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Assistidos do Centro-Pop retomam os estudos na EJA para vencer na vida
Publicada em 28/08/2019, às 13h44
Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi
Com a colaboração de Edlamara Conti
"Decidi retomar aos estudos porque preciso de qualificação para ter um serviço melhor. Primeiro vou fazer o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) este ano e tentar entrar no curso de Segurança do Trabalho para finalizar o meu Ensino Médio. Mas meu sonho é fazer uma faculdade de Medicina", disse Machael Antônio Vidal, de 25 anos.
Ele é um dos assistidos do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Centro-Pop) que integram a turma da modalidade Educação para Jovens e Adultos (EJA) implementada pela Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor Doutor Admardo Serafim de Oliveira no equipamento, em Mário Cypreste.
A ação é uma parceria entre as secretarias municipais de Assistência Social (Semas) e Educação (Seme). Além da oferta dos conteúdos das disciplinas formais, como Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Artes, as aulas para os assistidos são desenvolvidas de maneira interdisciplinar por meio de eixos temáticos do cotidiano, como questões de gênero e étnicorraciais, violência contra a mulher, entre outros.
Incentivo
Machael recebe o incentivo da namorada, Mikellem Pereira Alves, 26 anos, que concluiu seus estudos na EJA da Emef Aristóbulo Barbosa Leão junto ao sistema prisional. "Frequento as aulas para incentivar o Machael. Acredito que a melhora dele também é minha. Acredito no crescimento profissional dele".
Emprego
Há 19 anos sem pegar em um livro, Frankim Ricardo de Paula, 42, fala do desafio de superar todos os dias essa barreira. "Às vezes, vem o desânimo, mas preciso de muita força de vontade para correr atrás do que eu quero. Há muitos cálculos que eu nunca tinha visto, como a aritmética. Espero conseguir um emprego na construção civil".
Aprender
"Encontrei aqui uma oportunidade de aprender a ler e escrever. Quando tinha 9 anos, tive que trabalhar na roça, em Mucurici, e não consegui concluir meus estudos. Estou hoje com 57 e não tem idade para aprender. Depende da nossa vontade", revelou Geraldo Neves Figueiredo, 57.
"Ele (Geraldo) é surpreendente. Porque é dedicado e aprende muito rápido tudo que nós passamos a ele. Quando realizamos as aulas de desenho, ele consegue também reproduzir muito o que ele vê no papel", comentou a professora Sandra Mara Rissari.
Vivência
"Temos uma turma bem diversificada e tentamos suprir as necessidades de todos os assistidos, desde os que estão iniciando a alfabetização até os que estão concluindo o Ensino Fundamental. Como eles têm muita vivência das ruas, a parte oratória deles é excelente. Só precisamos regularizar e formalizar os seus conhecimentos na escrita e leitura para darmos subsídio para conquistarem um emprego ou se desejarem ingressar em uma faculdade", explicou a professora Andressa Neves Batista.
Mudanças
"Por meio da parceria entre Seme e Semas, a Emef EJA Prof. Dr. Admardo Serafim de Oliveira possui uma sala no Centro-Pop que atende pessoas em situação de rua que pretendem retomar os estudos. Isso aumenta a autoestima e possibilita consolidar projetos de mudança de vida. Essas pessoas passam a ter expectativas, seja no trabalho, um curso extra ou uma capacitação no mercado de trabalho. Isso acaba fortalecendo e impulsionando eles a buscar outras possibilidades para superar as ruas. A EJA no Centro-Pop oportuniza a conclusão dos 1° e 2° segmentos do Ensino Fundamental", explicou o coordenador do Centro-Pop, Mauro Motta.