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Espetáculo Elekô marca formatura de alunos do curso de dança afro do Mucane

Publicada em 13/12/2017, às 16h05 | Atualizada em 14/12/2017, às 18h41

Por Leo Vais, com edição de Leo Vais


Divulgação Semc
Curso de dança afro brasileira do Mucane
Alunas fizeram curso de qualificação em dança afro no Mucane

Para marcar o encerramento das atividades do curso de qualificação profissional em Dança Afro Brasileira Cênica do Museu Capixaba do Negro "Verônica da Pas" (Mucane), acontece neste sábado (16), a partir das 19 horas, no Theatro Carlos Gomes, no Centro, o espetáculo de formatura "Elekô: Sociedade de Mulheres Guerreiras", que tem entrada gratuita.

Como sugere o título, o trabalho é uma homenagem às mulheres, entre reconhecidas e anônimas, que batalham e se desdobram em seus afazeres e lutam por um espaço na sociedade, correlacionando suas imagens com as de orixás femininas.

"O curso reafirma a potência do Mucane como um espaço de formação no campo das artes. O método usado na formação das alunas foi consolidado por Mercedes Batista, uma mulher negra que colocou em cena os saberes dos gestuais afrobrasileiros, influenciando as artes cênicas sob diversos aspectos", disse a coordenadora do Mucane, Thaís Souto Amorim.

Cotidiano

"A ideia de falar de mulheres guerreiras surgiu a partir das nossas demandas no cotidiano, das nossas lutas e enfrentamentos numa sociedade machista e racista. O espetáculo foi concebido pensando em diferentes mulheres que fizeram ou fazem parte da luta das mulheres negras, as famosas ou aquelas que convivem conosco no dia a dia", explicou Lucia Novaes, uma das formandas do curso e dançarina do espetáculo.

Trabalho

O trabalho leva para o palco, por meio da dança, o sagrado e o profano, que se entrelaçam implicitamente através das paneleiras e Nanã, Maria Carolina de Jesus e Obá, e de tantas outras personagens femininas, de forma que podemos perceber que a "deusa negra" está presente em todas as mulheres.

O espetáculo é dividido em três atos:

  • Ancestralidade, que trata das representações do passado;
  • Moderno, que trata do mundo presente e aborda a vida repleta de lutas e batalhas no cotidiano;
  • Novos Caminhos, que trata da resistência e persistência, a garra e o empoderamento diante das adversidades e do futuro.
Divulgação Semc
Curso de dança afro brasileira do Mucane
Danças afros resgatam valores culturais e autoestima do povo negro

Formação

Para as alunas do curso, a experiência é uma oportunidade de afirmação e conhecimento da cultura afro. "As danças afros são identidade, força, luta e resistência de toda uma cultura de pretos que aprendem a vencer os desafios do racismo de marca e velado no Brasil. As danças afros resgatam valores culturais e autoestima do povo negro. Dançar representa dizer a importância da cultura africana para seus filhos da diáspora no Brasil e, principalmente, no Espírito Santo", disse a formanda Sarita Faustino.

Para a aluna Lucia Novaes, é importante dar visibilidade à cultura afro, já que a maioria da população do País é constituída por negros. "A dança afrobrasileira é um instrumento potente nesse processo, pois possibilita que nossas crianças e adolescentes se percebam belos e valorosos. O curso me possibilitou ampliar meu olhar em relação à dança e a todos os elementos que fazem parte desse contexto".

Curso

O curso de qualificação profissional em Dança Afro Brasileira Cênica oferecido pelo Mucane tem duração de dois anos. A metodologia se baseia no trabalho desenvolvido pela coreógrafa, pesquisadora, professora, produtora e bailarina clássica Mercedes Batista, precursora da Dança Afro Brasileira Cênica, que aproxima as danças dos orixás às técnicas da dança moderna.

Mercedes Batista, formada em balé clássico, fundamentou seu método/sistema através de estudos e pesquisas com o artista, intelectual, ativista social e defensor da cultura negra Abdias do Nascimento, no teatro experimental do Negro (Rio de Janeiro) nos anos 1940.

Também se aprofundou nos métodos de dança moderna norte-americana, principalmente com a antropóloga e coreógrafa Katharine Dunhame em Nova York, nos anos 1950, sendo a primeira a consolidar um método/ sistema de dança que colocou em cena os saberes multidimensionais dos gestuais afrobrasileiros.

Serviço
Espetáculo "Elekô"
Quando: 16 de dezembro, sábado, às 19 horas
Onde: Theatro Carlos Gomes - praça Costa Pereira, Centro
Classificação Livre
Aberto ao público

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