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Aula virtual, plantão tira-dúvidas e ligações para manter o vínculo na EJA

Publicada em 09/04/2021, às 12h22

Por Brunella França, com edição de Renata Zacaroni


  • Educação de qualidade

Divulgação Seme
Estudante EJA Alaide Adelaide de Jesus
Mesmo com as atividades presenciais suspensas, Dona Alaíde segue comprometida com os estudos, com o apoio dos professores da EJA.
Divulgação Seme
Atividade EJA
Atividade realizada por alunos do EJA.

Dona Alaide Delaide de Jesus, 78 anos, moradora do bairro Santa Martha, nunca havia estudado. Isso mudou há cerca de três anos. Ela passou a conhecer as letras, a escrever, sozinha, as primeiras palavras, e a iniciar o aprendizado da leitura nas aulas da Escola Fundamental de Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos Admardo Sefarim de Oliveira, com sede em Gurigica, mas que atende em diversos espaços os estudantes da EJA.

Mesmo na pandemia e com as atividades presenciais nas escolas suspensas, dona Alaide segue estudando em casa, com o apoio dos professores da EJA. Com a ajuda da filha, migrou do telefone fixo para o celular. No novo aparelho, por meio de um aplicativo de mensagens, faz parte do grupo de sua turma. Por lá, recebe as atividades, que desenvolve no caderno.

Depois, para a correção, tira foto da atividade feita e encaminha para os professores. Apesar da dificuldade de não estar na sala de aula, que ela prefere, e de um problema de visão que vem se apresentando recentemente, dona Alaide não pensa em desistir.

“Faz quase três anos que eu tô na EJA. Nunca tinha estudado na vida, com nada. A Dani (professora Danielly da Silva Herzog) me convidou pra estudar, conversou comigo, fiquei meio assim, por causa da minha idade, já tinha mais de 70, mas aí eu fui e gostei, tô aprendendo. Graças a Deus, já sei ler, já sei escrever, não muito bem, mas sei. Enquanto Deus me der vida e saúde, vou continuar estudando”, afirmou.

Vínculo

Um dos desafios das atividades presenciais suspensas nas unidades de ensino da rede de Vitória, em virtude do mapa de risco do Governo do Estado, é manter o vínculo entre os estudantes e as escolas. Esse trabalho, as estratégias de como alcançar todos os estudantes, é feito pelas equipes pedagógicas da Secretaria de Educação de Vitória (Seme), das escolas e pelos professores.

Danielly da Silva Herzog atua, desde 2014, como professora da EJA na Emef Admardo. Atualmente, é a coordenadora da EJA por lá. A escola possui 312 estudantes matriculados nessa modalidade, a maioria é de mulheres com idades acima de 50 anos.

“As nossas estudantes não têm acesso à plataforma AprendeVix, todo o nosso contato, que é diário, é via telefone, ou por ligação ou por aplicativo de mensagens. Passamos atividades via WhatsApp, explicamos via mensagem de voz ou por ligação mesmo”, contou.

A professora destacou que, na EJA, nossa busca ativa pelos estudantes não se restringe apenas ao conteúdo didático. “O maior vínculo que buscamos manter com eles é o da vida, perguntamos sobre o agendamento da vacina, sobre como está o contexto da pandemia, a condição alimentar da família. É também tentar amenizar as dores delas. Estão perdendo vizinhas, amigas de bairro. As conversas permeiam também cuidados.”

Na tela

Na Emef Aristóbulo Barbosa Leão, localizada em Bento Ferreira, uma ação dos professores de informática e de artes mudou a relação dos estudantes com a plataforma AprendeVix.

Em um plantão pedagógico virtual, organizado pela equipe da escola, os professores ensinaram aos estudantes como compartilhar as telas deles, todos de celulares. A pedagoga Graciette Fraga, que atua na escola, contou que o momento foi emocionante.

“Na hora em que eles se viram e que nós pudemos vê-los por meio das telas, alguma coisa ali mudou. Os professores fizeram o passo a passo do acesso com o e-mail institucional, como entrar na sala de aula virtual do AprendeVix e então eles descobriram as atividades ali. Escolhemos uma e fizemos juntos. E os professores também se emocionaram porque puderam acompanhar cada estudante desenvolvendo uma atividade”, relatou.

O contato da equipe da EJA com os estudantes também ocorre por meio dos grupos das salas em um aplicativo de mensagens. Além disso, há uma sala virtual que fica aberta por meio de um link, na qual ocorrem os plantões pedagógicos, conhecidos como plantões tira-dúvidas.

“Já fizemos nove plantões pedagógicos e os professores vão entrando, como se fosse uma sala de aula mais descontraída. Recebemos os nossos estudantes e mesmo estando em grupo, tentamos fazer estudo de caso, atendendo individualmente. As atividades no WhatsApp continuam. Os professores encaminham conteúdo explicativo junto com uma atividade para ser desenvolvida. As dúvidas são respondidas nos grupos ou no plantão. Os estudantes resolvem as atividades e devolvem as respostas por meio de fotos”, explicou.

Aula virtual

Outra estratégia para estar junto dos estudantes da Emef João Bandeira, em Consolação, são aulas virtuais com os professores por meio de um aplicativo que pode ser acessado pelo celular. Nessa sala de aula, os professores tiram dúvidas das atividades que são disponibilizadas por meio da plataforma AprendeVix. O encontro virtual ocorre duas vezes na semana.

“Quando não é aula virtual, fazemos aula por telefone, por mensagem. A interação tem sido maior dos estudantes com os professores. O público da EJA precisa muito da mediação do professor. Essa interação é fundamental para a aprendizagem. Uma ligação, uma mensagem no WhatsApp, um recado que chega demonstra que o professor está preocupado com aquele estudante”, destacou a pedagoga Eliane Victor, que atua na escola.


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