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Mucane 25 Anos: resistência e representatividade na história do museu

Publicada em 13/05/2018, às 11h38 | Atualizada em 13/05/2018, às 11h45

Por Leo Vais, com edição de Leo Vais


Divulgação Semc
Oficinas do Mucane
Em 25 anos de existência, o museu preserva a ancestralidade e da visibilidade a produção contemporânea

Criado pelo Decreto 3.527, em 13 de maio de 1993, o Mucane é resultado da movimentação de negras e negros do Espírito Santo cujas lutas por reconhecimento remontam ao período da escravidão.

“O Mucane é o que pode-se dizer de um grande espaço de memórias, de territorialidades de um lugar feito para as gerações de negros, brancos, amarelos e indígenas. A memória é vital para a humanidade, neste sentido o Mucane pode ser um espaço vivo da história, da arte e da cultura negra africana e diaspórica” explica Edileuza de Souza, doutora em Mídia e Educação pela Universidade de Brasília, e foi uma das coordenadoras do espaço.

Nestes 25 anos de existência, além de um espaço de luta, o local preserva a ancestralidade e da visibilidade a produção contemporânea. “O Museu se coloca como este espaço referencial, de produção, diálogo, manutenção, onde nossos métodos de transmissão de conhecimento, são as fontes do real saber” afirma Thaís Souto Amorim, coordenadora do museu.

O Mucane foi um dos primeiros museus com recorte voltado para a memória da cultura negra no Brasil. “Ao ser idealizado como espaço de arte, história e cultura negra ele agrega valores que demarcam num só sentido toda uma trajetória de luta de uma mulher negra que tinha a intenção de tornar possível um espaço de afirmação de identidade, de pertencimento para o povo negro e de forma muito especial para o povo preto Capixaba” disse Edileuza.

Mulheres no Mucane

Nesses 25 anos de existência do museu, a participação das mulheres foi fundamental na construção do espaço. Para a a professora de filosofia e Coordenadora Nacional de Organização do Movimento Negro Unificado, Vanda de Souza Vieira, o Mucane é um local em que a cultura negra é ressignificada, em especial pela participação ativa das mulheres. “No museu, podemos apresentar através da discussão política existente na arte e cultura a nossa negritude em um processo de ressignificação”.

E complementa: “Mostrando que a historia tem diversas visões, entre elas a nossa que precisa ser vista e ouvida. É um dos caminhos pelos quais usando o espaço físico e trajetória de luta das mulheres negras chegaremos a vitória”.

Para Thaís Souto Amorim, coordenadora do Mucane, cada geração se beneficia das lutas e vitórias protagonizadas por outras mulheres negras. “O que nós hoje colhemos é fruto de muita luta de nossas mais velhas e o que plantamos hoje, será colhido também. Espero que as novas gerações sejam oportunizadas a ter escolhas, outras, sempre mais e que cheguemos a um tempo em que tenhamos menos medo, que nossas subjetividades sejam reconhecidas”.


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