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Conselho debate desafios e vulnerabilidades da população trans em Vitória

Publicada em 14/06/2018, às 18h25 | Atualizada em 15/06/2018, às 11h56

Por Josué de Oliveira, com edição de Josué de Oliveira


Divulgação Semcid
Conselho Municipal de Direitos Humanos
Reunião do Conselho Municipal de Direitos Humanos debateu os dados da pesquisa do Instituto Jones dos Santos Neves

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) traçou o perfil da população transexual e travesti da Grande Vitória. O estudo foi apresentado durante 105ª reunião ordinária do Conselho Municipal de Direitos Humanos (CMDH), que aconteceu no auditório do Centro Integrado de Cidadania (CIC) Zumbi dos Palmares, em Itararé.

Pelo estudo, realizado com 147 entrevistados, foi possível definir os principais desafios e dificuldades que esse público enfrenta no dia a dia em relação a saúde, segurança, educação e outras áreas sociais.

Para se ter uma ideia, foi constatado que a grande maioria considera sofrer um risco muito alto de ser assassinada ou ser vítima de qualquer outro tipo de agressão. Ainda de acordo com o levantamento, 68% dos entrevistados são jovens, com escolaridade baixa, negros e que já sofreram algum tipo de preconceito.

Um dado que chama atenção é que, muitas vezes, a discriminação está dentro de casa. Ao todo, 60% disseram ter sofrido preconceito e 43% sofreram algum tipo de violência no ambiente familiar, seja psicológica, verbal e também física.

Outro destaque preocupante é que dois em cada três entrevistados disseram ter sofrido preconceito ou agressão no ambiente escolar.

Diálogo

A coordenadora de estudos sociais do IJSN, Sandra Mara Pereira, destacou que o Conselho de Direitos Humanos precisa provocar a reflexão e definir quais ações são viáveis para mudar esse quadro que envolve a população trans e travestis.

"Esse relatório isolado não produz efeito na política pública. O grande desafio é fazer com cada um se aproprie dessa informação e pensar o que eu posso mudar para reverter essa situação. Mas qualquer estratégia que se pense tem que ser dialogada com os diferentes atores da sociedade, principalmente aqueles que vivem essa realidade", pontuou.

Reflexão

Durante o encontro, a secretária de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho, Nara Borgo, lembrou as ações que são feitas para esse público. Entre elas, o projeto Ressignifica, que envolve também a população negra e juventude, e também a Feira da Diversidade, onde os artistas LGBTs têm a oportunidade de expor e comercializar seus trabalhos.

Nara destacou ainda a importância de dialogar sobre o tema, principalmente em uma sociedade que, muitas vezes, não quer nem ouvir falar sobre o assunto.

"A partir de agora vamos pensar e refletir ainda mais como a Semcid e o Conselho, que envolve várias secretarias, podem atuar nesse sentido. A gente entende que esse é o caminho, e contamos com o conselho para ajudar nessa formulação e cobrando as políticas para essa população", disse.


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