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Presos pela Lei Maria da Penha passam por palestras sobre violência doméstica

Publicada em 25/03/2019, às 18h05

Por Josué de Oliveira, com edição de Matheus Thebaldi


Divulgação Semcid
Projeto da Semcid com internos
Detentos do Centro de Detenção do Xuri participaram de ciclo de palestras para refletir sobre violência doméstica

Um grupo de 10 homens condenados na Lei Maria da Penha, presos no Centro de Detenção Provisória do Xuri, estão tendo a oportunidade de mudar de vida e refletir sobre seus atos. Eles participaram das palestras do projeto Fala Homem, iniciativa pioneira no Espírito Santo para prevenir e reduzir a violência doméstica.

O primeiro ciclo de palestras de 2019 terminou na última sexta-feira (22). Durante seis encontros, eles tiveram acompanhamento de uma equipe psicossocial e discutiram temas como Lei Maria da Penha, violência, relação amorosa e comunicação não violenta.

A coordenadora do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv), Carla Coutinho, explicou que o projeto já existe desde 2013, mas funcionava com uma outra metodologia.

"Antes, os homens iam até nós, mas, como não era obrigatório, eles iam uma vez e não voltavam mais. Com a baixa adesão, a equipe do Cramsv decidiu ir até eles e fazer esse trabalho dentro do presídio", explicou.

Depois de concluir a turma no Xuri, Carla adiantou que existe um projeto para expandir o trabalho para outros presídios, como os de Viana e Serra.

Divulgação Semcid
Projeto da Semcid com internos
Equipe psicossocial atua no presídio e conversa com homens para que eles não cometam novos atos de violência

Dinâmica

Durante os encontros, além de palestras, os detentos também participam de dinâmicas de grupo, promovidas pela equipe psicossocial do Cramsv, para que eles possam refletir sobre a violência doméstica.

Na última reunião, eles deram depoimento de como a iniciativa vem dando resultados. Um deles, preso após briga com a companheira, disse que agora só pensa em deixar a cadeia para mudar de vida.

"Não quero passar por isso novamente. Quero sair daqui, ver meus filhos e viver em paz". Ele contou ainda que, após participar do projeto, passou a refletir sobre a violência doméstica. "Se fosse hoje, eu não teria feito isso".

Multiplicação

E não são apenas os homens que participam do grupo que são beneficiados pelo projeto. Um deles contou que, quando termina a palestra e volta para as celas, os colegas sempre perguntam o que foi discutido e o tema sobre a violência doméstica acaba sendo multiplicado.

"A gente chega e eles já querem saber como foi. É bom que a gente acaba passando para eles o que aprendemos aqui no grupo", contou.

Após a conclusão da atividade, a assistente social do Cramsv, Fernanda Vieira, afirmou que oferecer esse trabalho é muito importante no enfrentamento à violência doméstica. Ela contou que, durante o encontro, eles tiveram até curiosidade de saber quem foi Maria da Penha, mulher que inspirou a lei.

"Foi uma promoção de diálogo, em que eles puderam compartilhar também seus sentimentos e suas histórias. E o que a gente espera é poder contribuir para que esses homens não venham cometer novos atos de violência", afirmou.


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