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Escola da Vida: "Formiga" supera dificuldades, dá aulas e busca aposentadoria

Publicada em 04/06/2019, às 15h02

Por Paula M. Bourguignon, com edição de SEGOV/SUB-COM


Guiomedce Paixao
marcos formiga carteira de trabalho
Marcos Luiz de Castro, de 65 anos, mais conhecido como "Formiga", deixou situação de rua para reconquistar seu espaço
Guiomedce Paixao
marcos formiga carteira de trabalho
Formiga fez questão de tirar a Carteira de Trabalho para garantir a sua aposentadoria

Todos os dias, Marcos Luiz de Castro, de 65 anos, mais conhecido como "Formiga", reescreve sua história de vida. Após ficar quatro anos como pessoa em situação de rua, na tarde desta terça-feira (4), ele conquistou novamente sua Carteira de Trabalho para garantir a sua aposentadoria.

Além disso, atualmente, dá oficinas de Comunicação Visual e Plotagem na Escola da Vida. "É gratificante porque estou criando oportunidades para essas pessoas (em situação de rua)".

O trabalho sempre fez parte da vida dele. "Perdi minha Carteira de Trabalho no Centro de Vitória em 2018. Mas decidi solicitar novamente para garantir minha aposentadoria. Meu primeiro emprego de carteira assinada foi como office boy na Casa Santa Terezinha, em que fazia depósitos em bancos. Depois, no concurso dos Correios, atuei no setor de exportação. Já na década de 80, trabalhei na diagramação dos jornais A Gazeta e A Tribuna. O que mais fascina no Jornalismo é essa dinâmica da notícia. Todo dia é algo diferente", disse Formiga.

Há quatro anos Formiga não vive mais em situação de rua e é assistido pela Rede Escola da Vida. Ele conta um pouco de sua história antes de superar os obstáculos da vida.

Insegurança

"Passei 12 anos viajando pelo Brasil com o projeto 'Catão do Coração'. Ganhei muito dinheiro. Quando retornei para Vitória, meu dinheiro havia acabado. Durante quatro anos, fiquei como pessoa em situação de rua. Ficava em Camburi, próximo ao quiosque 7, em frente ao Hotel Aruan. Dormia em uma Kombi. O que mais sentia era insegurança. Com frio a gente acaba se acostumando", lembrou.

Mudança

Após acolhimento no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Goiabeiras, ele foi encaminhado para o Centro-Pop e para a Escola da Vida. Foi uma guinada em sua trajetória aceitar os serviços da rede socioassistencial de Vitória, como ele mesmo conta:

"A partir do momento que fui para o Centro-Pop, comecei a me inteirar mais sobre como é a vida das pessoas em situação de rua, já que antes o álcool não deixava eu enxergar. Decidi parar na virada de ano. Seis meses depois fui para o Albergue Noturno. Há três meses estou na Casa Lar", disse Formiga.

Família

"Após uma cirurgia de catarata e um câncer de próstata, minha família se aproximou mais de mim. Tenho quatro filhos e não ficamos um dia sem nos falarmos. Família, para mim, é a extensão da pessoa. Nosso bem maior", disse.

Oportunidade

"Sou grato a todos os equipamentos da Assistência Social, por onde passei e onde estou. A Escola da Vida é fundamental para o ser humano, porque atende não só as pessoas em situação de rua, mas aproveita e estimula as pessoas a ter uma nova oportunidade. Assim reescrevi minha vida com aprendizado".


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