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Estudante tem infância vazia e escura, mas com um futuro promissor

Publicada em 25/03/2013, às 17h28

Por Alan Rodrigues Costa (akrcostaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Matheus Thebaldi


Yuri Barichivich
Emerson - Centro Olímpico
Emerson voltou aos estudos após ingressar em uma turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Filho de mãe solteira, Emerson não sabe ao certo onde nasceu. Morou no centro de Vitória com a mãe até os nove anos de idade. Foi quando o destino lhe mostrou o lado escuro da vida. A mãe engravidou e teve problemas no parto da irmã caçula. As duas acabaram falecendo.

O menino, sozinho, foi encaminhado a um orfanato. E a partir daí foi difícil ver a luz brilhar. "Eu via meus amigos sendo adotados, escolhidos por famílias, e eu nunca era, por isso não tinha vontade de ficar. Sempre que podia, eu fugia".

Aos 12 anos, resolveu sair de Vitória, virou andarilho e vagou por todo o Estado, além de ir ao Paraná e a Minas Gerais. Foram seis anos de uma vida nada fácil, regada a preconceito social, marginalização, oportunidades escusas e uma vivência da realidade que pouquíssimos brasileiros conhecem, e muitos vivem sem conhecer.

"Ninguém sabe o que é ser acordado no meio da madrugada com chutes ou pauladas simplesmente pelo fato de estar dormindo, querendo descansar". Mas, em vez de lamentar e se entregar ao destino, que parecia nada animador, ele fez disso seu combustível, uma ferramenta para seguir em frente.

"Por anos eu me perguntei o que a rua poderia ter feito comigo e não achava a resposta. Mas hoje ela é clara, e a rua me ensinou muito: sou um homem sem preconceitos algum, amo o próximo. Não quero nem riqueza, nada disso. Quero é enriquecer de conhecimento e de boas experiências, ter um emprego para viver e uma mulher para amar", afirma o jovem.

Hoje, Emerson carrega consigo a certeza de que, se depender dele, as coisas vão acontecer sempre para melhor. Além de estudante da rede municipal, ele trabalha durante o dia como estagiário na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Admardo Serafim de Oliveira, onde é aluno.

"Na Assistência Social e ali na escola estão as pessoas que acreditaram em mim, que me fizeram crer que eu sou capaz, por isso agradeço muito ao diretor, Carlos Fabian, e às professoras e profissionais da escola, à equipe de mobilização estudantil", lembra ele, sem se esquecer dos amigos da rua.

"A sociedade não enxerga, mas a rua está cheia de almas com potencial enorme, que só precisam de oportunidade", conclui.


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