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"Emef e Cmei enxergaram meu filho além do diagnóstico", diz mãe de aluno autista

Publicada em 14/11/2017, às 16h51

Por Fabrícia Kirmse, com edição de Matheus Thebaldi


Fabrícia Kirmse
Juan com a professora especializada, professora regente e a diretora da EMEF Ceciliano Abel
Juan Felipe Fchuina tem acompanhamento e apoio das profissionais da Emef Ceciliano Abel de Almeida

Desde bem pequeno, antes mesmo de completar 2 aninhos, a mãe de Juan Felipe Fchuina, hoje com 9 anos, percebeu que ele era diferente. "Eu morava na Espanha, sabia que havia algo diferente no Juan, mas os médicos de lá insistiam em dizer que não era nada. Chegaram até a me culpar pelo atraso no desenvolvimento dele", recorda Ana Paula Fialho da Silva.

Muito preocupada com o filho, Ana Paula decidiu voltar para o Brasil e buscar ajuda por aqui. Uma de suas primeiras medidas foi matriculá-lo em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) em Vitória, o Neucy da Silva Braga, em Maruípe. "Cheguei já avisando à diretora que ele era diferente", contou. Em poucos dias, a própria escola apontou a possibilidade de Juan ser autista e a orientou a buscar ajuda numa unidade de saúde.

Em seguida, ela já foi encaminhada para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). "O olhar atento da equipe do Cmei fez toda a diferença na minha vida e na do meu filho. A partir dali, pude entender o que estava acontecendo e ajudá-lo da forma correta", disse.

Ensino fundamental

Juan tem um grau de autismo considerado grave e precisa de muita atenção em seu dia a dia. Depois de alguns anos no Cmei, ele foi para a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ceciliano Abel de Almeida, em Itararé. Na unidade, como revela a mãe, foi preciso um trabalho dedicado das profissionais para sua nova adaptação. "Era uma nova etapa que começava. Não foi fácil. Foi feito um trabalho realmente de formiguinha para que ele se integrasse à escola", destaca Ana Paula.

Atualmente, Juan se mostra muito adaptado à Emef. Está no 4º ano e conta com a atenção da professora regente, de uma professora especializada, de uma pedagoga e também da diretora da escola, um cuidado que costuma ser adotado na rede municipal de Vitória com as crianças que necessitam dessa atenção especial.

"A escola conseguiu coisas inacreditáveis com Juan. Ele não pegava numa caneta e hoje já escreve algumas coisas até no quadro. Meu filho está lendo. Não sei descrever minha alegria ao ver sua evolução. É realmente incrível e emocionante", comemorou a mãe.

Inclusão

Há um tempo, Juan nem entrava na sala de aula na Emef. Foi preciso persistência das profissionais para incluí-lo na turma, assim como um trabalho de aceitação feito com os colegas de classe.

"Agora ele já socializa, participa bem mais, começou a falar e fazer algumas continhas de Matemática. Está bem até na aula de Inglês. São muitas vitórias", assinala Ana Paula.

Professora especializada que atende Juan, Alba Camporez explica que, juntamente com a professora regente Michele Freitas da Cunha e a pedagoga Fernanda Vilela, busca estratégias para que Juan consiga alcançar o que se ensina em sala de aula.

"A gente monta um plano de trabalho para o aluno especial em paralelo com o que está sendo lecionado em sua turma. A ideia não é que ele apenas esteja inserido na sala de aula, mas, de fato, incluído, avançando no aprendizado", destaca Alba.

Professora regente da turma de Juan, Michele Cunha diz que a escola tem trabalhado não com foco em suas limitações, mas sim em suas potencialidades, e isso faz toda a diferença na evolução da criança. Juan está no integral do Ceciliano Abel de Almeida e a mãe revela que tem sido muito positivo para ele essa presença por mais tempo na escola. "Juan se sente acolhido na escola. Isso tem ajudado muito em seus avanços".

Parceria com a Seme

A diretora da Emef, Carolina Meireles Rosemberg, enfatiza que as unidades de ensino contam com um apoio muito forte da área de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Seme), o que fortalece as ações desenvolvidas nas escolas.

"Os professores contam com formação nessa área, têm total respaldo da Seme na realização de seu trabalho com os alunos especiais. Se há dúvidas, eles encontram ajuda na secretaria", afirma a diretora, que destaca também que muitos pais de alunos especiais têm tirado seus filhos de escolas particulares e buscado escolas municipais de Vitória, justamente pelo cuidado que as unidades têm com esse campo da educação.

Números

Andre Sobral
Educação especial
Cuidados que as unidades da rede municipal de ensino têm com crianças da Educação Especial fazem a diferença

Atualmente, a rede municipal de ensino atende 1.268 estudantes na Educação Especial, sendo 270 com autismo. Os outros estão divididos entre casos de surdez, deficiência visual, deficiência intelectual, altas habilidades e superdotação.

Nada menos do que 315 profissionais especializados se dedicam a esses alunos e passam por formações constantes promovidas pela Seme, sempre com foco em propostas pedagógicas inclusivas, como ressalta a coordenadora de Educação Especial da Seme, Ana Lúcia Sodré.

"Além da formação para os profissionais que atuam nessa área, também buscamos integrar os pais ao processo educativo dos estudantes especiais", pontua.

Gratidão

A mãe de Juan, que costuma compartilhar nas redes sociais vídeos mostrando o aprendizado e os avanços de seu filho na escola, diz que não tem como agradecer por todo o empenho da equipe da rede municipal em fazê-lo se desenvolver.

"A inclusão social começa quando os profissionais enxergam seu filho além das limitações e acreditam nele para além do diagnóstico. Meu filho está sendo alfabetizado, de fato aprendendo, evoluindo, não está apenas matriculado na escola".


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