guarani e Una, tribos indígenas, promovendo o desenvolvimento econômico local e preservando a identidade cultural da região.

Atualmente, 120 membros fazem parte da Associação, dos quais 80% são mulheres. O grupo existe para proteger estes trabalhadores, defender seus interesses e proporcionando-lhes condições de trabalho exigidas pelo seu ofício: fazer panelas de barro à mão, ao ar livre e coloridas com tanino, utilizando os recursos naturais de forma sustentável através de técnicas adequadas extrativistas que preservam o meio ambiente.

Educação ambiental

Tadeu Bianconi
panela de barrro
Os principais objetivos da associação são afirmar o ofício de oleiro, refletindo uma tradição indígena que se estende por quatro séculos

Um programa de educação ambiental focado na coleta sustentável do tanino e a aquisição de direitos de extração de argila no Vale do Mulembá também estão ajudando a preservar o ecossistema local.

A sede da Associação têm se tornado uma atração para os turistas em Vitória, tornando-se nacionalmente conhecida pela participação em eventos e ampliando as vendas de seus produtos em vários estados brasileiros.

Além disso, um selo de qualidade foi estabelecido para os utensílios de barro.

Os resultados incluem aumento da produção e maior renda para famílias, com maior valorização deste ofício pela sociedade, e o reconhecimento e valorização da sua auto-estima entre esses ceramistas.

Reconhecimento nacional

Em 2002, esta prática foi registrada no Livro do Conhecimento - Ofício Paneleiras como parte do Patrimônio Cultural do Brasil, e agraciada com o Prêmio Top 100 de Artesanato, em 2006, pelo Sebrae.


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