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Projeto de leitura de escola de Santo Antônio leva alunos até a Bahia

Publicada em 11/06/2014, às 13h13

Por Carmem Tristão, com edição de Matheus Thebaldi


Divulgação Seme
Festa do Livro em Trancoso
Alunos da Emef Alberto de Almeida visitaram a cidade de Trancoso (BA) como parte do projeto "Festa do Livro"

A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original. Albert Einstein tem toda razão. E a teoria do físico pode ser atestada e comprovada na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alberto de Almeida, em Santo Antônio. Lá, o diretor José Cláudio Fardin, amante e pesquisador profissional da Literatura, há seis anos criou a "Festa do Livro", que, a cada ano, causa novas e irreversíveis mudanças entre os estudantes.

Em maio deste ano, "A Carta", de Pero Vaz de Caminha, e os premiados livros de contos "Entre a Espada e a Rosa" e "Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento", da renomada autora Marina Colasanti, embarcaram os alunos da oitava série rumo a Trancoso, na Bahia, na 6ª Edição da Festa do Livro.

Foi uma viagem pela história e literatura, onde todos puderam viver momentos inesquecíveis ao conhecer de perto os fatos e memórias que constituem a Rota do Descobrimento do Brasil, sobre os quais apenas ouviram falar na sala de aula. O roteiro teve ainda a presença da própria autora papeando com alunos e professores e um show quase que particular da cantora capixaba Marcela Lobo.

Mito

"Aqui, nós desconstruímos o mito de que ler é castigo", disse o diretor. E é verdade. Incentivar a leitura como uma porta aberta para um mundo de descobertas inaugurou uma nova era na vida dos alunos da Emef Alberto de Almeida. Tornou-os pensadores e críticos de possibilidades, ampliando o campo do pensamento e desenvolvendo neles o senso analítico e crítico.

Aprendizado

Tudo porque, além de ferramenta para o aprendizado, o diretor José Cláudio fez com que a leitura para esses alunos fosse um ato de amor. E a prova está nas declarações dos próprios alunos.

"Confesso que tive muita resistência para começar a ler 'A Carta de Pero Vaz de Caminha' por causa da linguagem séria e pesada. Mas depois que comecei não consegui parar. Chegava a me desligar do mundo, perdia a noção do tempo enquanto lia. Me senti motivada primeiro porque o diretor me explicou que aquele livro era referente ao primeiro documento oficial produzido sobre o Brasil. Depois, porque quanto mais eu lia, mais palavras novas eu ia aprendendo", disse Thalyta Inácio de Jesus, de 16 anos.

Thalyta lê ao menos 30 títulos por ano e mostra que o projeto extrapolou os muros da sala de aula e da escola. "As merendeiras da escola frequentam a biblioteca no horário livre e uma amiga minha, que não estuda aqui, já me pede recomendações de leitura. Obviamente que já orientei a ler 'A Carta'", contou.

"Foi muito interessante descobrir que Marina Colasanti, além de excelente escritora, é também uma pessoa de grande carisma. Foi legal entender que aprender é também pesquisar. Foi muito importante aplicar na prática o que aprendemos na teoria", comentou Victor Siqueira de Oliveira, 14 anos.

Empolgação

O aluno Bruno Leonardo Sant’ana da Silva, de 14 anos, mostrou-se ser o mais empolgado. Perguntado sobre o que achou da viagem, começou ele próprio a aventurar-se em palavras e pensamentos cheios de reflexão.

"Ganhei meu ano conversando com Marina Colasanti. Ela mais parece uma biblioteca ambulante. Ela tem toda aquela bagagem cultural e é uma pessoa muito descontraída. Conversou conosco sobre o objetivo da nossa viagem e também sobre vários temas atuais. Depois de momentos ricos em contato com a literatura, ainda fomos surpreendidos com a chegada de Marcela Lobo nos presenteando com um show quase particular ao som de excelentes composições da MPB. Eu já estou farto dessas músicas que só denigrem a imagem da mulher. Eu gosto é de cultura. Foi demais!", disse.

"Durante a viagem, eu li uma frase engraçada, que dizia ‘o que acontece na Bahia, fica na Bahia’. Comigo funcionou ao contrário. Eu não fui para lá para me divertir. Eu fui para estudar e aprender. E por isso mesmo vou levar a Bahia comigo para sempre. Até o hoje o melhor investimento que minha família fez em mim", comentou Bruno.

Mensagens

"O mais interessante das obras de Marina Colasanti é que os contos, tão criativos, tem por trás de si mensagens humoradas de combate ao machismo, que nos levam à reflexão. Os contos dela nada têm de óbvios e previsíveis", disse o estudante Marcos Paulo, de 16 anos.

"Ela promove a reflexão e, a partir dela, a mudança de comportamento. A escola toda está orgulhosa desses alunos", completou o diretor.

Festa do Livro

Divulgação Seme
Festa do Livro em Trancoso
Marcela Lobbo falou sobre arte musical e interpretou músicas populares brasileiras para os estudantes

A Festa do Livro é um projeto da Emef Alberto de Almeida que objetiva a formação do leitor autônomo. Em sua 6ª edição, ele contempla a leitura de quatro obras específicas em cada série no decorrer do ano letivo, que são trabalhadas interdisciplinarmente, com direito a viagens interestaduais, explorando locais onde a história de um dos quatro livros foi ambientada pelo autor.

Em 2011, “A Ladeira da Saudade”, de Ganymédes José, levou-os a Ouro Preto, Minas Gerais; em 2012, as obras “1808” e “1822”, ambas do jornalista Laurentino Gomes, levaram os alunos para o Rio de Janeiro, com visitas ao Palácio Real, Quinta da Boa Vista, Biblioteca Nacional, Theatro Municipal, Lapa; em 2014, “A Carta”, de Pero Vaz de Caminha e os livros de contos “Entre a Espada e a Rosa” e “Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento”, da renomada Marina Colasanti, os embarcaram rumo a Trancoso, com a presença marcante da autora papeando com nossos alunos e professores.

A música também se fez presente com a presença indispensável da cantora capixaba Marcela Lobbo, que falou sobre arte musical e interpretou músicas populares brasileiras.


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