Prefeitura de Vitória

O alcoolismo é uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem tratamento. Um dos principais desafios para alcançar a reabilitação é o paciente assumir que tem o problema e que precisa de ajuda.

Depois de beber compulsivamente cachaça por 33 dos seus 46 anos de idade e quase perder novamente o emprego, Jocimar Honorato da Costa, classificador de mármore e granito, decidiu aceitar ajuda e se tratar no Caps AD de Vitória. Após 15 dias internado, ele se diz pronto para começar uma nova vida e já faz planos de voltar ao trabalho.

"Estava faltando muito ao serviço, chegava no trabalho com cheiro de álcool. Já nem estava comendo mais, cheguei a ficar 16 dias sem comer. Tenho um bom emprego, um bom salário e uma função de responsabilidade. Era 'o olho da empresa' para garantir a qualidade final do produto polido e quase estraguei tudo. Já tinha perdido empregos antes, meu primeiro casamento ruiu por causa do álcool. Eu era uma pessoa do portão para fora do Caps. Depois que entrei e me desintoxiquei, sou outra pessoa", relatou.

Jocimar conta que a oportunidade veio da própria empresa, que, a princípio, quis demiti-lo, mas avaliou que era preciso dar a ele a oportunidade de se tratar. Marcaram consulta com um médico e este deu o encaminhamento para o Caps.

"Eu não aceitava a ideia de que tinha a doença. Agora admito que tenho o problema. Passei Natal e o Ano-Novo internado no Caps. Todos me trataram muito bem, do segurança à equipe da cozinha, faxineiros e enfermeiros, e tive toda a assistência o tempo todo. Esse serviço é muito importante. Me sinto feliz agora. Passei a minha primeira noite após internação em casa e foi tudo maravilhoso. Preparei até o jantar e não senti vontade de beber", contou.

Jocimar planeja voltar ao trabalho na próxima semana, mas já decidiu que não vai parar o tratamento. "Demorei a admitir que tinha a doença e sei que preciso de ajuda. Tenho apoio da família e da equipe do Caps, não vou desistir. Agora é vida nova".

Jovens

Jocimar é um dos 101 pacientes que precisaram de internação no Caps AD em 2016. Dos 971 pacientes do serviço no ano passado, 316 buscaram o tratamento pela primeira vez. Segundo a diretora do Caps AD, Anelize Nunes Gorza, o álcool é a droga mais comum entre os pacientes. O problema é comum em todas as classes sociais e culturais.

"Embora não haja estatística, a equipe multidisciplinar que atende no Caps percebe que cada vez mais jovens adultos, entre 20 e 30 anos, inclusive universitários, são atendidos no Caps por uso abusivo de álcool".

Segundo ela, o desafio é ouvir a história de cada paciente, de seus familiares e suas fragilidades e buscar reconstruir um novo projeto de vida para o sujeito até que consiga ter condição psíquica para controlar o uso e até alcançar a abstinência.

Como funciona

O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD III) é um serviço que tem a responsabilidade de cuidar de pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas, estando ou não em situação de rua, bem como pela atenção aos seus familiares. Os objetivos são prevenção, tratamento, reabilitação e reinserção social por meio de projetos terapêuticos planejados para cada caso.

Possui oito leitos de hospitalidade noturna, ou seja, de tratamento e acompanhamento 24 horas, para acolher os casos de maior necessidade clínica ou psicossocial, sendo indicada a permanência de até 14 dias corridos, podendo ser prorrogado caso haja necessidade.

Além disso, oferece a atenção diária, modalidade em que o usuário pode passar o dia no serviço e pernoitar em casa, atendendo, em média, 40 pessoas por dia. Oferece ainda grupos e oficinas terapêuticas, atendimentos individuais, visitas domiciliares e acompanhamento de familiares.

Serviço

Público-alvo: pessoas maiores de 18 anos.
Como acessar: diretamente no serviço, de segunda a sexta, das 7 às 20 horas, ou a partir das unidades de saúde do município.
Endereço: o Caps adulto funciona das 7 às 19 horas, na rua José de Carvalho, 404, Ilha de Santa Maria; e o Caps Infantil funciona das 7 às 19 horas, na rua Amélia da Cunha Ornelas, 431, em Bento Ferreira.

Atendimentos realizados em 2016

• Pacientes atendidos: 971
• Pacientes novos: 316
• Pacientes acolhidos nos leitos 24h para desintoxicação: 101