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Programa Família Acolhedora dá novo sentido de vida e muito amor a crianças

Publicada em 25/04/2019, às 12h50 | Atualizada em 26/04/2019, às 14h06

Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi


Guiomedce Paixao
família acolhedora
Família acolheu o pequeno G. em casa após aderir ao Programa Família Acolhedora

O que as famílias acolhedoras  têm em comum? Ambas dedicam amor, afeto e cuidado aos pequenos.

O objetivo do Programa Família Acolhedora é promover o acolhimento temporário, no período máximo de dois anos, de crianças e adolescentes afastados da família mediante determinação judicial. Esses pequenos viviam em situação de risco pessoal e social e são encaminhados para o programa.

Cada caso é acompanhado e avaliado individualmente pela equipe, incluindo assistentes sociais e psicólogos. Para participar do programa, que é realizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), as famílias interessadas recebem a visita da equipe para entrevistas.

Convivência

Simone e Bruno são casados há 23 anos e têm dois filhos, Enrico, de 15 anos, e João, de 10, e conheceram o Programa Família Acolhedora na paróquia que frequentam, a Santa Luzia, no Barro Vermelho. G., de 1 ano e 3 meses, está morando com a família há dois meses e meio.

“Primeiro acolhemos o D., de quase 2 anos, no ano passado. Agora estamos com o G. Está sendo desafiador. Primeiro porque G. é menor e também porque ele é energia pura e muito ativo. Tivemos que acostumar com isso, porque os meus dois filhos sempre foram mais quietos e não tínhamos a experiência de ter crianças agitadas em casa. Tivemos que aprender com o G. a lidar com essa situação. Ele também está aprendendo a conviver com nosso jeito dentro de casa. Hoje, conseguimos sentar com ele no chão e fazer alguma coisa por mais tempo. É uma troca. Isso é maravilhoso”, disse Simone.

Evolução

"Cada mês que ele passa com a gente é um avanço muito grande na vida dele. Ambos chegaram sem sorrir muito, sem abraçar, sem beijar. Conseguimos desenvolver neles a capacidade de demonstrar e receber afeto. Damos muito estímulo”.

Novas descobertas

“Todo final de semana saímos com o G. Brincamos no prédio, na piscina ou na praia. O mundo do G., que era pequeno, dentro de uma casa, no abrigo, virou um mundão com novas descobertas. No começo, ele tinha até dificuldade de passar de uma textura de piso para o outro, por exemplo. Dificuldade de pisar também na grama e areia. Tudo ele foi aprendendo. Quando você tem filho, é natural ir ensinando. Quando você pega uma criança que viveu em situação de acolhimento, é diferente. Tudo passa a ser novidade".

Amor

“O grande aprendizado do Programa Família Acolhedora é você conseguir amar uma pessoa sem esperar nada em troca. Porque sabemos que um dia essas crianças vão seguir a vida delas e talvez meu marido, meus filhos e eu nunca mais vamos ver e ter notícias. Tivemos muito sorte com o D., já que os pais que o adotaram quiseram nos conhecer. A gente ainda se vê. Com o G. ainda não sabemos o que vai acontecer. Seu futuro ainda é incerto, se vai voltar para a família de origem ou vai para adoção”, explica Simone.

Família

“Família é um grupo de pessoas que se ama, que colabora mutuamente para a felicidade e o desenvolvimento um do outro. Justamente por avaliar que eu sou muito abençoada, achei que eu pudesse dar em troca e oferecer a minha família para alguém que não tem”.

Guiomedce Paixao
família acolhedora
M. recebe amor e carinho de Renata há quase dois meses

História de amor com Miguel

Divorciada, Renata Luciana, 33, e o filho, Pedro, de 15 anos, decidiram acolher o M., de 3 anos. O pequeno convive há dois meses com eles.

"Ter o M. é muito gratificante. Ele complementa a nossa vida e traz felicidade. Ele é muito carinhoso, abraça e beija. Ele veio para somar. M. e Pedro tocam violão juntos e jogam videogame”.

“O M. convive todo final de semana com os meus sobrinhos que moram na Serra: o Lipe, com 4, e a Maria Eduarda, com 3. São todos da mesma faixa etária. São como se fosse primos”.

Estímulo

“Estimulo ele muito com as letras e os números. A rotina do M. é acordar, fazer seu lanche, leite com biscoito, pão ou come o bolo de chocolate, que é seu preferido. Ele brinca muito de pintar, desenhar ou massinha, para estimular sua criatividade. Dou o almoço e minha mãe leva ele para a creche, porque tenho que trabalhar”.

Liberdade

“Quando ele chegou, ele conversava menos e era mais tímido. Agora está mais solto, conversando e perguntando mais as coisas. Está tendo mais liberdade de falar. Sempre foi amoroso e com um sorriso lindo. Minha mãe ele já chama até de avó, porque ela faz todas as vontades dele”, explicou Renata.

“Para ser uma Família Acolhedora, creio que não precisa de nada além do amor. A criança só precisa disso: amor, carinho, atenção, cuidado e afeto”, disse Renata.

"Vai ser difícil desapegar depois. É um sentimento. Mas eu penso que o tempo que o M. está comigo, eu quero proporcionar uma qualidade de vida, passeios e comer pizza e cupcake. A gente inventa, seja jogando futebol. Passamos os finais de semana brincando e se divertindo”.

Futuro

“Espero contribuir para o seu futuro e que ele se torne um adulto mais centrado e mais fortalecido emocionalmente. Espero que esses momentos que estive ao lado dele possam contribuir para ele ter um futuro melhor”, comentou Renata.

Humanizar

"A proposta da Família Acolhedora é humanizar e compartilhar o acolhimento das crianças, sem precisar institucionalizar, sem que ela esteja em um abrigo. A criança acolhida por essas famílias fortalece a convivência familiar e comunitária, sendo muito melhor para seu desenvolvimento cognitivo e emocional”, disse a secretária de Assistência Social, Iohana Kroehling.

Como ingressar

Para se tornar uma Família Acolhedora, é necessário residir em Vitória, ter entre 25 e 70 anos, boas condições de saúde física e mental e não ter pendências judiciais. Além disso, é preciso dispor de tempo para o convívio com a criança ou adolescente acolhido e participar das capacitações e encontros agendados pela equipe técnica do serviço.

Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (27) 3019-8060 ou 99791-7199 ou pelo e-mail familiaacolhedora@fealegria.org.br


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